UM PEDIDO DE PERDÃO DEPOIS DE 37 ANOS

Prólogo

“O meu remorso me consumiu até que resolvi lhe pedir perdão. Perdoe-me. Estou arrependido de mente e coração. Peço desculpas e, com toda sinceridade, contarei aos meus filhos e netos o mal que lhe fiz.". — (SIC).

Fui insensível com você agindo daquele modo, peço perdão pelo meu ato covarde e impensado quando poderia ter gritado e evitado um erro tão grave contra um profissional de seu nível. – Sinceramente arrependido. Assina: xxxxxxxxx Subtenente R/1”. — (SIC).

Foi dessa forma que iniciou sua mensagem de pedido de perdão o hoje Subtenente R/1 xxxxxxxxx, sendo, à época em que servimos juntos, 1º Sargento. Claro que fiquei comovido com seu pedido de perdão. Nunca imaginei que o texto “A VERDADE NÃO É FÁCIL E INCOMODA”, escrito em três fases, e já publicado no Recanto das Letras, fosse tão marcante a ponto de tocar a sensibilidade de alguém.

RECEBI UMA MENSAGEM COMOVEDORA E EDIFICANTE

“Caro companheiro de caserna Wilson: Estou na reserva remunerada. Igual aos demais companheiros dos anos de 1982 a 1988, só fui promovido até a graduação de Subtenente. Sei que você entenderá o fato de eu ter trocado de nome e até nisso me comporto como um covarde. À época eu era 1º Sargento.”. — (SIC).

“Talvez nem mesmo você saiba, mas eu servi na mesma OM que você serviu e acompanhei de perto seu desempenho funcional, não reconhecido por alguns oficiais e graduados, devidamente aliciados, por outros ressentidos e invejosos militares que lhe perseguiram de forma implacável e cruel.”. — (SIC).

“Eu sabia da desditosa reunião para lhe punir. O pessoal da 1ª a 4ª seção, graduados do rancho, do cassino, garagem, enfermaria e até alguns cabos e soldados do NB sabiam da publicação que se realizaria, em Boletim Interno, sem o seu conhecimento. Ao ler o seu texto em três fases intitulado "A VERDADE NÃO É FÁCIL E INCOMODA" me senti não apenas incomodado, mas com um sentimento de culpa e arrependimento muito fortes.”. — (SIC).

“Fui covarde e conivente porque a mim foi dito que você não poderia saber sobre a reunião entre os graduados para lhe prejudicar sem antes lhe ouvir. Infelizmente os “cabeças” desse malefício, como você mesmo escreveu na terceira fase do texto: "A VERDADE NÃO É FÁCIL E INCOMODA", caíram em desgraça socioafetiva, profissional e econômica.”. — (SIC).

“Na segunda fase de seu texto você escreveu com sabedoria: “Alguém lhe disse algo ruim sobre uma pessoa e o deixou em dúvida sobre o caráter dessa pessoa? Você acreditou? Cuidado! O princípio do contraditório é muito importante para dirimir dúvidas.” – Não tive esse devido cuidado! Fui desleal e covarde acreditando estar sendo discreto. Posteriormente vi, quando igual a eles também cai em desgraça, que você não merecia o que lhe fizeram.”. — (SIC).

“Depois que você foi transferido para o Rio de Janeiro o pessoal da 1ª Seção, pelo Noticiário do Exército, ficou monitorando o seu progresso. Qual não foi a surpresa deles e minha quando alguém disse: “O cara já é 1º Sargento e entrou no Quadro de Acesso para ser promovido a Subtenente. Se ele for promovido a Subtenente sairá Segundo Tenente, Primeiro Tenente e Capitão dentro dos interstícios mínimos exigidos”. – E foi exatamente isso que aconteceu! Em apenas nove anos e seis meses você teve três promoções, indo de ST a Capitão.”. — (SIC).

“Estou lhe enviando esta mensagem com um pedido de perdão. Também quero lhe informar que não eram todos contra você. Quem se calou à época, igual a mim, também lhe admirava pela competência, o modo como se uniformizava, na forma respeitosa como tratava os subordinados, pares e superiores.". — (SIC).

"Verifiquei, recentemente, o nº 41, do ANEXO I, do RDE, e comprovei: “Realizar ou propor empréstimos em dinheiro envolvendo superior, igual ou subordinando, desde que auferindo lucro.””. — (SIC).

“Você errou e outros graduados faziam o mesmo na OM onde servimos juntos. Em todas as Organizações Militares há quem empreste ou proponha empréstimos a juros. O erro imperdoável foi lhe enquadrar no nº 40 (mais gravoso e sujeito a uma punição mais severa), do ANEXO I, combinado com o nº 2, do artigo 13, tudo do RDE. Alguém precisava ser o “bode expiatório” para servir de aviso aos demais. Pela subida inveja e ressentimentos de alguns você foi o escolhido!”. — (SIC).

“Desde já lhe autorizo a publicar esta mensagem, com meu pedido de perdão, no seu Blog (Recanto das Letras) sem citar meu verdadeiro nome. No seu excelente texto "A VERDADE NÃO É FÁCIL E INCOMODA" você escreveu algo que me encorajou a este sincero pedido de perdão: “Nossa covardia ou medo em aceitar e seguir a verdade nos paralisa a ponto de aceitar máscaras e engodos que não devem se transformar em um hábito. Precisamos ter consciência de que estamos “disfarçando” o medo de dizer e difundir a verdade. “E conhecereis a verdade e ela vos libertará” — (João 8-32).”. — (SIC).

“Com esse pedido de perdão, concedido ou não, eu me sinto aliviado e já poderei morrer em paz! Deus lhe abençoe pelo que me transmitiu e, principalmente, pelo exemplo de civilidade e profissionalismo exercido quando se omitiu como a vítima dessa cruel vindita. Um afetuoso abraço de xxxxxxxxx – Subtenente R/1.”. — (SIC).

MINHA FORMA DE PERDÃO

Compreender a dor do outro é, na verdade, se ver no seu lugar, é sentir a mesma dor! Quando podemos por um ínfimo tempo perceber o que se passa com alguém, talvez palavras não possam muito bem expressar esse sentimento! Enfim, quando por um instante podemos sentir o que o outro sente, isso nos torna mais solidários, humanos e mais gente.

CONCLUSÃO

Em atenção e respeito ao caro amigo Subtenente R/1 agradeço a oportunidade que me concedeu para lhe perdoar de forma ostensiva, pois já havia feito isso, no meu íntimo, para os outros militares envolvidos e/ou aliciados nessa trama que foi sórdida e medonha.

Perdoei a todos pelo fato de nunca haver me considerado punido, mas sim por servir de instrumento para um vergonhoso propósito mais destrutivo do que construtivo. O perdão é uma das coisas mais libertadoras que alguém pode conceder.

A falta de perdão é como uma pedra amarrada na perna de alguém, que a arrasta para o fundo de um poço sem-fim. Se Deus perdoou os nossos pecados e se nós queremos ser parecidos com Deus, que motivos podemos ter para não perdoar alguém?

A paz que ilumina nossos caminhos exige sete condições essenciais para ser proficiente: verdade, honestidade, disciplina, lealdade, justiça, amor e liberdade. O nobre amigo Subtenente R/1 foi iluminado pela verdade por isso escrevo e confirmo: Eu já o perdoei e a todos os demais militares hoje na reserva e outros falecidos precocemente (Que Deus os tenha sob sua excelsa luz). “E conhecereis a verdade e ela vos libertará” — (João 8-32).”. — (SIC).

O texto “A VERDADE NÃO É FÁCIL E INCOMODA”, em três fases, por uma questão de honra e amor-próprio, precisava ser escrito. Sinto-me aliviado pelas inúmeras leituras do escrito que considerei um desabafo necessário para mim mesmo.

Esse pedido de perdão do excelente militar, hoje na reserva, foi como um refrigério depois de uma vitória alcançada, como o esplendor de uma luta sem trégua pelo reconhecimento de uma conquista. Acredito que os espíritos protetores nos ajudam com os seus conselhos, através da voz da consciência, que fazem falar em nosso íntimo.