As Sociedades, a Economia e as ideologias

As Sociedades e a Economia

Sociedade é “um grupo de indivíduos se relacionando, a fim de conseguir e preservar seus objetivos comuns. Os objetivos comuns, compartilhados pelos membros da sociedade, são os próprios objetivos da sociedade, ou seja, o bem comum.”

Basicamente, Economia é o estudo das escolhas dos indivíduos e sua convergência para obtenção do bem comum, que nesse caso é a satisfação das necessidades básicas.

É fácil perceber que as relações econômicas fazem parte das relações sociais.

É de se notar também que tanto a formação das sociedades como o estabelecimento das relações econômicas, foram atitudes espontâneas dos indivíduos, elas não careceram de influências alheias ao meio. Qualquer anomalia na estrutura tende a ser corrigida por iniciativa dos próprios indivíduos.

As Sociedades e as relações de trocas evoluíram juntas

As relações de trocas evoluíram para relações econômicas com o surgimento do dinheiro.

O dinheiro originariamente era apenas um instrumento facilitador das relações de trocas.

Ele possibilitou que os indivíduos, depois de uma troca, adiassem a troca seguinte ou seja, o fabricante de calçados, por exemplo, não precisava pegar outro produto no ato, o chamado escambo, ele recebia o dinheiro e posteriormente o trocava por algum artigo que necessitasse ou o investia na própria produção de calçados.

Notemos que até aqui não houve espaço para e nem “necessidade” da interferência de nenhuma ideologia, tudo fluiu segundo a evolução das necessidades humanas e as providências dos indivíduos.

Os Estados

O desvirtuamento da utilidade do dinheiro do ponto de vista das Sociedades, se iniciou com a formação dos estados.

A funções básicas ou talvez únicas dos Estados deveriam ser a proteção dos direitos dos indivíduos e a manutenção de uma moeda única e estável.

Contudo, com o poder que normalmente é inerente a eles, iniciou-se um processo de desvio de função da própria instituição e do dinheiro, para manutenção das estruturas estatais cada vez maiores e de guerras promovidas por único e exclusivo interesse e megalomania dos governantes.

Os estados favoreceram a especulação financeira e o acúmulo de fortunas, principalmente por pessoas que nada tinham para oferecer para a Sociedade além de meios de influir nas decisões estatais.

A Economia inexiste no Socialismo

O economista austríaco, Ludwig Von Mises, em um ensaio publicado em 1920, demonstrou que a Economia sob influência do Socialismo seria inviável em virtude da impossibilidade do cálculo econômico por ausência da propriedade privada.

Na época ninguém deu importância à previsão de Mises, talvez porque o Socialismo estava revestido de uma aura de “beleza filosófica” que impressionou mais do que os argumentos de um “simples economista” fora de seu tempo.

O argumento de Mises evidentemente estava correto do ponto de vista econômico e ele levantou várias hipóteses de como seriam planejadas a produção e distribuição dos bens e as formas de remuneração da mão de obra.

O que ele parece não ter levado em conta é que o que estava se iniciando era um confronto entre a Natureza Humana no seu lado mais perverso e uma ideologia nefasta, contra a Natureza de pessoas comuns.

Essa ideologia, o Marxismo, elaborada a partir da ignorância, proposital ou não, da Natureza Humana, nunca poderia dar certo independente do aspecto econômico.

Vejamos por exemplo o caso da Agricultura. Ela é a atividade econômica mais complexa entre todas e é essencialmente capitalista, não só pela questão do cálculo econômico, mas pela quantidade inimaginável de fatores envolvidos desde a aração da terra até a chegada do alimento nas casas dos consumidores.

Essa complexidade torna impossível o planejamento centralizado e é sensível a qualquer interferência externa, que via de regra só prejudica a atividade. A prova disse é que todos os regimes socialistas fracassaram na oferta adequada de alimentos para as populações.

A face quase oculta do Socialismo

Apesar da previsibilidade do fracasso do regime socialista, como podemos explicar então sua sobrevivência na União Soviética por setenta anos e na Coreia do Norte e em Cuba há sessenta anos?

No meu entendimento, Ludwig Von Mises, como economista que era, se aprofundou demais na sua argumentação para provar a inviabilidade de um sistema econômico socialista, enquanto na realidade o motivo do fracasso é bem mais simples.

O Comunismo perdurou por sete décadas na União Soviética e ainda sobrevive na Coreia do Norte e em Cuba porque foi e é sustentado pelo Capitalismo dos outros países e pelo Capitalismo de Estado nestes países, onde os dirigentes do Partido Comunista e a Nomenklatura usufrui de todos benefícios que o dinheiro pode proporcionar e o restante da população “usufrui” dos “benefícios” do Regime.

Os dirigentes da tão falada “revolução do proletariado” nunca estiveram realmente preocupados com os trabalhadores, os idosos, as mulheres e nem mesmo com as crianças e muito menos com o cálculo econômico.

O socialista Adolf Hitler em seu livro “Minha Luta”, faz um relato comovente de sua preocupação com a situação degradante dos trabalhadores de Viena, no entanto, legou para a população alemã um país arrasado.

Os dirigentes comunistas resolveram com muita facilidade o fracasso previsto do sistema.

Para a baixa produção de bens de consumo eles determinaram quais e quando os indivíduos poderiam adquirir bens básicos como roupas e calçados.

Para a baixa produção de alimentos determinaram o que as pessoas poderiam comprar e até quando e quanto de alimento poderiam ingerir diariamente.

Para a falta de recursos para pagamento de salários, determinaram um mínimo que seria insuficiente até para comprar alimentos básicos.

No sistema Socialista não existe Economia e nem Sociedade, segundo suas definições.

O ônus decorrente da ignorância da necessidade e vontade humana que motivam as relações sociais e as relações econômicas, foram integralmente assumidos pelas respectivas populações contra suas vontades..

Nenhuma ideologia por mais eficiente que pretenda ser na condução do ser humano na busca de sua felicidade, pode ser mais eficiente do que os próprios impulsos naturais, desde que respeitada a condição de não agressão mútua.

Essas ideologias só podem ser usadas como forma de administrar um país se forem impostas pela força ou pela manipulação permanente das mentes.

Duvidemos de qualquer um que se apresente como candidato a assumir a consciência da população e a cercear sua liberdade de escolher seu próprio caminho, em nome de um “bem maior” impossível de ser definido, senão pela própria evolução do Ser Humano.

Argonio de Alexandria
Enviado por Argonio de Alexandria em 17/02/2022
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