EDUCAÇÃO, LEITURA E CIDADANIA

Não há dúvidas de que o caminho para a solução dos problemas sociais, econômicos e políticos que enfrentamos tem, necessariamente, que passar por investimentos na educação. As autoridades políticas não podem ignorar essa realidade, já soberbamente comprovada pelos cânones científicos.

Investir em educação é, sobretudo, criar escolas com infraestrutura suficiente, melhoria dos salários, capacitação e melhoria das condições de trabalho dos professores; desenvolver políticas públicas que possibilitem a melhoria da qualidade do ensino público e facilitem o acesso do povo a todos os níveis de esclarização, inclusive, de 3° grau. Feito isto, é necessário que se invista no cultivo ao hábito de leitura como meio de aprimoramento dos conhecimentos e crescimento pessoal.

Na sociedade atual não há como conceber a educação sem leitura. Ler é se abrir para o mundo. O cartunista, chargista e escritor mineiro, Ziraldo Alves Pinto, autor de “O Menino Maluquinho”, “A Turma do Pererê”, “Menina Nina” e “O Menino é Seu Amigo” defende a idéia de que a prática da leitura, por si só, chega a ser mais importante até mesmo do que estudar de maneira formal. Em entrevista recente ele esclareceu que “Só um povo que lê é capaz de racionar e entender as coisas. Por isso, temos que fazer do Brasil um país de leitores”.

Idéias como a de Ziraldo precisam ser cultivadas, regadas e reproduzidas o tempo todo. É claro que o estudo regular, em qualquer nível, é de suma importância, contudo, o hábito de leitura, além de levar o indivíduo ao amadurecimento pessoal, proporciona-lhe uma leitura crítica do mundo – conforme Paulo Freire, no livro “A importância do ato de ler”, a leitura crítica do mundo precede a leitura da palavra escrita.

Segundo a perspectiva de Paulo Freire, a leitura não se restringe à palavra escrita, mas a tudo aquilo que corre no mundo e que chega ao conhecimento do indivíduo. Dentro dessa visão, leitura pode ser definida como o ato de perscrutar, investigar, pesquisar, enfim, buscar os porquês de tudo aquilo que chega ao nosso conhecimento; é a ação de pensar, refletir.

Torna-se imperioso vencer as barreiras alienantes de uma cultura que se assenta sobre práticas que impedem as pessoas de pensar criticamente. A televisão, nesse contexto, desponta-se, então, como o mais importante mecanismo de massificação, capaz de interferir de forma inexorável sobre a formação de novos hábitos e costumes, especialmente daqueles comportamentos que têm por escopo reforçar a lógica capitalista. Preso a essas teias, o cidadão só poderá libertar-se a partir de uma educação de qualidade: a educação possibilita a cada um desenvolver a capacidade de entender, avaliar e julgar toda e qualquer informação que lhe chega.

Como se pode ver, a educação é o instrumento que socializa o ser humano; é condição sine qua non para que cada indivíduo adquira a consciência dos seus direitos e deveres e do seu papel enquanto membro ativo de uma sociedade – é a condição primeira para se tornar cidadão.