Uma República Temporária Fasci-Teocrática ou A face teocrática do Estado brasileiro e os sindicatos

Tenho-me sentido muito triste ultimamente. Hoje somos uma república dominada por Gangues. Voltamos à Chicago dos anos 30 ou a Alemanha na mesma década. Mas no Brasil há uma forma peculiar de se exercer o poder temporal. Aqui, esse arremedo de direita que governa a nação age com as bênçãos do Nosso Senhor Jesus Cristo.

Interessante que essas Gangues usam o nome do judeu crucificado como um simples boneco propaganda para justificar o acúmulo de suas insaciáveis riquezas materiais, mesmo que seja à custa do sofrimento de inúmeros fieis.

Desempregados, aposentados, operários, trabalhadores, executivos, empreendedores e outros frequentadores dessas novas igrejas, estão esvaziando cada vez mais os sindicatos. Uma substituição macabra que parece nunca ter fim.

Em seu discurso em 24 de Março de 2021 Biden, disserta a importância dos sindicatos na História da América anglo-saxônica, atribuindo a eles um dos construtores do país: “Os Estados Unidos não foram construídos por Wall Street, foram construídos pela classe trabalhadora, e os sindicatos construíram a classe trabalhadora. Os sindicatos colocaram poder na mão dos trabalhadores. Eles nivelam o jogo”. Confira:

>https://www.youtube.com/watch?v=XcmV-t2APng<

Acessado em 02/05/2021

Numa entrevista à RVTV no evento Show Rural 2018, um encontro do Agronegócio na cidade de Cascavel Pr. Bolsonaro deu a seguinte declaração: "De preferência tem que acabar com os Sindicatos no Brasil, uma desgraça o Sindicato no Brasil" – Confira:

>https://www.youtube.com/watch?v=vWUrvZOORgk<

Acessado em 02/05/2021

Há uma diferença abissal no modo de conduzir as políticas sociais, entre as duas nações.

Um trabalhador sem classe é algo assim tão solitário como aquela última palmeira seca de um oásis abandonado dissolvendo na área do deserto capitalista.

A falta de se colocar de forma consciente de seus direitos perante o opressor, o torna um trabalhador com classe, e um trabalhador assim somente é forjado na têmpera de um sindicato.

Enquanto os sindicatos tornam a classe trabalhadora o centro do poder econômico e de sua história, consciente de seus Direitos e da mudanças de paradigma, os templos entorpecem e alienam, conseguindo ainda a sagacidade de fazer com que trabalhadores aplaudam com palmas e rezem para os seus próprios algozes, opressores e exploradores.

A Educação é primordial. Mesmo num Estado que almeja uma escola sem partido, ainda há soluções contra algo assim tão medíocre. O Brasil hoje é resultado da escola pública sem partido, ou seja, sem um currículo direcionado para o comportamento político diante de tantas opções. Numa democracia, não podemos abrir mão das escolas sindicais.

O viver em comunidade deu lugar ao viver bem mesmo apesar dos conflitos e pensar somente na própria vida, cercada de cantos de louvores, bíblias cheirando a cabo de guarda-chuva e cultivando jargões deixados pelo pastor. Uma vida simples, sem bebida, sem drogas, sem leitura que não seja a Bíblia, sem previsão de consequências, olhar para o futuro como se fosse o seu presente.

Mas há outra humanidade no solo brasileiro, louca para chegar ao final de semana e dizer “sextou”! Como um entorpecimento capaz de subtrair sua condição de sujeito da própria História, com o rúmen cheio de cerveja. Não há encontros sindicais, não há banco de debates sobre a construção de seu caminho nessa biosfera de exploração, de audição poluída e de comportamentos cheirando a barbárie.

E assim perambulam as almas, dentro do grande templo chamado Brasil. Templo de algozes, opressores, exploradores, políticos inapetentes, corruptos e servilistas de interesses escusos, pisoteando trabalhadores sem classe.

Marco Antônio Pinto

Porto Real, verão de 2021

Marco Antônio Pinto
Enviado por Marco Antônio Pinto em 19/10/2021
Reeditado em 19/10/2021
Código do texto: T7367329
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