Hipismo vegano, nova modalidade esportiva.

O ser humano é, de todos os seres que já passaram pela face da Terra, o mais criativo. Já inventou a roda, o pneu, e o carro e a moto, e o avião e o foguete, e a marmelada e a cocada, e o queijo, e a goiabada, e o queijo com goiabada, e o romeu-e-julieta, e o brigadeiro e a maria-mole e a teta-de-nega, e o pôquer e o vinte-e-um, e a caneta e o lápis, e a borracha, e Odisseu e Macbeth e Dom Quixote, e o castelo, e a ponte, e o Clark Kent e o Peter Parker, e a Enterprise, e o computador, e a filosofia e a matemática, e infindáveis outras coisas, coisas materiais e coisas imateriais. Dir-se-ia infinita a criatividade humana. E após não se sabe exatamente quantos trilhões de anos de processo evolutivo, atingiu o ser humano um nível de sagacidade intelectual que lhe concedeu poderes criativos para criar uma extraordinária modalidade esportiva que há de pôr de queixo caído e boquiaberto e de olhos arregalados de tanta admiração todo e qualquer ser de outros mundos que porventura venha a cair, por vontade própria ou não, na Terra: o hipismo vegano.

Em que consiste tal modalidade esportiva? Ao leitor algumas palavras acerca de tão grandiosa maravilha, a maravilha das maravilhas, a invenção das invenções humanas, de todas as criações humanas a maior, a maior das maiores.

Preocupados com o bem-estar dos animais, no caso em questão, os cavalos, os mais elevados dos seres humanos modernos, que põem no chinelo os seus antepassados, a aflorarem-lhes a criatividade que lhes fazem a fama, inventaram o hipismo vegano, que nada mais é do que uma modalidade esportiva que consiste na ação de cavaleiros e amazonas montados sobre cavalos e éguas de madeira, equinos estes que não vem munidos de rodinhas. Os juízes de tal modalidade esportiva avaliam a desenvoltura dos cavaleiros e das amazonas e de suas montarias e a harmonia entre os equinos e as suas cavalgaduras - corrijo-me: entre o cavaleiro (ou a amazona) e a cavalgadura. É o espetáculo uma exibição da destreza do ser humano, capaz de, numa evolução que nenhuma outra espécie de ser vivo poderia lhe adivinhar, e tampouco lhe emular, saltar e correr e trotar e relinchar - alguns observadores apalermaram-se ao ouvirem alguns cavaleiros e amazonas zurrarem (e há quem diga que os zurros saíram da boca de gente que ocupava, a assistir, emocionada, ao evento, um pedaço da arquibancada).

Tem o hipismo vegano o seu charme: nenhum cavalo e nenhuma égua faz cocô durante a exibição do espetáculo; nenhum animal se machuca; e os cavaleiros e as amazonas não são de se jogar fora.

As bestas são bem adestradas, todos que assistiram aos campeonatos de hipismo vegano concordam.

Ilustre Desconhecido
Enviado por Ilustre Desconhecido em 10/08/2023
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