A BÍBLIA - UMA ANÁLISE HISTÓRICA E IMPARCIAL

O livro mais antigo e mais vendido em todo o mundo, mas também o mais polêmico, capaz de causar discussões, discordâncias e de modificar a vida e a maneira de pensar de muitos adeptos às religiões que o adotam. A Bíblia é mais do que um simples objeto, é todo um registro histórico da humanidade.

Sua história inicia-se muitos séculos antes de Cristo, o personagem que melhor representa seus textos e a fé exacerbada da maior parte da população que habita o mundo contemporâneo. A princípio, os registros restringiam-se às experiências dos relacionamentos dos antigos sacerdotes, profetas e reis com Deus, suas questionáveis visões do mundo espiritual. Os escribas foram os responsáveis para transportar para o papel os relatos, copiando várias vezes os mesmos textos, que se mantiveram em poder dos mosteiros e das igrejas durante muito tempo até que o povo tivesse acesso, conforme a evolução dos meios de escrita e reprodução. Esses relatos ocorridos há mais de dois milênios continuam despertando a crença do homem, demonstrando todo o sucesso e poder desse livro fascinante.

A Bíblia compõe-se de duas partes, períodos em que a história é dividida em decorrência do surgimento de um Homem, o Filho de Deus. Sua passagem foi tão gloriosa que, após o reconhecimento dessa importância, os períodos da história ganharam duas designações simbólicas, a.C. (antes Dele) e d.C. (depois Dele).

Na primeira parte, a Bíblia relata a origem do mundo, as passagens e experiências religiosas dos personagens pertencentes ao período anterior a Cristo. No princípio, os textos foram escritos em hebraico, em pergaminhos, até serem traduzidos e transportados para o papel. O trecho mais remoto do Antigo Testamento que se tem conhecimento é um pergaminho de Isaías, descoberto apenas no século XX numa caverna próxima ao Mar Morto.

Quem imagina que a Bíblia compõe-se apenas de textos em prosa, pode se surpreender ao descobrir que a poesia é tão ou até mais antiga do que sua própria origem. São os “Salmos” de Davi que, por meio de seus cantos, exaltavam o poder e a glória do Criador.

Pelo fato da língua grega expandir-se por muitas regiões do mundo antigo, as escrituras hebraicas foram traduzidas com o objetivo de maior divulgação entre as comunidades emergentes. Surgiram novos relatos e, com o passar do tempo, algumas igrejas primitivas trataram de incorporá-los, contudo outras não os aceitaram, causando uma certa ruptura religiosa. Era apenas o início da polêmica que a Bíblia causaria no decorrer de sua existência.

Mesmo com a vinda e a crucificação de Cristo, o Cristianismo levou muitos anos para ser oficializado como religião, sendo proibido nos primeiros séculos da nova era histórica. Entretanto os relatos continuaram sendo divulgados pelos apóstolos, que enalteciam a experiência de suas passagens com o Filho de Deus, que teria vindo para salvar a humanidade dos pecados. Na fase denominada Novo Testamento, quatro apóstolos se destacaram, aqueles que estiveram mais presentes durante a passagem de Cristo. Pela necessidade de ensinar os convertidos ao Cristianismo e pelo desejo de relatar o testemunho dos primeiros discípulos em relação à vida e aos ensinamentos cristãos, surgiram os Evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João, constituídos praticamente das mesmas situações transmitidas por visões diferentes.

O trecho bíblico mais antigo da era cristã é um pedaço de papiro contendo algumas palavras do apóstolo João. Nos últimos cem anos descobriu-se uma quantidade considerável de papiros contendo o Novo Testamento, revelando aos estudiosos detalhes sobre a vida na época em que foram escritos.

Outros livros também fazem parte do Novo Testamento, que vão desde cartas enviadas pelos apóstolos até uma visão apocalíptica que poria um fim ao caos que domina o mundo, resultante da discórdia, da violência e da desunião entre os povos. Um mesmo livro que descreve passagens bonitas, repletas de ensinamentos sobre a essência do ser humano, também é capaz de causar pânico por relatar de forma assustadora o suposto destino da humanidade.

A segunda parte da Bíblia é a que causa maior polêmica no mundo contemporâneo. O surgimento de muitas religiões, com visões de salvação e vida eterna diferentes das defendidas pelos católicos, causou uma ruptura na sociedade em relação ao pensamento espiritual. As religiões protestantes não aceitam muitos relatos descritos no Novo Testamento, defendendo uma opinião totalmente iconoclasta, ou seja, adesão à proibição de imagens contidas no Antigo Testamento e defesa de outras teorias a que o homem se destina após o fim de sua vida terrena.

Embora acreditando ou não nos textos e nas doutrinas religiosas expostas pela Bíblia, é absolutamente impossível negar a importância que esse livro exerceu e continuará exercendo na vida do homem.

Quanto à questão de que os fatos descritos realmente aconteceram ou não passam de mera ficção criada pela religião para ludibriar os fiéis, cabe a cada um escolher a versão que melhor rege sua vida contemplativa e tirar suas próprias conclusões.

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José Donizetti Morbidelli
Enviado por José Donizetti Morbidelli em 20/01/2006
Reeditado em 30/10/2009
Código do texto: T101520
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