OS GOVERNOS, A SOCIEDADE, O ABORTO, AS RELIGIÕES E O ARCABOUÇO JURÍDICO LAICO DO ESTADO BRASILEIRO

Os governos da República Federativa do Brasil não governam apenas para realizar os desejos de fiéis e religiosos cristãos, católicos ou protestantes, mas para todos os brasileiros, crentes e não crentes do cristianismo, agnósticos e ateus.

Sou cristão católico, e tenho total entendimento e respeito aos direitos e deveres individuais, e coletivos, de toda a nossa população.

Penso que, embora essa questão do aborto ainda gere muitas polêmicas, sempre deve ser dada a mulher o direito ao livre arbítrio de querer ou não conceber, gerar e parir um outro ser humano, e nesse aspecto deve ser dado a todos, mulheres e homens, todas as informações e educação sexual disponíveis para que se faça a melhor opção e se planeje efetivamente, se do sexo se quer gerar filhos.

Há diversos métodos anticoncepcionais disponíveis, dos preservativos (masculinos e femininos) às intervenções cirúrgicas de vasectomia (homens) e laqueadura das trompas de Falópio (mulheres).

Portanto, a princípios, o aborto deve estar sempre vinculado ao recurso extremo de interrupção geracional, nos casos de violências contra às mulheres, onde sua sensualidade foi aviltada e o sexo não consentido levou ao estupro, que desgraçadamente gerou um concepto indesejável e repugnante a essas mulheres, que se torna um problema de saúde da mulher.

Há, adicional, os casos de anencefalia embrionário-fetais, e outras má formações congênitas, que cabem a medicina e às ciências biológicas definirem se não há viabilidade ao prosseguimento gestacional, nesses casos cabendo a decisão da interrupção ao contexto que consensualize a legislação, os pais e às ciências.

Na conclusão, entendo e defendo que o Estado Brasileiro seja laico, e tenha um arcabouço jurídico, e um sistema de saúde, apartado de convicções e dogmas religiosos, que no entanto garanta a livre opção e manifestações religiosas, que valham às suas respectivas doutrinas, sem interferência nos que não as pratiquem e/ou nelas não acreditem.

Por fim, aos cristãos, digo que respeitem e exerçam, o que por fé optaram, e se converteram, sem cinismos e hipocrisias, que as mulheres cristãs não façam abortos, os homens cristãos não violentem e/ou estuprem as mulheres, e se gerarem filhos consentidos, eduquem-os e cuidem para que sejam bons cidadãos, sempre pedindo a Deus que livrem todos das maldades humanas, e que todas as mulheres não necessitem interromperem dramaticamente suas gravidezes.

Ademais, que se convençam do amor e generosidade divina, e que só Deus tem a prerrogativa de julgar as almas humanas, segundo o seu arbítrio, e vontade, que não são os nossos.

Marco Paulo Valeriano de Brito
Enviado por Marco Paulo Valeriano de Brito em 31/01/2023
Reeditado em 31/01/2023
Código do texto: T7708055
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