Sonho Político

Sonho Político

Armstrong

Muitas são as reclamações dos que tiveram a responsabilidade de escolher pelo voto os ocupantes de cargos políticos, principalmente aos cargos de prefeito, governador e presidente da república. Decorrido algum tempo após uma eleição, logo aparecem os primeiros reclamantes: “Onde foi que erramos?” ou “O povo não sabe votar!”

Por que não se consegue, na maioria das vezes, ter bons dirigentes e representantes capazes de, pelo menos, receber nossos aplausos por seus trabalhos e dedicação. Supondo-se que o erro não esteja no processo de escolha nem na capacidade de discernimento dos eleitores, restaria a possibilidade de se estar votando em pessoas não preparadas para ocupar esses cargos. A proposta a seguir pretende mostrar que é possível alterar esta situação, premiando o mérito. Talvez ela seja um sonho, mas pode mudar a realidade política brasileira.

Inicialmente, acredita-se, dever-se-ia dividir responsabilidades com o órgão responsável pela execução das eleições. Todo ocupante de cargos eletivos, ao final de sua gestão, deveria ser avaliado e merecedor de uma nota daquela instituição. Esta nota deveria refletir percentualmente a qualidade de trabalho e a dedicação dos políticos, entre outras observações.

Também ter-se-ia que cobrar responsabilidades dos partidos na indicação de seus candidatos. É preciso que se estabeleça uma punição, de preferência monetária, aos partidos que indicassem candidatos com alguma história de falta de ética, sem fontes lícitas de renda, que não tenham feito um trabalho de base com eleitores/comunidades ou que não tivessem bom desempenho em qualquer cargo ocupado.

Se o processo de indicação de candidatos fosse este, não haveria problemas na escolha dos candidatos a vereadores de um município. Ao final do mandato desses parlamentares, após a avaliação do órgão eleitoral, os cinco vereadores que conseguissem obter as melhores notas seriam os candidatos a prefeito da cidade. Os prefeitos eleitos, também, seriam avaliados e os que conseguissem obter as melhores notas poderiam se candidatar ao cargo de governador ou de deputado estadual. Do mesmo modo, os governadores que conseguissem obter as melhores notas poderiam ser candidatos a presidente da República. Os melhores deputados estaduais e governadores que não desejassem disputar os cargos de governador e de presidente da República poderiam se candidatar aos cargos de deputado federal e senador.

Em qualquer nível, a avaliação positiva é que garantiria a ascensão ou direito à reeleição de um político.

Assim, poder-se-ia ter a certeza de que os candidatos aos cargos eletivos seriam pessoas muito bem avaliadas nos vários níveis de base; teriam o respaldo e o reconhecimento da sociedade; idade e experiência suficientes para ocupar cargos de muita responsabilidade, sabedores que o sucesso da carreira iria depender da qualidade de seu trabalho.

Com este sistema eleitoral poder-se-ia, finalmente, observar as vitórias dos partidos como um reflexo do trabalho pautado na ética e no respeito aos direitos fundamentais dos eleitores: melhoria da qualidade de vida em seu sentido mais amplo. Poder-se-ia até achar que não se elegeu o candidato ideal, mas, com certeza, ter-se-ia a consciência tranqüila de que se escolheu um dos mais capacitados. Se não mudarmos o processo eleitoral nada mudará e as conseqüências da forma tradicional todos já conhecem. Como seria o Brasil se esse sonho virar realidade?