ESSE FOI O MEU TEMPO

Sou do tempo em que sim era sim e não era não. Tempo que os pais diziam e nós obedeciamos. Eles olhavam e sacavamos que era hora de sumir de vista.

Tempo em que brincávamos na rua todos juntos e misturados e não havia abuso, nem essa palavra fazia parte da nossa turma.

Tempo dos parques de lotes vazios, a música era apenas dois tipos internacionais ou sertanejas. Tempo do disco na vitrola, com um som cada dia mais aprimorado, tempo do CD.

Tempo que amigos se encontravam para bater papo no fim da aula, fim de semana e iam uns às casas do outros. Tempo do café com bolo, bolacha e leite com café-quente, é claro.

Sou do tempo do chuchu na rama, do abacate pego no pé pelo colega mais corajoso que subia e nós ficávamos lá em baixo para receber de quem jogava com um jeito todo especial para não cair e rachar.

Tempo que açúcar não fazia mau, leite em pó era para roubar encher a boca e fugir da mãe.

Tempo que não voltará , que ficará na nossa memória e nos ensinou a não ter depressão, nem angústia na infância.

Que amigos são mais que parente e que família se mistura. Tempo que olhávamos nos olhos, nos conhecia pelo andado e comer na casa do outro era privilégio.

Tempo que notícia corria e não voava, tempo que contávamos com o outro e não havia recado muito rápido. Que saudade se matava no abraço.

Tenho saudade desse tempo, mas tempo hoje é outro o que cabe é apenas a lembrança de um tempo cheio de esperança e que hoje ficou na lembrança para apenas ter certeza que cada um vive o seu TEMPO.

Não tenho vergonha nenhuma de dizer que entre hoje e ontem era muito melhor o meu tempo. Passear na praça de mãos dadas, olhar com desejo que o tempo não passe.

Esperar o carteiro passar, olhar no relógio para saber a hora do ônibus encostar. Amo meu presente, adoro meu volante amigo inseparável. Mas as saudades de outros momentos são melhores que o hoje separado de muitos e ligados por um celular com milhares.

A rua não era de carros estacionados nem para eles virem desorientados. Era nosso lugar de terminar os afazeres e ir jogar bola, brincar e barulhar.

Apenas saudades porque esse tempo nunca mais voltará. Só que esse era o meu tempo.

Até a próxima...

Leticia Carrijo
Enviado por Leticia Carrijo em 25/07/2021
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