O PESADELO DOS CARTÕES CLONADOS

Faz mais de uma semana que clonaram meu cartão de banco. Faz mais de uma semana que tão logo me dei conta do rombo de quase dois mil reais de um dia para o outro, verificando o meu extrato, denunciei na minha agência da CEF - após o que o gerente executou o procedimento de praxe: bloqueou conta, cartões, meus e do meu marido. Cancelou senhas, tudo como manda o figurino. E me foi assegurado que o valor  seria rapidamente ressarcido tão logo procedessem à sindicância.
 
Ótimo! Festejei - uma vez assim prejudicada, ao menos contamos com estes serviços de seguro que cobram o nosso prejuízo, em plena era de clonagem de cartões, quando quase diariamente se tem notícias do aprisionamento de quadrilhas especializadas neste tipo de invasão criminosa, cujas vítimas são lesadas principalmente em caixas eletrônicos de shoppings e em postos de gasolina.

Festejei cedo demais! O pesadelo apenas começava!

É preciso que se compreenda que mais de uma semana nesta situação de absoluto tolhimento, e ainda em se levando em conta que já estamos lesados numa quantia considerável, é quase de enlouquecer! Só uns dias depois a gerência me deu conhecimento de que a sindicância, na verdade, não é mais realizada pelo banco, dado o número grande de ocorrências ultimamente - mas em Brasília, numa tal de SUSEG! E que por isso, às vezes, o procedimento é mais demorado!

E enquanto o procedimento é mais demorado os contratempos se acumulam: danamos a passar cheques, a sacar com antecipação quantias que antes gastávamos, por precaução, com o uso do cartão, que uma vez bloqueado, de nada nos serve. O envio dos novos demora pelo menos uns quinze dias! E trate de se abastecer com dinheiro vivo num final de semana prolongado como este que se finda, se não quiser se vir em maus lençóis, como se viu meu marido há pouco na rede Extra de hipermercados!

Pagou uma compra de pouco mais de duzentos reais com cheque - para o nosso espanto, recusado, sob a alegação do caixa de que "o limite estava excedido"! Ora... como estamos com mais de tres mil reais na conta, não entendemos de forma alguma este limite excedido: e, frustrados, e sem explicações mais esmiuçadas ao menos para o momento - porque é domingo! - saímos do mercado sem as compras, tendo ainda que tolerar o insuportável ar de desconfiança de certos subalternos e circunstantes que, nestes momentos, possuem a perspicácia de uma batata assada, sem considerarem que, se estamos passando pelo já grande transtorno de ter clonado o nosso cartão de banco, a estranha ocorrência ligada ao limite dos cheques só pode guardar correlação com isto!

E arrematam desfechando à nossa perplexidade indignada que não podem, não, mostrar o documento onde consta o aludido aviso de impedimento relativo à nossa conta!

Publico este texto, portanto, em intenção de advertência aos leitores para que se precavenham de todas as formas possíveis contra esta modalidade de crime que vem se tornando uma praga, um dos pesadelos da nossa era de tecnologia! Autêntica faca de dois gumes que, se de um lado conforto proporciona, de outro nos enrasca - já que as providências de reposição dos prejuízos são lentas e falhas, submetem-nos a situações inúmeras de constrangimento, humilhação e de exposição.

Somos, assim, dupla, triplamente lesados: quando do roubo do nosso dinheiro por parte da quadrilha fraudadora; quando da falta de presteza do banco para ajuízar da realidade do fato, de posse do perfil do cliente diante do qual, ainda assim, demoram a constatar da sua idoneidade, constrangendo-nos a uma espera que se confirma secular diante de tantos transtornos; e a cada compra n'algum mercado ou outro estabelecimento qualquer num dia de domingo ou de feriado, quando nunca se sabe o que vai acontecer ao tentarmos contornar o contratempo, já de si difícil, emitindo um cheque e tendo-o recusado à queima roupa diante de todos, sem dispor na hora de nenhuma explicação plausível.

Resta-nos, agora, aguardar a segunda-feira para outra batalha na agência de origem, onde provavelmente o mais que ouviremos é que devemos ter paciência e esperar o resultado da sindicância, na confirmação de que nós, os roubados, não somos, não, os ladrões!

Fica aqui o desabafo e protesto.

Lucilla
(Christina Nunes)

Christina Nunes
Enviado por Christina Nunes em 25/05/2008
Reeditado em 25/05/2008
Código do texto: T1004927
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