UM PEQUENO APRENDIZADO

Diziam-me: - Eu vou entrar para a sociedade. Eu olhava para quem dizia isto e pensava: - Mesmo estando na classe média, eu me sinto inserido na sociedade. E ia vivendo. Mas convivia com aquele que dizia que ia entrar. Na medida em que olhava para ele, eu pensava: - Será que ele não olha para si mesmo?

E vi que o problema não era ele olhar para si mesmo. Ele havia feito inúmeras amizades num meio social mais elevado. Eu, nada contra. O que eu pensava é que para pertencer àquele meio social, exigiriam de mim, se fosse o caso, alguma paridade. Nunca soube se eu estava certo.

Aprendi que ninguém é dono da verdade. O que não quer dizer que eu aceite os relativismos da vida. Mas conservei meu ser em memória do meu menino. O que não quer dizer que não cresci. Cresci e amadureci. Um ser humano que se considera crescido e amadurecido, pode sempre acreditar que tem sempre que aprender. E o que é preciso é que não tenha medo de aprender.

Eu, na minha vida, sempre aprendi primeiro foi a conviver. Tive turmas de escola, tive amigos na minha terra natal, os perdi. Claro, o tempo passa. E por isso existem os livros de história. Na minha ciddade, na terra onde nasci, eu tinha acesso sempre a livros de historiadores de lá, que escreviam seus livros.

Mas não se aprende só em livros. Aprende-se existencialmente, convivendo. E conviver é observar o outro, interagir, dialogar, seja sorrindo seja chorando. E nós mesmos devemos fazer o possível para não chorar. Nem sempre os outros estão muito aí para o lamento.

Mas conviver com a gente de nível social elevado, para mim, sempre foi algo mais complicado. Não estou pregando nada. Deu-me vontade de escrever e estou escrevendo. Eu não consigo explicar nem mesmo para mim, porque escrevo.

Mas como comecei, vou lá. Eu nunca pensei: "Eu vou entrar para a sociedade." Estou nela desde que nasci. E gente de alto nível social o é por questões de mérito, ou por outros motivos. Mas, para se conviver, seja com quem for, requer-se amizade ao menos. E amizade é compromisso sentimental. Quer dizer, compromisso mais sério de todos.

Eu não sou nenhum bicho do mato, recebo e trato todos bem. Tenho dito. E minha vida é um pequeno aprendizado.

Aristides Dornas Júnior
Enviado por Aristides Dornas Júnior em 21/05/2023
Reeditado em 21/05/2023
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