A extinção dos homens

Meu querido, amado leitor, você já viu, estou certo, ao vivo e em cores, perambulando por aí, a exibir sua estética grotesca, uma - talvez mais de uma (provavelmente uma dúzia) - daquelas criaturas de cabelos coloridos, sovacos peludos, despeitadas, sempre a carregarem o cenho franzido, a cuspirem perdigotos corrosivos nos homens - e nas mulheres femininas -, uma daquelas criaturas, prossigo, de cabelos coloridos que, sendo mulheres, classificam-se numa subcategoria feminina não muito benquista, e tampouco respeitada, pelas outras mulheres, as da categoria original, superior de mulheres, cuja mãe, e mãe de todos nós, na face da Terra surgiu, e no Éden, de uma costela de Adão, o pai de todos nós. E você já deve ter percebido que tais criaturas, conquanto tenham os dons das mulheres, dons que herdaram da natureza, simultaneamente mãe e madrasta, elas esforçam-se, destruindo-se, para se fazerem criaturas de uma espécie, de uma raça única, que não compartilha com os homens nenhuma identidade natural, como se não fossem a metade de uma espécie, que encontraria a sua extinção se uma das duas metades inexistisse. Ninguém ignora que perpetua-se a espécie humana porque, entre tapas e beijos, e arranhões e puxões de orelhas, e rusgas as mais tolas, entendem-se - e eu quase escrevi maravilhosamente bem - homens e mulheres. Que é difícil - provavelmente impossível - para os homens entenderem as mulheres, todos sabemos. E que é difícil - presumivelmente impossível - para as mulheres entenderem os homens, todos concordamos. Aliás, não posso deixar de dizer: os homens não entendem os homens, e as mulheres não compreendem as mulheres - se assim não fosse, homens não esmurrariam homens, e mulheres não estapeariam mulheres. Não sei quem disse - e é a autoria da idéia original dada a William Shakespeare, que, dizem as más línguas, não escreveu as peças que ele assinou - que há entre o céu e a terra mais do que sonha a vã filosofia humana.

E chegamos, após uma curta embromação, ao meu objetivo: uma notícia, que é do balacobaco, louca pra dedéu, coisa de doido. Uma dessas criaturas amáveis, feminista - e nada tenho contra o feminismo enquanto movimento legítimo em favor das mulheres - de carteirinha, daquelas histéricas, doidas de pedra, insanas, disse - disse, não -, escreveu que é seu sonho viver em uma sociedade em que as mulheres tenham o direito, e o exerçam em sua inteireza, de abortar (diríamos os seres humanos: matar) todos os fetos (diríamos: seres humanos) masculinos para que não nascessem nenhum homem, porque deseja a moçoila que a raça dos homens seja extinta, para que as mulheres possam viver em paz. Eita! Que coisa! A excelsa criatura não sabe que os homens não são de uma raça distinta da humana, e tampouco as mulheres! Que doideira! Extintos os homens, extinguem-se as mulheres. Nem as amazonas - as da Grécia, e as do Amazonas, também chamadas icamiabas - eram, assim, tão sem noção: elas apenas não queriam que os homens vivessem em meio a elas, e só, mas não prescindiam da companhia masculina, e menos ainda dos deuses. Zeus que o diga.

Ilustre Desconhecido
Enviado por Ilustre Desconhecido em 06/09/2022
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