FUNCIONÁRIAS MAL EDUCADAS

José Arnaldo Lisboa Martins

Eu nasci no interior sertanejo, junto ao melhor, ao mais simples e mais honesto povo do mundo. Sem nenhuma pincelada de educação ou instrução, os matutos ou caipiras, sempre são pessoas cordiais e comunicativas, depois de se sentirem bem num ambiente, também, cordial. Sem traquejos sociais, nem por isso eles são mal educados. Quando vão comer, perguntam se querem comer com eles. Mesmo a estranhos, dão bom dia, boa tarde e boa noite, mas, quando vão para as cidades grandes, mudam um pouco seus comportamentos, às vezes aprendendo a serem mal educados como a população das cidades grandes. Eu tomei um chá de civilização e, hoje estou até melhor, já sabendo pedir licença, dar bom dia ou pedir por favor.

Eu já fui a Londres, Paris, Copenhague e outras sete capitais do velho continente europeu e voltei pra Maceió, sabendo respeitar filas, sinais de trânsito e não pisar na grama. “Ôje tô munto mió, prumode a viaje i us istudo qui tive”. Agora, já estou sabendo distinguir, quando uma pessoa é mal educada, anti-social e sem nenhuma qualidade educacional, tanto de berço, como a adquirida em bancas escolares.

Certa vez, eu fui ao Rio de Janeiro tratar de um assunto rodoviário, como representante do DER, junto ao DNER, na Av. Presidente Vargas. Fui pra falar com um tal de Dr. Falcão. Identifiquei-me à sua secretária, disse mais ou menos o assunto e fiquei esperando ele terminar uma das reuniões. Coisas de dirigentes incompetentes que, sempre apelam para reuniões, pois, sozinhos não sabem administrar ou resolver os problemas dos seus cargos ou funções. O Dr. Falcão demorou a me atender, mas, tinha uma secretária que além de “boa”, era muito educada. Perguntou como estava Maceió com suas lindas praias, quando eu iria voltar, se gostava do Rio, se queria um cafezinho, água ou uma revista para ler. Como eu “estou melhor” de educação, agradecia a cada elogio à Maceió ou oferta. Depois de se passarem dezenas de minutos, eu ainda estava com paciência, só por causa da cordialidade da secretária. Atendia a outras pessoas, entrava na sala da reunião e quando saía, me dizia: “A reunião já está pra terminar e ele atende já ao senhor”. Nisso eu ia ficando, ficando, tolerando a demora no atendimento e tendo paciência, não porque a secretária era um “aviãozinho” e sim por causa da sua educação e estar num lugar certo. Fui atendido e voltei pra Maceió com a solução do problema e podendo comparar algumas secretárias, com àquela do Dr. Falcão.

Tenho ida a repartições públicas, empresas e escritórios aqui em Maceió, mas, quando eu me lembro da secretária do Dr. Falcão, fico triste, com as secretárias que vão trabalhar mau humoradas, sem educação e sem nenhuma aula de boas maneiras. Geralmente, a culpa é dos seus chefes que só se preocupam com o dinheiro do fim do mês ou em mandarem suas secretárias dizerem, que eles estão em reunião. Tenho ido a repartições, empresas e escritórios, mas, em determinados órgãos, as secretárias sempre ficam fazendo pose com o telefone fixo ou celular, pra dizerem que são dinâmicas ou importantes. Por sua vez, alguns chefes só escolhem secretárias que sejam “boas pra tudo”. Os demais servidores, passam pra lá e pra cá e não dão um bom dia, sequer !

Obs: Este artigo foi publicado no Jornal EXTRA, hoje, 6/6/08

José Arnaldo Lisboa Martins
Enviado por José Arnaldo Lisboa Martins em 06/06/2008
Código do texto: T1022868