HISTÓRIA DO BAIRRO EURICO SALLES - DISTRITO DE CARAPINA - CIDADE DA SERRA - ES - BRASIL E HISTÒRIA DA COMUNIDADE CATÓLICA SÃO PAULO

A parte histórica referente a Comunidade Católica São Paulo é um trabalho realizado em 2018 a pedido da Paróquia São José Operário, com Pesquisa e organização e texto de Clério José Borges de Sant´Anna e do professor de História, Josvaldo Maria dos Anjos.

O Conjunto Habitacional Eurico Salles começou a ser construído pela Companhia Habitacional do Espírito Santo (Cohab-ES), em 1977, sendo aprovado pela Prefeitura Municipal em 10 de agosto daquele ano. O bairro foi construído em uma área de 130.292 metros quadrados, com 427 residências e na região do Planalto de Carapina, na Serra.

As pessoas se cadastravam na COHAB e, entre milhares era realizada uma primeira seleção, contemplando alguns poucos selecionados, com base em critérios de renda familiar. A lista com os contemplados foi publicada no Jornal A Gazeta de Vitória, ocorrendo logo em seguida uma reunião para sorteio e distribuição das chaves das casas. Os primeiros moradores se mudaram nos meses de fevereiro e mar-ço de 1979.

Clério José Borges é morador da Serra, ES, desde 1979, tendo recebido o Títu-lo de Cidadão Serrano, em 26 de dezembro de 1994, título conferido pela Câmara Municipal da Serra, de acordo com o Decreto Legislativo nº 05, de 14 de dezembro de 1994, em proposta da então Vereadora Márcia Lamas, que depois seria em vá-rias ocasiões vice-prefeita e Secretária Municipal de Educação. Clério foi envolvido em lutas comunitárias desde 22/04/1979, sendo um dos organizadores da AMBES, Associação de Moradores do bairro Eurico Salles, tendo sido o primeiro Vice-Presidente. Na Associação de Moradores além de Vice-Presidente, atuou como Dire-tor de Jornalismo e Secretário Geral.

Em dezembro de 1991 foi inaugurada a Feira Comunitária de Eurico Salles, com a coordenação do Vice-Presidente, Clério José Borges e apoio do Presidente Jorge Wilson Pereira. Shows eram apresentados e até um Parque de Diversões foi montado no Ponto Final de ônibus quando em março de 1992, durante quatro dias, foi comemorada a Festa do 13º Aniversário do bairro, com Shows, Corridas de Pe-destres e de Bicicleta e a presença da Banda de Música "Estrela dos Artistas" e do Governador Albuíno Cunha de Azeredo que compareceu no encerramento da festa, no Domingo, discursando em palco colocado no ponto final de ônibus e visitando a Igreja Católica. Em maio de 1992, a Feira Comunitária foi desativada.

No bairro funciona a sede provisória do Clube do Trovadores Capixabas, enti-dade cultural sem fins lucrativos que funciona na casa do presidente Clério José Borges, na rua dos Pombos, 2. Em novembro de 2017, o CTC transformou-se em ACLAPTCTC, Academia Capixaba de Letras e Artes de Poetas Trovadores, sendo constando na Ata de fundação e no Estatuto Social o endereço provisório da enti-dade, como sendo Rua dos Pombos, 2, a chamada Casa Singela, música do Cantor Carlos Bona e letra baseada em trovas de Clério José Borges. Uma placa com a Trova Casa Singela está ao lado do portão de entrada da referida residência.

Em 2000 foi construída a Praça em frente a Igreja Católica São Paulo, com mini palanque, playground, com balanços e escorregador e mesas apropriada para jogos de dama. Segundo o Censo de 1996, realizado pelo IBGE, a população de Eurico Salles era de 2.158. Em 2001, a estimativa era de 2. 500 habitantes. No Jor-nal Tempo Novo de 7 de maio de 2019 consta que segundo o Censo do IBGE em 2010, o número de moradores havia diminuído. Era de 1.311 habitantes, sendo 617 homens e 694 mulheres. O bairro é predominantemente residencial. Existem poucos estabelecimentos comerciais em Eurico Salles, destacando-se o Supermercado São José. Alguns estabelecimentos comerciais que já funcionaram no bairro: a Padaria Trigal da Sra. Lubélia Santos Roberto o Bar e Restaurante Mestre Kuka, de Paulo Sérgio Bonfant, o Paulão e o Bar do Martinelli, hoje Padaria. Também foram desta-ques as doceiras e costureiras do bairro, como Terezinha Gabriel Pantaleão; Cecília Maria Fracalossi; Maria Perovani; Dalva Maria Barbosa e João Bosco Barbosa e Dil-ma Loureiro Leite.

Em 1991, o Destaque era a Academia Penha Moraes, na rua dos Faisões, 10, que trabalhava na comunidade com a prática da atividade física regular, com ginás-tica localizada e Aeróbica Step; Alongamento e Musculação.

No bairro existe uma escola da rede pública estadual, chamada "Belmiro Tei-xeira Pimenta", criada pelo Secretário de Educação José Eugênio Vieira e graças a mobilização da Associação de Moradores através dos seus membros, Jorge Wilson, Clério José Borges e Delson Pereira Aguiar. Eurico Salles já teve uma Escola particu-lar, a "Beija Flor", de Rosiane Moneche.

BIOGRAFIA DE EURICO SALLES

O bairro se limita ao norte com o bairro Nossa Senhora do Rosário de Fátima, hoje denominado apenas bairro Rosário de Fátima e ao sul com o Aeroporto de Vitória, a leste com a Rodovia Norte-Sul e bairro Hélio Ferraz e a oeste com a Ro-dovia Federal 601, que compreende o trecho que vai da frente do Aeroporto até o trevo de Carapina. A BR 601 é a menor Rodovia Federal do Brasil, com cerca de 3,5 km.

Segundo o historiador Renato Pacheco, em notícia publicada no Jornal "A Tri-buna", de 20 de outubro de 2000, Eurico de Aguiar Salles era um advogado. Foi Secretário de Educação durante a interventoria do Governo de Jones Santos Neves, na década de 40. Em 1946, foi eleito Deputado Federal e depois chegou a concorrer ao Governo do estado perdendo a eleição para Francisco Lacerda de Aguiar, o Chi-quinho. Em 1956, o presidente da República, Juscelino Kubitschek, nomeou Eurico Salles, Ministro da Justiça, sendo o primeiro capixaba a ocupar o cargo. Morreu um ano depois de tomar posse.

HOMENAGEM PARA FERNANDA

Por iniciativa dos moradores do bairro e através do então vereador Sargento Valter, a Câmara Municipal da Serra aprovou o nome de Rua Fernanda Fiorot Ferrei-ra para a antiga rua Acauãs, no bairro Eurico Salles, homenageando a Oficial de Jus-tiça e estudante de Administração que foi assaltada e morta em maio de 1998, no sinal da Rodoviária de Vitória. A Lei N.º 2 176 foi sancionada pelo Prefeito Vidigal em 24 de março de 1999. Fernanda morreu aos 22 anos de idade e sempre residiu na rua, sendo filha do casal Ubiratan Ferreira, também Oficial de Justiça e de Ivanir Maria Fiorot, Escrivã Judiciária do Fórum da Serra.

ASSOCIAÇÃO DE MORADORES DO BAIRRO EURICO SALLES

1979 - Por iniciativa do morador Clério José Borges e do morador e Jornalista Hilmar Manoel de Jesus, um grupo de 34 moradores do bairro Eurico Salles (identifi-cados através do livro de atas) reuniu-se com o objetivo de organizarem-se na luta pelas melhorias do bairro recém-inaugurado. Na ocasião foi eleita a 1ª DIRETORIA PROVISÓRIA para a comunidade de Eurico Salles, que ficou assim constituída: Presi-dente: HILMAR MANOEL DE JESUS, Vice-Presidente: CLÉRIO JOSÉ BORGES DE SANT ANNA, Secretário: ANÉSIO OTTO FIEDLER, Tesoureiro: ROBERTO BARCELOS. CON-SELHO FISCAL: Presidente: AMÉRICO GUIMARÃES COSTA, Vice-Presidente: EMILIA-NO DE SOUZA, Secretária: AMÉLIA DA PENHA NUNES; Suplentes: SILVIO POSSAT-TO, IVETE VIEIRA DE SOUZA e NATALÍCIO COSTA.

Além dos nomes retro citados também estiveram presentes os seguintes mo-radores: Beatriz..., Maria Alva Amorim Fiedler, Roberto Tristão Gusmão, Noraldino Rodrigues Teixeira, Rômulo Afonso, Amélia da Penha Nunes, Zenaide Emília Thomas Borges, José Batista Medeiros, Aldair Campos Dias, Sérgio Luiz Medeiro, Marta Ma-chado Pereira, Francisca Roriz Camillato, Maria Júlia Palma Camillato, José Francisco Gomes, Creuza Mendonça Duarte, Cleidenete Firme Gomes, Maria da Penha de Sou-za, Marinete Miranda Costa, Pedro Paulo Azevedo, Rita de Cássia Salles Braga, Luís Carlos Alves, Júlia José do Amaral, Helenise de Vargas Teixeira e Azarias Teixeira. No início a Associação era denominada de "Movimento Comunitário do Conjunto Residencial Eurico Salles".

Dia 28 de abril de 1979. É eleita a Comissão para elaborar o Estatuto do Mo-vimento Comunitário, que ficou assim constituída: Presidente: Américo Guimarães Costa, Secretário: Clério José Borges de Sant Anna, Auxiliares: Amélia Penha Nunes e Ivete Vieira. As primeiras reuniões eram realizadas na Escola de 1º Grau Rômulo Castelo, em Carapina. Nesta mesma ocasião foi sugerido que se estudasse uma área para construção do Centro Comunitário. Dia 8 de janeiro de 1980. A Comissão responsável pela elaboração do Estatuto apresentou seu trabalho e ficou deliberado que o mesmo seria aprovado na Assembleia Geral do dia 19 de janeiro de 1980. Dia 19 de janeiro de 1980. É aprovado o Estatuto do Movimento Comunitário do Bairro Eurico Salles. O Exmo. Prefeito do Município de Serra Dr. José Maria Miguel Feu Ro-sa, presente à Assembleia, entrega oficialmente à Comissão Eclesial da Comunidade o documento de doação da área para construção da Igreja Católica do bairro. O Presidente em exercício Sr. Hilmar Manoel de Jesus comunica que a eleição da Dire-toria Permanente será no dia 23 de fevereiro de 1980.

CHAPA FORÇA E LUTA GANHA A PRIMEIRA ELEIÇÃO COMUNITÁRIA

23 de fevereiro de 1980. É realizada a 1ª ELEIÇÃO DO BAIRRO, com inscrições de 2 (duas) chapas, a saber: "Força e Luta" e "Experiência e Juventude", esta última com Ailson Craveiro para Presidente e Clério José Borges para vice. Após apurado a votação ficou assim a contagem dos votos: 280 votos para a chapa "Força e Luta", 120 votos para a chapa "Experiência e Juventude" e 9 votos nulos, totalizando 409 eleitores.

O Movimento Comunitário do Conjunto Eurico Salles: MC-COEUSA ficou assim constituído com sua nova DIRETORIA BIÊNIO 1980/1982: Presidente: ROBERTO TRISTÃO GUSMAN, Vice-Presidente: JORRIMAR DE CASTRO SERRA, 1º Secretário: CUSTÓDIO ELÍZIO NOGUEIRA, 2ª Secretária: MÔNICA BRAGA RONCHETTI FERRI, 1º Tesoureiro: DALTON JACINTO DUTRA, 2ª Tesoureira: ELIZABETH COTTA DE SOUZA, Diretor (a) Social: DILMA LOUREIRO LEITE, Diretor de Jornalismo: ONÉSIO OTTO FIEDLER, Diretor de Patrimônio: ISMAIL GONÇALVES DE SOUZA. CONSELHO FISCAL: ROBERTO BARCELOS, NAIL DA SILVA DIAS, CARLOS FELIPE LEITE, HÉLIA FIOROTTI GOMES, DJANIRA CHAVES e MARIA AUXILIADORA SANTOS.

COMUNIDADE CATÓLICA DE EURICO SALLES

A primeira preocupação dos primeiros moradores era ter uma área de lazer e a construção de uma Igreja Católica. Para as partidas de futebol foi inicialmente usado, um terreno baldio na região onde hoje está a Avenida Pedro Palácios. Já as atividades religiosas foram iniciadas nas próprias casas dos moradores, nos primei-ros dias do mês de abril. É uma história moldada e construída na força de vontade, na abnegação, na persistência, na dedicação de pessoas e no amor aos ensinamen-tos de Jesus Cristo. Inicialmente, os moradores iam às celebrações na Catedral em Vitória e na Igreja Católica de Goiabeiras. Logo em seguida, alguns moradores co-meçaram a participar das celebrações na igreja de São José Operário, em Carapina, que era a Igreja mais próxima da comunidade.

No Domingo, dia 01 de abril de 1979, ao assistirem pela primeira vez a missa na Igreja de São José e, antes que a celebração religiosa se encerrasse, Padre Luci-ano Marini pediu que os moradores do conjunto Eurico Salles o esperassem para conversar com ele. Eram três ou quatro pessoas somente, entre elas, as senhoras Elia Fioroti Gomes e Ezina Fioroti Polli. Após um ligeiro diálogo, ficou decidido que o Padre visitaria o bairro Eurico Salles no domingo seguinte.

DIA 15/04/1979: É REZADA A PRIMEIRA MISSA NA COMUNIDADE

No domingo, dia 08 de abril de 1979, na Rua dos Curiós, nº 81, casa das ir-mãs Elia e Ézina Fioroti, (foto), o Padre Luciano Mariani realizou uma primeira reuni-ão no período noturno, para conhecer os moradores. Como estava muito quente e havia comparecido um número pequeno, porém expressivo de moradores, o Padre sugeriu que a reunião fosse realizada na rua.

Nessa reunião ficou marcado para o domingo seguinte, a primeira Missa na Comunidade, na casa de um dos moradores ali presentes. Foi escolhida a casa dos moradores Rui Coelho e Graça Andreatta, localizada na Rua das Perdizes, pela fácil localização situada em frente a uma área descampada.

Coube ao Padre Luciano Mariani a celebração da primeira Missa da Comunida-de, no domingo dia 15 de abril de 1979. Assim, a comunidade ficou durante algum tempo realizando os encontros e Missas nas residências dos próprios moradores, até que surgiu a ideia de se construir a primeira igreja do bairro.

A menina Maria Luiza Delarmelina, sobrinha de Marcos Delarmelina, foi batiza-da na casa da Senhora Ezina Fioroti Polli, onde era celebrada uma Missa ainda em 1979.

No dia 03 de dezembro de 1979, o então Prefeito Municipal da Serra, Dr. José Maria Miguel Feu Rosa, assinou a Lei N.º 698/79, aprovada pela Câmara Municipal da Serra, onde consta em seu artigo primeiro: “Fica o Poder Executivo autorizado a doar ao Centro Comunitário do Conjunto Habitacional Eurico Salles, uma área verde com 906,95 metros quadrados para a construção de sua sede. ”

Na verdade, a COHAB, quando da entrega das casas do bairro, já havia desti-nado uma área na Rua dos Colibris para a construção da Sede do Centro Comunitá-rio, chamado então de Centro de Vivência.

A área descrita na lei N.º 698/79, seria uma nova área de Lazer e ficava ao la-do da Rua dos Rouxinóis, onde havia um grande declive e alguns moradores preten-diam aterrar para a construção de uma praça com grande área de lazer.

Logo os primeiros participantes dos Encontros e Missas, principalmente mu-lheres, fortes, convictas de sua fé cristã, identificadas como sendo, Elia e Ezina Fioroti, Graça Andreata, Francisca Roriz Camilato, Dilma Loureiro Leite, Beatriz Bar-bosa Aguiar e Monica Braga Ronchetti Ferri, iniciaram um movimento para que em um pequeno espaço da referida área de Lazer, citada na Lei N.º 698/79 fosse cons-truída Igreja Católica. De imediato a Comunidade Católica se mobilizou promovendo reuniões com autoridades buscando apoio para uma doação definitiva de uma área para a construção da Igreja.

No Livro de Atas do então Movimento Comunitário do bairro Eurico Salles consta que no dia 19 de janeiro de 1980, em reunião Presidida pelo Jornalista Hilmar Manoel de Jesus e Secretariada pelo Vice Presidente Clério José Borges de Sant Anna e, com a presença do então Prefeito da Serra, Dr. José Maria Miguel Feu Rosa foi aprovado em Assembléia Geral dos Moradores, o Estatuto do referido Movimento Comunitário e, na mesma reunião foi entregue oficialmente à Comissão Eclesial da Comunidade Cató-lica, a Lei N.º 698/79. Em discurso proferido na hora, perante a Comuni-dade do bairro Eurico Salles, o Prefeito “Zé Maria” autorizou, de forma verbal que, em uma parte do espaço da referida área de Lazer, fosse construída a Igreja Católica.

Com a autorização verbal do Prefeito realizada em Assembléia Geral do Mo-vimento Comunitário, os moradores iniciam a construção de uma pequena Igreja de madeiras, contando com a doação de compensados de madeira da CST (Compa-nhia Siderúrgica de Tubarão), hoje Arcelor Mittal Tubarão.

Com a união e o trabalho dos moradores, a pequena Igreja de madeira é construída. Um barracão de amor ao próximo e para a honra e glória de Deus pai, Deus filho e Deus Espírito Santo. Era preciso definir o nome do Padroeiro da Comu-nidade. Foi sugerido o nome de São Paulo, por causa da sua conversão comemora-da pela Igreja Católica no mês de janeiro, justamente o mês em que a Igreja de compensados de madeira começou a ser construída e, após a histórica reunião de 19 de janeiro de 1980, onde o Prefeito Municipal da Serra autorizou verbalmente, o uso do local pela Comunidade Católica. A conversão do apóstolo Paulo, que se co-memora no dia 25 de janeiro de cada ano, chamada também de conversão de São Paulo, é, de acordo com o Novo Testamento, um acontecimento na vida de Paulo de Tarso que o levou a deixar de perseguir os primeiros cristãos e tornar-se um seguidor de Jesus.

No começo as dificuldades eram grandes. Alguns moradores insa-tisfeitos com a autorização verbal do Prefeito alegavam que a Lei definia o local como área de Lazer e iniciam movimentos e atividades agressivas tentando intimidar a Comunidade Católica. Ameaçavam colocar fogo nos compensados de madeira. Jogavam bombinhas de festejos de São João na hora das celebrações, tentando promover o caos e o medo, só supe-rados pela firmeza e a certeza de que Deus guia o caminho dos justos e fortalece aqueles que constroem suas vidas na fé e no amor dos ensi-namentos de Jesus Cristo. Celebrações e Missas chegaram a ser realiza-das em Eurico Salles com a presença de uma viatura Policial para dar se-gurança aos fiéis.

A igreja de madeira durou alguns anos e, logo foi iniciada uma mobilização ge-ral para a construção de uma Igreja de alvenaria. Primeiramente a preocupação foi quanto ao aspecto legal. Edificado em área de Lazer havia necessidade de que exis-tisse uma Lei definindo a doação da área para a Comunidade Católica. Primeiramen-te torna-se necessário a aprovação da Comunidade.

No dia 20 de junho de 1981 em Assembléia Geral Ordinária – AGO do Movi-mento Comunitário do Conjunto Eurico Salles, MC – COEUSA, sob a presidência de Custódio Elízio Nogueira é deliberado que a área doada, verbalmente pelo Prefeito em 19 de janeiro de 1980, e que na Lei N.º 698/79, constava como doação ao Mo-vimento Comunitário do Conjunto Eurico Salles, MC-COEUSA, (Centro Comunitário), fosse oficialmente doada para a Comunidade Eclesial de Base da Igreja Católica.

Da doação aprovada pela Comunidade na Assembléia Geral do Movimento Comunitário em 20 de junho de 1981 até a elaboração e aprovação de uma Lei Mu-nicipal se passam quatro anos. No dia 03 de setembro de 1985, é sancionada pelo então Prefeito, João Baptista da Motta, a Lei N.º 936/85, aprovada pela Câmara Municipal da Serra.

A aprovação da Lei é creditada aos esforços de uma grande mobilização da Comunidade Católica e o apoio do então Presidente do Centro Comunitário Jorge Wilson Pereira e sua Diretoria, entre os quais Josvaldo Maria dos Anjos, Clério José Borges, Noraldino Rodrigues Teixeira, Delson Pereira Aguiar, Paulo Albano Teixeira, Magnólia Pedrina Sylvestre, bem como Custódio Elízio Nogueira.

A referida Lei N.º 936/85, de 03 de setembro de 1985, estabelece em seu ar-tigo 1º que, “é considerada descaracterizada como área verde do Loteamento aprovado para o bairro Eurico Salles, uma faixa de terreno com as seguintes dimen-sões, características e confrontando-se: frente voltada para a Rua dos Rouxinóis, onde mede 41,00 metros, lado direito confrontando-se com Área Verde, onde mede 22,00 metros. ” (...) O referido artigo especifica outras dimensões da referida área.

Já o Artigo 2º da referida Lei de 1985 consta, “fica o Poder Executivo autoriza-do a doar o terreno descrito no artigo anterior, à MITRA DIOCESANA, com a finali-dade específica de nela ser edificado o Templo da Igreja Católica Apostólica Roma-na do bairro Eurico Salles. ” O Artigo 3º e último, diz o seguinte: “Esta lei entra em vigor na data de sua publicação, revogada as disposições em contrário e, princi-palmente, a Lei 698, de 03 de dezembro de 1979”.

Com a autorização legal, por força de Lei Municipal é iniciada a construção da Igreja de Alvenaria, com muitos materiais doados por várias empresas do setor de construção e mármore do município da Serra. Justo se torna a destacar o traba-lho de alguns moradores do bairro Eurico Salles, já falecidos como, Geraldo Telles e Juarez Panetto, que em muito colaboraram no transporte dos materiais para a co-munidade.

Também, durante a construção da Igreja em alvenaria, foram marcantes e expressivas as colaborações das pessoas de Osmar Elias Rover e sua esposa Fáti-ma Poleze, Aderano Polesi, Josvaldo Maria dos Anjos, Paulo Lengruber, João Batista de Medeiros, o Tio João, Anselmo Cott, os irmãos José Marcos Delarmelina, Luiz Alberto Delarmelina, também Antonio Jacinto Rabbi, o Tony e Cecília Maria Coan Rabbi, Cristina Izabel Coan, Ivanir Maria Fiorot, Beatriz Barbosa Aguiar, Luzia Ester Doná.

Segundo Luzia, praticamente a brita e a areia usada na obra foram fornecidas pelo Senhor Fernando Vivacqua. Registros históricos informam que coube ao padre Alessandro Preda realizar a primeira missa na igreja de alvenaria em 1986.

No dia 15 de março de 1992, um domingo, durante os festejos comemorati-vos do 13º Aniversário do bairro Eurico Salles o Governador do Estado, Albuíno Cu-nha de Azeredo participa da festa e assiste Missa na Igreja da Comunidade São Pau-lo, onde inclusive fala para a Comunidade.

Em 19 de dezembro de 2002 é realizada Assembléia Geral Ordi-nária AGO da Associação de Moradores sendo autorizado nominar como "Praça dos Pássaros" a Praça principal do bairro Eurico Salles, ficando, pois, oficialmente, o prédio da Igreja Católica localizado em frente a Praça dos Pássaros de Eurico Salles.

Padres que se destacaram no atendimento espiritual da Comunidade São Paulo de Eurico Salles: Luciano Marini, Adwalter Antonio Camielli, Roberto Sottara, Luigi Andriollo, Datres Ezio, Savério Paolilo (Xavier), Antonio Lazzarini, Pedro Settin, Rob-son de Castro Cunha, Carlos Faggioni, Elio Savóia, Alessandro Preda e Joaquim Pinto da Fonseca.

Principais Colaboradores da Comunidade São Paulo Apóstolo a partir de 1985:

Cecília Maria Coan Rabbi, Cristina Isabel Coan, Antonio Jacinto Rabbi, Izabel Marchezi, Iza Ferreira, José Antônio de Almeida, Beatriz Santos Cruz Giostri, Luzia Ester Doná, Odila Fachetti, Dalva Lemos da Silva, Mirtes Maria Rolla Teles, Luminá-ria Lopes Renon, Alba Nolasco Fedulo, João Novaes Fedulo, Maria da Glória Pero-vano de Bortoli, Edna Sperandio Cott, Carlos Messias da Silva, Rosane Jacob da Silva, Barbarina Elena Fardin a Dona Bela, Helena Brandão Silva, Ignácia Kaiser, Glyonia “Oninha” da Cruz Soares, Fábio Pereira da Silva, Renivaldo Ferreira Gomes, o Paulista, Fábio Santana e Luciana Regina Gomes Neumam.

Na construção de um texto histórico o maior número de informações acaba construindo todo um leque de atividades desenvolvidas. Assim alguns registros com informações variadas: Roger Poleze Rover, Clerigthom Thomes Borges, Cleberson José Thomes Borges foram alguns dos primeiros batizados na Igreja de alvenaria. Felipe Coan Rabbi foi batizado pelo padre Adwalter Antonio Camielli, e Fernanda Coan Rabbi pelo padre Antonio Lazzarini.

Primeiros Casamentos: O primeiro casamento em nossa Comunidade foi do casal Rui Coelho e Graça Andreatta. Já Ezina Fioroti e Arlindo Polli casaram na Co-munidade São Paulo no dia 25 de maio de 1985, tendo como celebrante o Padre Antonio Lazzarin (Tonino). Também casaram na Comunidade São Paulo, Valdete Fioroti e José Carlos de Oliveira. O casamento de Leandra Aguiar e Clério Brito aconteceu no dia 08 de janeiro de 1991. Outros casamentos realizados na Comuni-dade São Paulo Apóstolo foram de: Lander Alpohin Simões e Fernanda Marchezi Sant Ana. Fábio José de Moraes e Cristiane Silva Lopes; Martha Luzia Chagas e Nil-so Gustavo de Souza; Hudson Constantino Pontes e Caroline Perini Lima.

O casamento de Lúcia Helena Christo da Silva e Gilberto Macedo da Silva foi realizado no dia 18 de novembro de 2005, celebrado pelo padre Roberto Camilato, do santuário de Santo Antônio, convidado especial e devidamente autorizado pela Paróquia. O primeiro casamento duplo, com dois casais de noivos e, mais de 20 padrinhos foi dos casais, Franklim Dantas Oliveira e Sheila Nascimento Vieira e Cleri-gthom Thomes Borges e Andréia da Silva Fraga e, foi no dia 04 de Junho de 2011, celebrado pelo Padre Pedro Settin.

Algumas solenidades de Bodas de Prata (aniversário de 25 anos de casados) foram realizadas na Igreja da Comunidade São Paulo. Em 17 de Fevereiro de 2004 a cerimônia foi do casal Clério José Borges e Zenaide Thomes Borges, com celebra-ção do Padre Pedro Camilo, convidado especial do casal e devidamente autorizado pela Paróquia, sendo a Dirigente leitora comentarista foi a Senhora Iza Ferreira.

O casal realizaria em 17 de fevereiro de 2016 uma nova celebração, Bodas de Pérola (30 anos de casamento) com celebração do padre Pedro Settin tendo como dirigente leitora comentarista, Fernanda Coan Rabbi.

O casal, Antonio Jacinto Rabbi, o Tony e Cecília Maria Coan Rabbi realizaram também uma cerimônia comemorativa dos 25 anos de casados (Bodas de Prata) em nossa Comunidade no dia 31 de dezembro de 2010, com celebração do padre Robson de Castro Cunha, leitura de Clério José Borges, com salmo cantado pelo casal Cidimar e Geovana Bonadiman e como dirigente leitora, Cristina Isabel Coan.

FESTA DE CORPUS CHRISTI

Desde 1993 os moradores do bairro Eurico Salles, na Serra enfeitam as ruas com flores, pó de café, casca de ovo e outros materiais coloridos. São feitas figu-ras religiosas, formando tapetes, por onde no período da tarde do dia de Corpus Christi, passa a procissão em honra ao Corpo de Cristo, representado na hóstia consagrada. No início era só a Comunidade local de Eurico Salles, que fazia a festa. Nos anos seguintes, as comunidades eclesiais de Santa Rita e Nossa Senhora da Saúde, de Boa Vista e Santa Luzia e São Benedito, do bairro de Jardim Carapina, além de todas as comunidades da Paróquia São José Operário. Todos ajudam na confecção dos tapetes. Mais de três mil pessoas chegam a participar anualmente da procissão e da missa realizada em Eurico Salles.

Coroação de Nossa Senhora realizada em maio de 1982. A esquerda do lado de Nossa Senhora, Lucia Helena Christo da Silva e atrás da santa, Fernanda Fiorot, filha da Senhora Ivanir Maria Fiorot.

Na quinta-feira, dia 14 de junho de 2001, da Festa de Corpus Christi (Corpo de Cristo), na comunidade de São Paulo, do bairro de Eurico Salles foi realizada com o apoio da Paróquia São José Operário e participações de várias outras comunidades, entre elas, Jesus Nazareth, da Praia de Carapebus e Comunidades católicas de Boa Vista, André Carloni, Jardim Carapina, Bairro de Fátima, numa celebração iniciada às 14 horas e que contou com a presença de uma Caravana Especial vinda do interior de Minas Gerais.

Na época a paróquia São José Operário possuía Comunidades desde o Bairro de Fátima até Cidade Continental e Praia de Carapebus. A Missa de 2001, na Praça de Eurico Salles, em frente a Igreja Católica, foi presidida pelo Padre Savério Paolil-lo, da Paróquia de São José Operário. O Padre Italiano Savério, palavra que no Bra-sil significa Xavier é natural da cidade de Puglia, Itália, estando no Brasil há vários anos. Em sua homilia o Padre Savério (Xavier) combateu a violência, o tráfico de drogas e a necessidade de respeito para com a Eucaristia, defendendo também os valores éticos e morais da família. O evento contou com Missa e procissão pelas principais ruas do bairro. Além do enfoque social, os organizadores ilustraram o tapete com figuras religiosas. Fome, desemprego, moradia e eucaristia foram os temas mais usados, elaborados pelas Pastorais: Saúde, carcerária, entre outras.

Em 2001, a festa contou com a animação da Banda e Coral da Comunidade de Jesus Nazareth em conjunto com o Ministério Diálogo com Deus e Providência Divi-na, de Cidade Continental. Segundo Antônio Jacinto Rabbi, a ideia da construção do tapete pelas principais ruas do bairro foi de um grupo de jovens em 1993 e, a Co-munidade Católica encampou a sugestão que foi também aderida pelas demais Co-munidades da Paróquia São José Operário, cuja sede está localizada no Rosário de Fátima, em Carapina.

Vitor Luiz Rigoti dos Anjos, em entrevista a Imprensa na época da festa, em 2001, afirmou que a participação das comunidades na confecção dos tapetes, na procissão, na Missa e nos cânticos tem aumentado ano a ano. Disse também que o mais importante foi à participação de crianças, adolescentes de outros bairros que se integraram aos da comunidade de Eurico Salles para conhecer o processo de organização da festa e posteriormente implantar festa idêntica em seus bairros, como já aconteceu com o bairro de Jardim Limoeiro que anos atrás realizou a cons-trução de um tapete com base no que aprendeu em Eurico Salles.

Segundo a moradora Zenaide Emília Thomes Borges, a integração dos jovens com os adultos na iniciativa de construção do tapete para a Festa de Corpus Christi pode vir a contribuir para a queda dos altos índices de criminalidade do Município da Serra. Na época as comunidades iniciavam os trabalhos de construção do tapete por volta de 19 horas da quarta-feira, dia anterior à procissão, sendo usada a poei-ra de minério, pó de pneu, areia com xadrez colorido, pó de serra, casca de ovo juntada pelos moradores ao longo do ano. Jovens, crianças, senhoras e homens ficaram até 3 horas da madrugada construindo o tapete por cerca de 1.500 metros pelas principais ruas do bairro, destacando-se as ruas dos Faisões, Colibris e Fer-nanda Fioroti, antiga rua dos Acauãs. O Coral e a Banda da Comunidade Jesus Na-zareth apresentaram-se sob a coordenação dos irmãos Ismar, Ilane e Isamar Cor-reia Duarte, do bairro Praia de Carapebus. Após a missa na Praça de Eurico Salles, em frente a Igreja São Paulo, uma procissão percorreu as ruas Curiós, Colibris, Fer-nanda Fioroti, Uirapurus, passando pela rua dos Pavões, Faisões, retornando à rua dos Rouxinóis, onde está localizada a Igreja.

Segundo o escritor Clério José Borges, no seu livro “História da Serra”, a cele-bração de Corpus Christi é uma festa religiosa realizada na primeira quinta feira de-pois do Domingo da Santíssima Trindade, quando se comemora a institucionalização da Eucaristia. A festa foi oficializada pela Igreja em 1264 e São Tomás de Aquino foi um dos seus ardorosos defensores e divulgadores. O objetivo da comemoração é resgatar a entrada triunfal de Jesus Cristo em Jerusalém, dias antes de ser crucifica-do. A festa marca a introdução da Eucaristia nas Missas. A palavra “Corpus Christi”, é de origem latina e significa “Corpo de Cristo”, que nas celebrações da Igreja Cató-lica, está representado pela hóstia consagrada, a Eucaristia, o pão e o vinho. Se-gundo noticiário do Jornal Nacional, da Rede Globo de Televisão, do dia 14 de junho de 2001, a construção de tapetes coloridos e com flores para a passagem triunfal da Eucaristia é uma tradição surgida na Bélgica no século XIII. Em 1995 outros bair-ros da Grande Vitória, organizaram os seus tapetes, seguindo os exemplos do bair-ro Eurico Salles, da localidade de Paraju e da cidade de Castelo – ES, onde a festa é realizada desde 1964.

A Comunidade São Paulo realizou a Festa até por volta de 2010, não sendo mais realizada nos anos seguintes, até que em 2016 foi reativada de uma forma mais simples, porém bastante participativa com moradores e Comunidades partici-pando deste evento Cristão que renova e reforçam a fé.

Foto 01 – Celebração no patrimônio Histórico em 03 de setembro de 2017.

Foto 02 – Celebração da Via Sacra no dia 11 de março de 2016.

ORGANIZAÇÃO DA COMUNIDADE SÃO PAULO EM 2018

A Comunidade São Paulo em 2018 estava estruturada com vários serviços, en-tre os quais, as Equipes de Batismo, com coordenação de Arcízio da Silva e a Cate-quese com Luciana Regina Gomes Neumam.

Há também a Pastoral Familiar que trabalha na preparação de noivos para o Casamento, com coordenação do casal Clério José Borges e Zenaide Emília Thomes Borges e a Dra. Magnólia Pedrina Sylvestre e a Pastoral da Pessoa Idosa com as pessoas de Josvaldo Maria dos Anjos, Ivanir Maria Fiorot e Adélia Tavares Dias.

A Equipe de Canto é composta das seguintes pessoas: Andressa Bolsoni, Ga-briel Souza Lima, Mariana Paraíso, Arcízio da Silva, Anny Mazioli, Cidimar Bonadi-man, Geovana Bonadiman, Jholine Bonadiman, Felipe Sarnaglia, Vitor Rigoti dos Anjos, Luiz Fernando Sperandio e Ramon Gomes dos Santos. O Dízimo e Tesouraria com a coordenação de José Geraldo Giostri. Existem dois Grupos de Círculo Bíblico, coordenados por Cecília Maria Coan Rabbi e Odila Fachetti. O Grupo de Oração é coordenado atualmente por José Marcos Delarmelina.

A Coordenação geral é da professora Luciana Regina Gomes Neumam.