SE NÃO TÊM COMO PESCAR LANCEM-LHES SARDINHAS ENLATADAS

As forças armadas sequer tratam de suas bases, suas casernas, e se enfiaram, de praças a oficiais generais, na despolítica bolsoneonazifascista genocida.

Na amazônia deixaram de lado tudo, não há sequer visão estratégica sobre o território, assaltado e tomado pelos crimes organizados.

Aeródromos, na região, só para pousos e decolagens dos teco-tecos do pó, dos garimpeiros, dos grileiros, dos madeireiros, dos estupradores de indígenas e da floresta.

Lançar latas com sardinhas aos Yanomami impedidos de pescar, caçar, viverem na paz, com a natureza, é o mesmo que atirar balas e doces sobre quem não os pode comer.

A desgraça segue até entre as boas intenções.

As doações de alimentos, que atiram sobre os Yanomami, são as que chegam aos desalentados cidadãos empobrecidos, das nossas cidades, das nossas periferias, favelizados, explorados e oprimidos, pelo mesmo sistema político-econômico, que alimenta a ganância dos rentistas e mata os povos de miséria e fome.

A CUF - Central Única das Favelas tem sido a organização civil mais solidária ao flagelo dos Yanomami, em vistas de conhecer a fundo o abandono, pobreza e fome da maioria do povo brasileiro.

A CUF está entregando toneladas de alimentos para os Yanomami, no entanto são produtos industrializados, a maioria commodities, como arroz, farinha, milho, soja, que o capitalismo especula nas bolsas de valores, e já nem mais se apresentam como comida, nos centros urbanos, onde a especulação de preços reprime demandas, e cerca de trinta milhões de famintos perambulam pelo país, em busca do que ainda conseguem comprar para comerem.

Essas commodities, diante de tamanho horror, revelado aos cidadãos, onde os pobres se identificam e se solidarizam aos miseráveis, acreditamos matarão a fome Yanomami, mesmo que saibamos que sua cultura, modo de vida e hábitos alimentares sejam outros, mas o que fazermos diante de tamanha emergencialidade?

Os povos originários há cinco séculos estão sendo dizimados. Já foram mais de três milhões, antes dos aventureiros, navegadores, exploradores europeus invadirem Pindorama.

Desde 1500 os indígenas fogem, para o interior das florestas, mas os bandeirantes seguem os seus rastros e não os deixam em paz.

Neste início de 2023, século XXI, o quadro segue desolador, e fazendo uma analogia à França, pré-revolucionária, do século XVIII, onde aos famintos se jogava brioches.

Maria Antonieta, rainha francesa de 1774 a 1792, foi executada, em 1793, como desdobramento da Revolução Francesa.

O Brasil parece mais próximo, dos tempos de Maria Antonieta, do que disposto a entrar no Século XXI, a exterminar o garimpo, o narcotráfico, a derrubada da floresta, o contrabando de madeira; o nosso país segue muito longe de uma Revolução Burguesa, a francesa ou a estadunidense, de uma Revolução Popular, da Classe Trabalhadora, então, me parece ainda mais distante, nos sonhos, nas utopias, e até lá, num país que não se reconhece, que não consegue desenvolver uma nação, se verá commodities atiradas sobre multidões famintas, nas cidades, nos campos e no que restam de florestas, onde pescados processados e enlatados são os brioches de outrora, onde, não se tendo como e aonde pescar, só resta aos miseráveis Yanomami, e a outros brasileiros despossuídos, a compaixão solidária que emerge, sobretudo, entre os pobres, e as sobras despejadas pelas classes médias humanistas.

O genocídio, dos povos originários, começou em 1500, e neste século XXI resiste, em não querer ter fim.

Marco Paulo Valeriano de Brito
Enviado por Marco Paulo Valeriano de Brito em 27/01/2023
Reeditado em 28/01/2023
Código do texto: T7705105
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2023. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.