SUBSÍDIOS E SUBVERSAÇÕES

O Brasil reclama lá fora dos subsídios agrícolas com os quais os países europeus favorecem seus agricultores. Diz que é concorrência desleal e que o Brasil não tem condições de agir assim e outros argumentos.

Os países europeus subsidiam seus agricultores porque as terras estão muito valorizadas. Para que o agricultor permaneça no campo há necessidade de remunerá-lo bem. Se não ele poderia vender suas terras para uma empresa imobiliária e viver da renda que as construções lhe trariam. Ou para uma indústria sólida e receber ações que lhe renderiam dividendos para filhos e netos. Ou então, simplesmente embolsaria o dinheiro e o investiria além-mar. Com isso, a tecnologia dos queijos e vinhos da França, Suíça, Bélgica, Portugal, Espanha, Alemanha e outros países iriam pro brejo ou se transfeririam para fora do país onde foram geradas..

Para manterem este Status os governos chegam a pagar diretamente algumas centenas de euros, apenas para que o agricultor mantenha uma vaquinha e produza leite e queijos a preços que competem com outros países. Agricultores da Europa chegam ao cúmulo de procurar esposas no outro lado do oceano – leia-se Brasil – porque elas são mais acostumadas com a vida de interior e se tornam companheiras, invertendo o caminho que seus pais fizeram ha menos de 200 anos. Ser agricultor tornou-se um bom negócio, graças aos incentivos dos governos.

Contudo, o Brasil e outros países amazônicos devem preservar suas florestas para que não sejam devoradas pelo “progresso”. Para fazerem isso nada recebem. Recebem multas e são tachados de “devastadores da natureza” quando derrubam algumas árvores para plantar alimento. Incentivo? Nunca ouviram falar; Subsídio? Este senhor não passou por aqui, não.

No Brasil os subsídios costumam ser oficiais, mas atingem apenas aos que estão diretamente ligados ao governo. Em Manaus, descobriu-se que o motorista do presidente da câmara ganhava oito mil reais por mês. A notícia foi desmentida e esclarecida: o dito cujo recebe “apenas” seis mil e oitenta reais por mês. Por “mês” entenda-se menos de 20 dias de trabalho, com direito a intermináveis férias y otras cozitas más. Ah, ele também não precisa ir ao trabalho quando seu patrão viaja a Brasília defender estas benesses que estão ameaçadas por alguma lei sensata - ufa, até que enfim. O presidente da câmara correu pra Brasília fazer coro a outros vereadores que não querem perder uma gora sequer do leite das tetas públicas.

Não vamos questionar aqui porque um saudável vereador precisa de motorista nem porque este ganha seis vezes mais que seu colega da iniciativa privada. Vamos apenas perguntar por que se gasta tanto com incentivos às mamatas contra-producentes e tão pouco, ou nada, com atividades produtivas? Não seria porque as verbas incentivadoras ficam sempre diluídas em gabinetes da má burocracia? Já foi dito que a excessiva burocracia provoca corrupção?

O Brasil copiou dos americanos a mania da super segurança a governantes, hoje extensiva a parlamentares. Com a desculpa da segurança vieram as mordomias: Carro oficial, motorista particular, assessor pra isto, assessor pra aquilo, apartamento funcional, viagens nem sempre justificáveis etc.

Certamente a Europa aprendeu mais cedo que cuidar em gastar com coisas necessárias gera uma poupança que pode ser utilizada estrategicamente, para alimentos, por exemplo. É muito ruim descobrir que a maioria dos políticos só sabe ser popular em seus discursos carregados de demagogia. Viver como o povo vive, são águas passadas.

Quando os nossos governantes em todos os níveis deixarem de gastar com “superfluidades ostentatórias”, como dizia um ex-presidente, talvez venhamos a ter dinheiro para incentivar a produção e, quem sabe, para incentivar também a preservação. Orientando o morador das matas, dando-lhe conforto e, por que não dizer: dinheiro para que ele também veja que é um bom negócio preservar a floresta.

Atualmente o homem do interior da Amazônia está abandonando sua terra e, com isso mandando pro brejo a tecnologia acumulada em muitas e muitas gerações.

Luiz Lauschner – Escritor e empresário e Conselheiro nacional da Abrasel. www.luizlauschner.prosaeverso.net

Luiz Lauschner
Enviado por Luiz Lauschner em 05/06/2008
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