Pelos Sertões da Bahia

Quem leu meu livro DO SERTÃO AO MAR, disponível em www.saraiva.com.br, viu que eu me enquadrei perfeitamente no dito popular que a minha avó costumava dizer: “casa de ferreiro espeto de pau”. Conheci os sertões de outros estados nordestinos muito mais do que os da minha terra natal, que se limitou às cidades ribeirinhas do São Francisco. A exemplo da minha incoerência turística, a de conhecer importantes cidades do exterior antes de conhecer São Paulo, a maior metrópole brasileira, fiz agora o caminho inverso, percorrendo este nosso brasilzão continental. De Norte a Sul e de Leste a Oeste, vi turistas estrangeiros que se encantam com as nossas belezas naturais e com a receptividade “caliente” do povo brasileiro. E, modesta à parte, dizem que o sertanejo tem um carisma especial. É, por natureza, acolhedor.

Voltar àquela região é uma maneira de se reabastecer com combustível da “sertanejidade”. E, agora, graças ao nosso rio São Francisco, a região ganhou um avanço no progresso, atraindo empresas do mundo inteiro, tornando-a um celeiro de produtos agrícolas, cujo volume ultrapassa a necessidade do consumo local, pelo que a exportação passou a ser a meta principal. No sertão, onde antes havia a escassez de tudo, hoje abastece o mundo. Eis ali um sertão diferente. Margeando todo o rio São Francisco, a partir do meu sertão da Bahia até chegar a Juazeiro, que forma a JOALINA, região de Juazeiro e Petrolina, tem-se ali o maior oásis brasileiro. Rodeado de seca por todos os lados, o verde da agricultura irrigada é o maior sinal de vida do nosso Nordeste. Meu sertão está mudado. É ver para crer.

Irineu Gomes
Enviado por Irineu Gomes em 22/02/2014
Reeditado em 22/02/2014
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