Precisamos falar sobre o aborto

No último dia 21 ade fevereiro a justiça da Colômbia decidiu pela descriminalização do aborto até os 6 meses (24 semanas) de gestação. Enquanto alguns celebram essa "conquista das mulheres" fica a dúvida: a quais interesses esta causa serve? Das mulheres? Pobres? Ou da rentável indústria do aborto?

Há quem compre a ideia de que o aborto é uma questão de saúde pública, quando na verdade trata de interesses econômicos da indústria patrocinadora de frágeis discursos ideológicos para amparar seus lucros astronômicos.

Dados da Worldometers.info, uma entidade de estatísticas globais que consolida dados de fontes oficiais, estimam que apenas no 1º semestre de 2021 mais de 22 milhões (22.020.000) de bebês foram mortos em seus primeiros estágios naturais de desenvolvimento, ainda no útero da mãe. Em 18 meses, a Our World in Data contabilizou 4 milhões de óbitos em virtude da assoladora pandemia ocasionada pela COVID-19.

Os números alarmantes refletem uma necessidade: a sociedade precisa debater honestamente o aborto.

Por debate honesto, entende-se aquele em que os ataques pessoais são deixados de lado e os argumentos favoráveis e contrários são pontuados, em busca de uma solução para o conflito que não seja apenas ideológica ou econômica. Existe um problema que merece atenção.

O tratamento da temática apena pelas cortes judiciais, como ocorreu recentemente na Colômbia, é insuficiente e ilegítimo, visto que o cerne da questão não é a interpretação das leis. É uma demanda social, que pode acometer qualquer um do povo, logo, deve partir do povo a solução. As normas jurídicas são fruto do anseio popular.

Nas esferas do poder público incumbe ao Poder Legislativo representar o povo. Vez ou outra parlamentares pontuam sobre o assunto, contudo projetos legislativos nesse sentido não avançam, e por razão conhecida: não há unanimidade sobre o tema e a maior parte da população é contrária.

Contudo, inegável que as pautas progressistas tem ganhado espaço no cenário público. Pessoas comuns (povo) tem sido convencidas que interromper a vida - matar - que se desenvolve plenamente no ventre materno é a solução para questões como violência sexual, pobreza, omissão paterna e irresponsabilidade sexual.

O avanço da cultura de morte e adesão aos argumentos pró-aborto se devem ao silêncio da maioria, que apesar de considerá-lo inadmissível, opta por não entrar debates, adotando uma confortável e fatal postura neutra. Precisamos de vozes sensatas em favor da vida, não se calem nas rodas de conversas, sejam instruídos.

Para reflexão, menciono as palavras do grande pacifista e ativista contra a segregação racial e pela igualdade social, o pastor batista Martin Luther King Jr.: O que me preocupa não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons.

De fato, precisamos falar sobre o aborto.