Não se politiza tragédias humanitárias e nem a dor alheia

Tenho visto centenas de posts nas redes sociais, especialmente sobre a retomada de poder do Talibã e a saída desastrosa dos norte-americanos do Afeganistão. Mas, o que me incomoda nessas postagens é que elas não possuem o mínimo de preocupação humanitária: são, simplesmente, de cunho político e fanatismo ideológico.

Se as pessoas que estão postando e fazendo política sobre o Afeganistão tivessem um mínimo de humanidade estariam dando ênfase, também, ao atentado e ao assassinato contra o presidente do Haiti, Jovenel Moise, e mais um grandioso terremoto que matou centenas de pessoas no país. Esse segundo episódio ocorreu na mesma semana da saída norte-americana do território afegão.

Se fosse preocupação humanitária, estariam preocupados com a interminável guerra na Síria que teve início em 2011 que, em 10 anos, nunca cessou e matou mais de 500 mil pessoas, a maioria civis.

Onde está a preocupação humanitária com os 15 milhões de desempregados no Brasil? Com as nossas gritantes desigualdades sociais? Com a vexatória concentração de renda que deixa à míngua nosso povo sofrido e desalentado?

Contudo, os discursos dos desumanos politiqueiros tem por base a falácia de que o Brasil se tornará, no futuro, um Afeganistão, demonstrando, assim, um claro desconhecimento histórico e social sobre as duas nações, ou seja, a trajetória do Brasil – ex-colônia portuguesa e o maior país católico do mundo – e do Afeganistão – país localizado no Oriente Médio, de maioria absoluta islâmica e imerso em guerra há décadas desde a Guerra Fria, quando pertencia ao grupo de países com influência da antiga União Soviética.

Esses discursos também querem culpar Joe Biden, o atual presidente dos EUA, se esquecendo ou não sabendo, claramente, que quem assinou o acordo da retirada norte-americana do Afeganistão foi Donald Trump, em 2020, acordo este assinado com o Talibã em Doha, no Catar.

Deixo claro que as motivações dos discursos políticos envolvendo o Afeganistão, advém do fanatismo político, com altas doses de preconceito, desconhecimento histórico e escassez de humanidade.

Não se politiza tragédias humanas. Não se politiza a dor alheia. Não se ideologiza o sofrimento humano.

Que não sejamos insensíveis e inertes ao sofrimento humano e, muito menos, utilizá-lo-emos com fim político-ideológico!

Respeite a vida. Solidarize-se com outros povos. Sensibilize-se com as tragédias que acometem a humanidade de tempos em tempos. Atualize o significado de compaixão em sua vida.

Acioli Junior
Enviado por Acioli Junior em 24/08/2021
Reeditado em 28/02/2022
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