O CASO GIOVANNI E O ESTUPRO DE UMA PARTURIENTE

Prólogo

O irlandês de nome impronunciável, mais conhecido por Oscar Wilde, valorizava sobremaneira a dúvida. Prova disso deu quando escreveu:

“É a incerteza que nos fascina. Tudo é maravilhoso entre brumas.”. – (SIC)

MEU ENTENDIMENTO SOBRE A INCERTEZA

Pior que a triste realidade de hoje, é a incerteza de um feliz amanhã para as gerações futuras. E entre a certeza e tantas incertezas ainda há a violência banalizada, a hipocrisia velada.

Sob minha ótica, respeitando todas as opiniões contrárias, essa violência é potencializada pelas autoridades constituídas, pela deterioração da qualidade da educação, pelo apodrecimento dos valores éticos, profissionais, morais e familiares.

Essas falsas autoridades, que visam apenas seus próprios interesses, em detrimento do interesse público, não querem sequer reduzir a menoridade penal. Nossas crianças estão sendo conduzidas para um tortuoso caminho do mal.

UMA ADMOESTAÇÃO EXEMPLAR

Dizem os mais antigos: "Às vezes por falta de um grito se perde uma boiada". – (Nota deste Autor).

Vou lhes contar uma curta história para justificar a verdade existente no supracitado dito popular. Eu era 2º Sargento e servia no 31º BI Mtz, sito em Campina Grande, PB. Em determinado ano foi classificado na briosa Organização Militar um Aspirante–a–Oficial de Infantaria oriundo da Academia Militar das Agulhas Negras – AMAN.

O dito Aspirante–a–Oficial foi escalado como Oficial de Dia ao Batalhão e eu seria o seu Adjunto. Durante o dia tudo transcorreu na mais absoluta normalidade. Todavia, à noite, depois das 21 horas, o Aspirante–a–Oficial a cada 10 ou 15 minutos "tocava" (acionava) o alarme utilizando a estridente sirene para esse fim. Toda a guarda se posicionava num corre-corre infernal.

Depois do terceiro toque de alarme entendi que os militares já não se empenhavam com tanta agilidade e rapidez. Percebi que a sirene estava sendo, a cada toque, desmoralizada.

Foi nessa ocasião que me dirigi ao vibrante e jovem Aspirante–a–Oficial (hoje Coronel do QEMA na Reserva) para lhe admoestar com muita cautela para não ferir suscetibilidade e/ou cometer uma transgressão disciplinar.

Claro que todo militar sabe que não se deve censurar ato de superior hierárquico, mas eu sempre fui afoito para não escrever atrevido. Ademais, eu o estava assessorando e não censurando.

Aliás, sempre tive o entendimento de que estava assessorando (admoestando), quando observava um deslize gramatical ou comportamental de um meu superior hierárquico.

EIS O OCORRIDO

– Aspirante... O senhor está usando de forma indevida a sirene que tem finalidade específica. – Disse-lhe entredentes e afastado dos demais militares componentes da guarda.

– Como assim? Entenda que estou avaliando se a nossa guarda está em condições de fazer uma defesa eficiente do nosso quartel.

– Para isso e como treinamento o senhor poderá utilizar um apito igual a esse meu, avisando aos componentes da guarda que a sirene é algo sério e não se presta para treinamentos – Mostrei o meu apito que, passados tantos anos, ainda o conservo comigo até hoje.

– Sensato, o aspirante felizmente concordou com minha observação e depois desse episódio, nos serviços posteriores, ele sempre utilizava o apito para "tocar horror na guarda" como dizemos em nosso jargão militar.

UM OUTRO EXEMPLO DE ASSESSORAMENTO

O digníssimo senhor comandante do 31º BI Mtz, já falecido (Que Deus o tenha), escreveu em um rascunho de um ofício a palavra "paralizia" com "z".

Esse ofício era dirigido ao Secretário de Saúde do Município de Campina Grande, PB. Designado para "bater" o documento, eu fiz a devida correção ou conserto no erro crasso.

Convicto de que paralisia era escrito com "z" o senhor comandante não gostou e, aos berros, me perguntou quem houvera me autorizado a modificar o rascunho dele.

Na presença do capitão S/1 do Batalhão eu respondi incontinenti: "Napoleão Mendes de Almeida" (foi um gramático, filólogo e professor brasileiro de português e latim. – (Nota deste Autor).

O fato de errar não deve ser tão frustrante ou desanimador, pois com o erro se aprende e errando conquistamos sabedoria capaz de tornar uma pessoa simples em um vencedor ou criativo brilhante assessor.

Não vou me alongar nesse conto, pois já o publiquei no texto: UMA HISTÓRIA VERÍDICA DE CASERNA que poderá ser lido no endereço: https://www.recantodasletras.com.br/contos/6922936

SOBRE O CASO DO ANESTESISTA ESTUPRADOR

Quero fazer uma analogia com a história do Aspirante–a–Oficial que, por comprovada euforia, pouca ou nenhuma experiência e falta de autocrítica, tumultuava o serviço de guarda do quartel tocando ao seu Bel-prazer a sirene de alarme.

Observação oportuna e pertinente: Bel-prazer significa vontade própria, é o indivíduo que toma atitudes de acordo com o que ele quer fazer, com o seu livre–arbítrio. – (Nota deste Autor).

Claro que não me posiciono como advogado do criminoso estuprador, mas em algum momento ele teria sido alertado sobre a sedação excessiva nas vítimas?

Alguém teria alertado Giovanni sobre o erro da solicitação para que os maridos se retirassem da sala antes que a cirurgia fosse finalizada?

Algum colega de mesma especialidade, trabalhando no mesmo hospital, teria alertado o Giovanni Quintella sobre as outras atitudes suspeitas por ele impetradas?

O rumoroso estupro de uma parturiente perpetrado pelo criminoso Giovanni Quintella Bezerra é a prova incontestável do descaso dos seus superiores, colegas e subordinados. Todos deveriam ter agido preventivamente sem permitir a consumação do crime!

Depois do ocorrido médicos ouvidos pela reportagem dizem que as estratégias usadas pelo anestesista, para cometer o crime, ferem direitos legais das mães e colocava em risco a saúde das pacientes. Claro que o anestesista Giovanni sabia disso!

Volto a perguntar: Por que não o impediram, afastando-o sumariamente, de estar à frente de tão sérios procedimentos cirúrgicos?

A verdade é uma só: Esse crime praticado por ele (Giovanni) poderia ser evitado se houvesse uma proficiente fiscalização nas ações do já suspeito em outras cirurgias realizadas.

MINHA REAL CERTEZA

Não tenho nenhuma dúvida: Se os superiores, colegas e/ou subordinados do anestesista Giovanni Quintella Bezerra o tivessem ALERTADO (Grifei) ou os superiores o tivessem afastado para um tratamento adequado ao seu reprovável comportamento... Certamente esse horror consumado e outros suspeitos não se consumariam!

Faltou o grito de alerta para o profissional de ontem, mas o hoje criminoso, não se precipitar no abismo da criminalidade. Outras pessoas poderão dizer: "A conveniência e a ética funcional não nos permitem observar as atitudes de um outro profissional.".

Respeito, mas não pactuo com essa "ética e conveniência". Para mim o nome dessa hipocrisia é crime por omissão ou conivência culposa.

Se os superiores do hospital, colegas e subordinados SABIAM (Grifei) que a conduta do anestesista, de pedir para que os acompanhantes deixassem a sala antes do fim do parto, feria a Lei Federal 11.108, de 2005, que prevê o direito das mães de serem acompanhadas durante todo o atendimento...

Por que não o alertaram? Por que não o afastaram em caso de manifestada indisciplina do anestesista? Faltou camaradagem e lealdade dos colegas de profissão. Faltou diligência ou assessoramento proficiente de todos que armaram o flagrante contra o anestesista Giovanni Quintella Bezerra.

CONCLUSÃO

Enfim, o Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro – (Cremerj) anunciou a suspensão provisória do registro médico de Giovanni. Segundo representante da entidade, a medida "é um recurso para proteger a população e garantir a boa prática médica".

Discordo! Discordo porque a "boa prática médica" é feita com qualificação e fiscalização das ações dos profissionais onde exercem suas funções.

Entendo e creio que a partir desse bizarro episódio todas as clínicas médicas, hospitais, maternidades, UPAs e assemelhados irão alertar, fiscalizar e afastar os profissionais da área da saúde em caso de deslizes identificados.

Depois do devido processo legal, julgado e condenado, depois de cumprir a pena que lhe for imposta, por sentença, o anestesista Giovanni Quintella Bezerra continuará exercendo sua especialidade, de forma clandestina, para pacientes que não querem ser atendidos em unidades de saúde sérias e comprometidas com a saúde e segurança públicas.

Os futuros e endinheirados clientes do anestesista estuprador serão criminosos soltos e com dezenas de passagens por delegacias e penitenciárias. Para exercer esse trabalho escuso Giovanni não precisará de diploma registrado!

Alguém duvida disso? Essa associação entre profissionais da saúde, sem diplomas registrados, e criminosos acontecerá, naturalmente, porque os iguais facilmente se congregam.

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NOTAS REFERENCIADAS

– Textos livres para consulta da Imprensa Brasileira e “web”;

– Assertivas do autor que devem ser consideradas circunstanciais e imparciais.