A gente não quer só comida...

Não é preciso dizer que Itapira não é um bom exemplo quando o assunto é diversidade cultural. Isso todos estão cansados de saber, e sempre foi assim. E também não é preciso dar nomes aos bois, uma vez que o propósito deste artigo é apenas mostrar como estamos ficando ‘para trás’ em atrações artísticas. No último dia 21, feriado de Tiradentes, a Prefeitura de Mogi Mirim entregou à população o Espaço Cidadão, área destinada à eventos, shows e feiras, construída às margens da Avenida Adib Chaib, com diversas atrações musicais, teatro, dança, e apresentação do cantor e compositor Renato Teixeira, acompanhado da Orquestra Sinfônica de Mogi Mirim. Tudo de graça, aberto ao público, e com uma estrutura de som, luz, segurança e organização invejável.

Já no dia 26, outro importante espaço da vizinha cidade, o Centro Cultural de Mogi Mirim, receberá novamente a banda Made in Brazil, com a Turnê de pré-lançamento do CD ‘Rock de Verdade’, comemorativa aos 40 anos da banda paulistana de blues e rock and roll que preenche um importante capítulo na história do rock brazuca. Vale ressaltar que semanalmente o Centro Cultural também realiza o ‘Bar dos Artistas’, onde se reúnem artistas diversos para mostrarem seus talentos.

Há algumas semanas, outra vizinha cidade comemorou seu aniversário com várias atrações. Dentre várias manifestações, apresentações teatrais e musicais, destacaram-se os shows do grupo Demônios da Garoa e Almir Sater. Todos aberto ao público.

Em Itapira vem acontecendo regularmente o ‘Rock no Parque’, evento também aberto ao público no Parque Juca Mulato. O fato é que essas comparações com as cidades vizinhas vêm mostrar que realmente estamos deixando a desejar. Claro, também temos nossa programação cultural, que inclui festivais de música, o Circuito Cultural Paulista, dentre outras atividades. Mas Itapira está carente de shows! Eventos de grande porte que poderiam ser realizados pela municipalidade. Estamos carentes de peças teatrais com grandes nomes, que viajam pelo país, passam por cidades próximas, e seguem viagem, sem fazer parada em Itapira. Mas por que isso acontece? Má vontade dos responsáveis? Talvez. Mas é inegável que o povo também tem sua parcela de culpa nessa história toda. A maioria dos eventos realizados na cidade são frutos de iniciativas privadas, como casas de shows e produtores independentes. O que acontece é que ouvimos constantes reclamações sobre a falta de opções culturais no município. Mas quando tem algum evento, seja ele qual for; independente do segmento, o público não prestigia como deveria.

Recentemente um músico da cidade e colaborador do site Megaphone Tabloid, entre outros, divulgou um artigo-desabafo, questionando os motivos que levam alguns organizadores de eventos a não pagar cachê para as bandas itapirenses e valorizar bandas de fora, enquanto “enchem o bolso de grana”.

É claro que existem exceções, e existem sim pessoas mal-intencionadas neste meio, mas é preciso que separemos o joio do trigo. Em dezembro iniciamos um projeto chamado Megaphone Rock Bar, em parceria com uma casa de eventos da cidade. O objetivo é só um: abrir espaço para as bandas de Itapira mostrar seu trabalho, tendo em vista a escassez de convites para grandes eventos, e conseqüentemente proporcionar uma nova opção para o público nas noites de quinta-feira. Não cobramos entrada, não cobramos couvert artístico, não servimos porções.

Queríamos algo realmente simples, e que se tornasse um ponto de encontro semanal, com som ao vivo de boa qualidade (Itapira está recheada de excelentes músicos e bandas). Como nada cai do céu, é óbvio que a casa tem custos: água, luz, limpeza (que poderia ser reduzida, resultando em economia, se as pessoas tomassem como hábito jogar o lixo no lixo). Também entra outros custos como aluguel de alguns equipamentos que não possuímos, aluguel de uso do ambiente, os impostos, etc. e tal. Decidimos que para cobrir estes custos, uma vez que não teríamos bilheteria paga, precisaríamos comercializar bebidas. Porém, quem trabalha com isso sabe que o lucro é mínimo, e foram poucas as vezes que fechamos o caixa com saldo positivo, dinheiro que já era empregado na próxima semana. Particularmente cheguei há ficar dois meses sem um patrocínio do site, por conta de prejuízos provindos deste projeto, quando esperava arrecadar fundos para manter o site no ar, uma vez que arco com todas as despesas. Mas a causa era nobre, então continuamos firme na batalha. Todos os músicos e bandas foram informados de que não teriam cachês, e sim uma cota de consumação. Quando, em raras oportunidades, trouxemos bandas de outras cidades, pagamos apenas os custos que envolviam pedágio e combustível. Dos patrocínios que conseguimos nas primeiras semanas, tudo foi empregado em material de divulgação. Então aproveito para deixar claro aqui que, para que não haja má interpretação do artigo em questão, o nosso projeto nunca visou fins lucrativos. Aliás, projeto este que poderia ser discutido com a Secretaria de Cultura e transformado em um evento municipal.

Enfim, o que queremos não são apenas eventos em si na cidade. Queremos mais apoio, mais incentivos e mais empenho da nossa administração para que possamos ter não apenas comida, e passamos a ter ‘comida, diversão e arte’.

Jornal:

Na última semana, lançamos a primeira edição impressa do Megaphone Tabloid, com o mesmo objetivo da versão on-line: incentivar, divulgar e apoiar a Arte, Cultura e música, com foco direcionado ao Rock and Roll e suas diversas vertentes, bem como o teatro, cinema, exposições, entre outras manifestações culturais.

O site, que completará 3 anos no próximo dia 29, ainda enfrenta muitos desafios. Trabalhamos com um sistema conhecido como ‘blog’, o que torna o serviço bastante limitado.

Apesar de termos alterado todo o layout para dar uma ‘cara’ mais profissional, O Megaphone Tabloid ainda não é um verdadeiro portal de notícias, uma vez que é preciso contratar um profissional web para desenvolver o sistema, e o custo não é baixo. Com o apoio dos anunciantes esperamos conseguir transformar nosso site em um verdadeiro portal.

Esperamos que todos gostem e prestigiem.

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Publicado Originalmente no Jornal A Gazeta Itapirense.