-QUESITO "EVOLUÇÃO", BRASIL... NOTA...?

Começo meu texto num profundo e respeitoso desabafo cidadão: acredito que nunca tivemos uma quarta-feira de CINZAS tão tristemente emblemática dos tempos.

Enfrentamos hoje o doloroso rescaldo dum dos Carnavais brasileiros mais alegóricos das tragédias, que dizem ser " as das chuvas". Uma dura metáfora torrencial de dor.

Não, o enredo que se repete entre nós não cabe apenas às chuvas torrenciais que, desta vez, caíram no litoral Norte de São Paulo, a soterrar na lama planos e vidas de muitas pessoas, infelizmente.

"O sertão pode virar mar e o mar sertão"...todavia somos uma sociedade assustada por um mar de lama por todos os lados.

A Natureza, como dizem, com ou sem modificações climáticas, sempre procura pelo seu espaço tomado e , entre nós, as chuvas são como FIDEDIGNOS marcadores sociais do tudo que dizem ser feito em prol da cidadania, mediante impostos e taxas cada vez mais crescentes, diante duma realidade cada vez mais decrescente.

Não me refiro aqui a nenhum governo em especial, me refiro historicamente a TODOS eles, pelo tempo decorrido que nos grita um "continuum" de descaso com A VIDA.

Não temos grandes tragédias naturais que se equiparam, a exemplo, ao recente terremoto da Turquia/Siria mas o descaso com a nossa sociedade funciona como o poder destrutivo duma bomba atômica silenciosa ao logo do tempo.

Negligência e CORRUPÇÃO históricas são as nossas terríveis PLACAS TECTÔNICAS que invisivelmente se movimentam até derrubarem o todo em avalanche.

Nossos cenários urbanos, POR TODO O PAÍS, hoje são fotografias de "guerra sem guerra visível".

A tragédia atual do litoral Norte de São Paulo replica um modelo algo costumeiro entre nós, o das dores evitáveis dentre tantas tragédias anunciadas. É o que acontece por OMISSÃO DO FAZER.

Nos últimos anos colecionamos tragédias de toda sorte inglória, e aqui relembro o que similarmente ocorreu na zona serrana do Rio de Janeiro há quatorze anos. Que até hoje ainda não está totalmente reconstruída e segura.

Das maiores que por ora me lembro tivemos a de Santa Maria, a de Mariana, a de Brumadinho e agora o cenário de destruição do litoral Norte de São Paulo.

O pós Modus Operandi das tragédias é sempre o mesmo: a sociedade brasileira prontamente se mobiliza na sua costumeira bondade solidária dentre a ajuda governamental financeira, bancada pelos impostos, que apenas palia nosso PERENE Caos.

Enxugamos gelo enquanto contamos nossos mortos incontáveis...

Nossa miséria social se verticalizou vertiginosamente nos últimos anos , ocupando espaços perigosos dentre moradias INSALUBRES que os governos , na linguagem populista de praxe, chamam de DIGNIDADE.

OBSERVEM: Não podemos confundir a óbvia DIGNIDADE DE TODA PESSOA HUMANA com dignidade em se morar em MORADIAS INDIGNAS. Esse trocadilho político, que falsamente empodera as dificuldades sociais, é DESUMANO.

Isso nos destrói!

A miséria em si não traz nenhuma dignidade a pessoa humana ALGUMA. Nem singular, tampouco coletiva.

Basta levantar os olhos às encostas das nossas praias e das grandes rodovias do nosso país para se diagnosticar a nossa maior tragédia: a de não saber cuidar de gente. Ou não querer...não sei precisar.

A miséria cresce em progressão geométrica , tocando os céus enquanto nossas infraestruturas, quando crescem, crescem para baixo, em progressão aritmética, desenhando nossos submundos infernais.

Não podemos confundir a óbvia DIGNIDADE DE TODA PESSOA HUMANA com MORADIAS INDIGNAS...sem saneamento básico e em áreas que comprometem a segurança pessoal, social e ambiental.

A miséria em si não traz nenhuma dignidade às pessoas...em lugar algum desse Planeta.

Hoje , inclusive no Carnaval, temos enredos que falam sobre invisibilidade social. Todo mundo acredita estar no comando de si mesmo...mas infelizmente, por aqui, ninguém está.

É importante ressaltar que a tragédia do Litoral Norte de São Paulo, dessa vez foi sociologicamente um pouco diferente, já que demarcou todos os déficits de gestão para a conjunta EVOLUÇÃO: ESTAMOS TODOS ABSOLUTAMENTE INVISÍVEIS DENTRE AS MAQUIAGENS DE GESTÕES EM GESTÕES...na desarmonia da subdivisão social afundamos todos juntos.

Precisamos lembrar que o NOSSO MAR É O MESMO, ainda que nossos barcos sejam diferentes.

Metaforicamente, ali no litoral Norte, se perdeu desde, lanchas, JET SKIS até canoas e barcos de pescadores...enquanto a HARMONIA DA SOCIEDADE se despolariza em contendas que só nos afundam em águas abissais! Percebem o recado sociológico que despencou dos céus?

As tragédias sempre nos ensinam muito a nos clarear os cenários obscuros: a LIÇÃO MAIOR :as mãos que oferecem socorro...NÃO TÊM IDEOLOGIA!

E quando um país cai por total falta de HARMONIA ...absolutamente NINGUÉM FICA EM PÉ SOZINHO.

As porta-bandeiras caem no descompasso dos "mestres-salas" e na dissonância arritmogênicas dos mestres das baterias...

Senhores governantes: Pelo amor de Deus...estamos muito cansados. Estamos doentes.

Todos! Ricos, pobres, altos, baixos, gordos, magros, crianças, jovens, idosos, letrados, não letrados, brancos, pretos, vermelhos...nossa ampla aquarela social hoje é uma insana janela que se abre às dores conjuntas.

Enfrentamos Pandemias, corrupções sistêmicas e históricas, impacto econômico de guerras e tragédias naturais planetárias; mas aqui estamos miseravelmente doentes "do nosso jeito", no que diz respeito ao mais sagrado com a pessoa humana: O RESPEITO A SI MESMO.

Não existe "empoderamento" sem respeito verdadeiro pelas pessoas. Não adianta, com os punhos cerrados, gritar por respeito pelas avenidas. Trata-se de grito mudo, sem ressonância na realidade das vidas.

Parafraseando o nosso triste Carnaval das boas vontades, lembro também que, recentemente, se falou em cobrança de TAXA de PERMANÊNCIA ao turista de Ubatuba. Deve ser Deus escrevendo sua revelação por linhas duras...

Eu pergunto: TAXA que será revertida à SUSTENTABILIDADE? Do que? De quem? Do povo? Da Natureza? De qual bolso? Ou do que mais?

Já que as chuvas e os drones nos mostram que há muito não se faz sustentabilidade alguma, nem ali e nem em lugar algum do Brasil. As crateras de insustentabilidades social e ambiental são assustadoras pelo nosso território Nacional!

Os nossos mais belos pontos turísticos do país se restringem aos espetáculos da Natureza ainda não destruídos e a locais da "moda inconsciente" , onde uma rua brilha com as maquiagens das "maravilhas de gestão" mas que na verdade são meras ilhas de ilusão rodeadas por bastidores de degeneração em tudo e por todos os lados. E a preços impagáveis.

Senhores governantes: Misericórdia! As chuvas torrenciais são apenas nossa "gota d'água".

Saciem todas as nossas fomes EXISTENCIAIS pela campanha da fraternidade que hoje se inicia.

Mudem os enredos pelas avenidas interditadas dos nossos trágicos Carnavais...

Façam jus ao que o povo lhes paga para governar! Para lhe prover de tudo que o povo não tem!

Aliás, é preciso esperança com lógica: quando afinal, todos juntos, ganharemos de verdade o nosso CARNAVAL COLETIVO?

Por enquanto, aqui eu apenas lanço só um pensamento de cidadã com o coração literalmente em CINZAS:

no nosso quesito EVOLUÇÃO, qual nota você se daria hoje , querido BRASIL?