Paulo Freire e a ditadura dos oprimidos

Paulo Freire em seu livro Pedagogia do Oprimido diz que “A violência dos opressores que os faz também desumanizados, não instaura uma outra vocação – a do ser menos. Como distorção do ser mais, o ser menos leva os oprimidos, cedo ou tarde, a lutar contra quem os fez menos. E esta luta somente tem sentido quando os oprimidos, ao buscar recuperar sua humanidade, que é uma forma de criá-la, não se sentem idealistamente opressores, nem se tornam, de fato, opressores dos opressores, mas restauradores da humanidade em ambos. E ai está a grande tarefa humanista e histórica dos oprimidos – libertar-se a si e aos opressores. Estes, que oprimem, exploram e violentam, em razão de seu poder, não podem ter este poder, a força de libertação dos oprimidos nem de si mesmos. Só o poder que nasça da debilidade dos oprimidos será suficientemente forte para libertar a ambos.”.

Excetuando os cacoetes que são comuns nos autores marxistas, com suas redundâncias e frases sem sentido, ele deixa claro que, sob seu julgamento, os oprimidos tem um papel revolucionário na história, qual seja o de libertar o mundo dos "humanos desumanos" ou por outra, tornar os "humanos desumanos humanamente humanos".

Mas uma fatalidade histórica semelhante já foi prevista anteriormente por Karl Marx com relação aos proletários: “A burguesia, porém, não forjou somente as armas que lhe darão morte; produziu também os homens que manejarão essas armas - os operários modernos, os proletários.”.

Usando o estilo vacilante de escrever dos marxistas, podemos dizer que existem diferenças e semelhanças entre as duas situações, pois as diferenças se assemelham nas similitudes e as semelhanças diferem nas diferencitudes.

O proletário é “oprimido pelos opressores”, encastelados na burguesia, a mesma que elaborou os métodos usados para “oprimir os oprimidos" nas escolas.

Então cabe tanto aos proletários como os oprimidos que não são proletários, porque trabalho infantil além de ser crime é desumano, a divina tarefa de transformar o mundo, libertando-o da “opressão dos opressores”.

Contudo, tantos os proletários como os oprimidos não-proletários não tem o devido discernimento para conduzir a tarefa de libertação da Humanidade. É necessário para a condução dos primeiros, a orientação dos desapegados líderes revolucionários e para os segundos, a mão amiga dos educadores portadores da luz revolucionária.

Por sua vez, os líderes revolucionários são iluminados por Karl Marx e os educadores por Paulo Freire. Este buscou sua inspiração em Marx, que não se inspirou em ninguém, porque ele é a própria luz.

No seu Manifesto Comunista, Marx e Engels afirmam que “As leis, a moral, a religião são para ele (o proletário) meros preconceitos burgueses, atrás dos quais se ocultam outros tantos interesses burgueses.”. Eles afirmam também que “A cultura, cuja perda o burguês deplora, é, para a imensa maioria dos homens, apenas um adestramento que os transforma em máquinas.”. E ainda “Acusai-nos de querer abolir a exploração das crianças por seus próprios pais? Confessamos este crime.”.

Seria possível existir um marxista que não seja marxista?

Talvez, com o malabarismo mental que lhes é próprio, algum “pensador de esquerda” afirme isso, mas para quem não vê proveito em enganar a si próprio, a constatação é obvia, Paulo Freire era marxista e seu pensamento seguia os princípios da doutrina.

E para comprovar, o que para mim é um fato, Paulo Freire afirmou em seu livro Pedagogia do Oprimido, “Parta de quem parta, a sectarização é um obstáculo à emancipação dos homens. Daí que seja doloroso observar que nem sempre o sectarismo de direita provoque o seu contrário, isto é, a radicalização do revolucionário.”.

Está claro que Freire não conseguia enxergar o mundo sem ideologias e portando, um método pedagógico teria que atender os interesses “da direita”, os “burgueses”, “opressores” ou dos revolucionários.

Ao prever que “ai está a grande tarefa humanista e histórica dos oprimidos – libertar-se a si e aos opressores.”, tal qual foi previsto por Karl Marx que o Socialismo iria inevitavelmente triunfar sobre o Capitalismo, Paulo Freire deixa claro que qualquer resistência dos “opressores que oprimem seus oprimidos” a seu método pedagógico, constitui obviamente atitude altamente condenável.

Portanto, não resta outra alternativa aos “opressores que oprimem os oprimidos”, se renderem a “Ditadura dos Oprimidos”.

Argonio de Alexandria
Enviado por Argonio de Alexandria em 28/04/2021
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