PENITENCIÁRIAS OU POCILGAS ?

PENITENCIÁRIAS OU POCILGAS ?

José Arnaldo Lisboa Martins

Uma das pessoas amigas com as quais eu me comunico através de e-mail, recentemente me mandou várias fotografias mostrando as dependências de uma prisão na Áustria. Pelos textos que explicam as fotografias, vê-se que o intuito, de quem primeiro criou o e-mail, foi mostrar o absurdo das nossas penitenciárias, quanto ao tratamento que é dado aos presos. Por mais cruéis que tenham sido os crimes por eles cometidos, não se justifica tratá-los pior do que animais. A liberdade é um dos grandes presentes que Deus nos dá e o contrário a ela, é o castigo do sofrimento sem ela. Todos os criminosos devem receber castigos, uns mais do que os outros, transformados em anos de prisão. Não é jogando-os numa pocilga que deve ser aplicada a pena.

Eu não gosto de ver cenas sangrentas, quando em acidentes aparecem cabeças separadas dos corpos, peixeiras cravadas no coração da vítima, crianças contando os abusos sexuais cometidos por seus pais, pessoas presas nas ferragens de um carro e outros quadros repugnantes. Quando a televisão mostra estas coisas, eu mudo de canal imediatamente, por não tolerar tais realidades chocantes. Quando vejo dezenas ou centenas de presos numa cela de tamanho menor do que uma baia para cavalos, menor do que um canil ou menor do que uma pocilga, eu só penso nos culpados, nos governantes e nas autoridades penitenciárias. Fico a desejar que um dia eles cometam crimes e passem a dividir um metro quadrado de prisão com os marginais que cometeram crimes, por falta de educação que eles mesmo não lhes deram.

O ser humano é diferente um do outro, pela língua, pelo traje ou pelos costumes, porém, iguais ou semelhantes no cometimento dos crimes. Na Áustria também se mata, também acontecem assaltos e, por isso existem prisões, mas, lá, como em dezenas de outros países, tratam o criminoso como um ser humano ou um futuro regenerado. Aqui no Brasil, o preso é torturado e jogado numa cela imunda, na qual um vaso sanitário atende a sessenta ou cem pessoas. Nem a uma simples folha de papelão, para se deitarem e dormirem, os presos têm direito. Uns dormem por cima dos outros e a falta de higiene é uma das coisas que mais nos deixa enojado com as nossas autoridades!

Nossas penitenciárias são o “supra-sumo” dos absurdos, mas, aqui-acolá a televisão mostra figuras engravatadas e mulheres bem vestidas para periciá-las, contudo, depois que todos nós os vemos, eles vão para suas mansões e esquecem suas funções, cometendo o crime da omissão, pior do que os cometidos pelos aprisionados. Nossas prisões preparam os presos para novos crimes e a imundície onde eles são jogados, nos deixam envergonhados como brasileiros. Todo o dinheiro desviado dos cofres públicos pelas quadrilhas descobertas todas as semanas, daria para construção de dezenas de penitenciárias, porém, seria muito melhor que nelas prendessem as autoridades culpadas pela absurda maneira de tratar um ser humano. Os direitos humanos são para os que vivem em gabinetes luxuosos ou viajando para congressos ridículos, onde discutem seus salários e, não como melhorar o sistema penitenciário do Brasil.

Obs: Este artigo foi publicado no jornal EXTRA, hoje, 13/6/08

José Arnaldo Lisboa Martins
Enviado por José Arnaldo Lisboa Martins em 13/06/2008
Código do texto: T1033350