A mulher e a palavra

“Para quem tanto tempo esteve ausente como sujeito da

história, reduzida a uma inferioridade calcada na sua constituição biológica, à mercê de ideologias que a colocaram como um segundo sexo

e a indústria cultural masculina que se encarregou da quase

cristalização das imagens do feminino, não é fácil

recuperar o tempo e construir sua identidade”.

CONSTÂNCIA DUARTE

Muitas vozes foram caladas pela História por várias razões, mas quase nunca justificáveis. Dentre elas estão as de muitas mulheres que, uma vez tendo sido silenciadas ou abafadas por séculos, ficaram ao largo da memória, criando um vácuo que transmite a falsa ideia de que não existiram mulheres atuantes, ou então com tão ínfima influência que não se tornaram dignas de nota.

Tomando como exemplo a história do Brasil, quantos nomes de mulheres são citados na colonização, no movimento da inconfidência? Quantos participaram da abolição da escravatura, exceto a princesa Isabel? Seria ela um ponto isolado? Quantas mulheres são citadas na Proclamação da República, nas revoluções, no movimento pelo voto, nas implicações pelas diretas? Onde elas estavam? Quantas deixaram os nomes presentes em pesquisas e nas invenções mundiais? Tenho certeza de que elas não se preocupavam apenas com os “guizados, pastéis, e na criação dos filhos” como cita Platão.

As mulheres que não se enquadraram aos padrões propostos de comportamento de submissão, sempre sofreram por sua insubordinação. Mas do sofrimento construíram suas “armas”, que para mim, a mais forte delas é a palavra. Elas, através das palavras, uniram-se umas às outras fazendo disso maneiras de tornar a dor um pouco mais suportável. Fez da palavra um instrumento de libertação e de conscientização de seu papel na sociedade, cujas pistas, a História não foi capaz de apagar por completo e que, algumas pessoas também, insistem em encontrarem e trazerem à luz?

Por isso faço do “RECANTO DAS LETRAS” o lugar das minhas palavras... aqui sou livre para usá-las como forma de libertação.

Nalia Lacerda Viana, 07 de março de 2021

Nalia Lacerda Viana
Enviado por Nalia Lacerda Viana em 07/03/2021
Reeditado em 08/03/2021
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