O Estado Mínimo, Essência do Pensamento Neoliberal e Consciência Mínima...

Uma pergunta que não quer calar: por que a greve dos professores não decola?

Infelizmente a filosofia neoliberal, implantada na década de 90 no Brasil, ganhou forças dobradas na gestão FHC. A idéia de “Estado Mínimo” adentrou o século XXI, e continua minando a consciência coletiva, através de uma mídia descomprometida com a realidade e ilusória.

A TV, o rádio, a internet, a mídia escrita, oculta a realidade transmitindo meias verdades daquilo que acontece. Nos bastidores do poder está podridão e, a sujeira, corre nas veias dos nossos congressistas, em sua maioria. Em breve toda a mídia apodrecida como a Globo, Bandeirantes, SBT e outras não hesitarão em divulgar em 2010 o nome do candidato à presidência tucano e seus comparças que concorrerão uma vaga no Congresso Nacional. A sociedade protetora dos animais deveria protestar, pois o TUCANO, entre as aves exóticas brasileiras é símbolo um nacional, no entanto, foi colocado de forma profana como símbolo partidário de um grupo de políticos que está acabando com os serviços públicos no Estado de São Paulo. Colocar o TUCANO como símbolo desses ABUTRES destruidores da escola pública é mais que profanar a fauna brasileira, é um tremendo SACRILÉGIO. A Coisa Pública é sagrada e o tucano não merece ser colocado como símbolo daqueles que destroem, e acaba com a educação pública paulista. O ABUTRE, deveria ser a ave-símbolo, que mais se enquadraria na caracterização daqueles que em conjunto apoiaram esse nefasto decreto 53037/08 que veio para destruir os direitos de cidadania dos professores. O URUBÚ-REI assinou o projeto, a secretária o empurrou para os professores juntamente com a lei1041/08 que limita a falta médica com atestado a apenas 6 por anos. O “deus-serra” achou que pode determinar até o dia em que o professor deve ficar doente. E a professora gestante, como fica? São 9 meses de gestação e pré-natais. E aquela professora da Grande São Paulo que tem um filho de apenas 2 anos de idade, que precisa de acompanhamento médico, como fica? Deixará o filhinho ir sozinho até o hospital, em Ibirapuera ou em Osasco? A lei impede até uma mãe de acompanhar o filho ao médico!

Hoje, dia 4 de julho completou 21 dias de greve dos professores por causa do decreto e da lei que rasga o Estatuto do Magistério e prejudica todos os professores. A secretária impõe uma avaliação seletiva aos professores ACTs anulando todas as experiências daqueles que sempre atuaram na educação. Professoras e professores de 15, 20, 30 ou mais anos de trabalho podem perder seu direito de continuar lecionando. Quem nunca entrou numa sala de aula, recém-formado e cabecinha fresca, poderá, sem nenhuma didática, assumir o lugar de alguém próximo de se aposentar. A aposentadoria do professor está em jogo! O decreto 53037/08, a avaliação seletiva e a lei 1041/08 são as feridas abertas da “serra elétrica” governamental, que dilacera os nossos braços e pernas, impedindo-nos de prosseguir a jornada rumo à aposentadoria.

O Sr. ilustre moto-serra está passando com seus dentes afiados sobre a educação. Apesar de não serem vegetais, nem árvores, muitos professores cairão se esse maldito decreto não cair. Com tantas decepções, fica uma pergunta no ar...

Por que a greve dos professores ainda não decolou?

O Estado Mínimo apregoado nos quatro ventos do Brasil a partir de Collor (1990) e fortalecido por FHC de1994 a 2002, reduziu a consciência de todas as classes trabalhadoras atingindo os ditos “formadores de opinião” - os professores.

É muito difícil convencer aquele que se julga “conhecedor” e, é mais fácil, convencer um semi-analfabeto sem-terra, do que discursar para quem possui um diploma superior, principalmente, os da área de Matemática, recém-concursados. Infelizmente, poucos professores dessa área são conscientes em relação às lutas trabalhistas. Pior ainda foi ouvir professores de Língua Portuguesa e de Artes preocupados com o tal do Período Probatório! No entanto, o mais grave de tudo é ver um professor ou professora das áreas de História e Geografia com o mesmo discurso. Até professores de Químicas entenderam o sentido da nossa luta, mas os novos efetivos, tecem discursos que desmobilizam a greve dos professores. Não acho que o problema seja o fato de terem se efetivados, mas de consciência política e crítica de grande parte da categoria. Período probatório, medo de ficar sem salário é apenas um álibi, porque, o que falta mesmo é consciência!

Todas as categorias profissionais sofreram uma perda e redução da consciência política, só que fico na dúvida, se esses professores que continuaram em sala de aula de fato, sabem o que significa consciência política. Desde que ingressei no magistério em 1991, venho observando a muito que a categoria dos professores sempre se dividiu em dois grupos: os mais conservadores e que trabalham em prol do STATUS QUO e o grupo daqueles mais críticos e progressistas, com ideais de esquerda. Só que com a filosofia neoliberal que prega o Estado Mínimo reduziu ainda mais a pouca consciência dos professores. Aqueles novos efetivos gabam-se de terem passado num concurso, e isso dividiu a escola. Temos o grupo dos efetivos e o grupo dos ACTs. Quem se tornou efetivo sem consciência crítica e política se tornou um efetivo em ignorância e estupidez e o ACT ficou entre a cruz e a serra elétrica do Serra. Com o Estado Mínimo os professores vivem a crise da Consciência Mínima também. Os gays, os ambientalistas, os sem-terras e até os índios tem nos dado exemplos de como se deve lutar. Temos metas, sonhos e objetivos: continuar educando para a cidadania, mas parece que o terrorismo do governo faz que um grupo de professores recue na hora mais difícil. Um pensamento oriental diz: Lutar sim, retroceder jamais! Acho que muitos colegas professores não conhecem isso. Quem recua diante da ação terrorista do Estado Neoliberal é covarde. Esse Estado assassino que mata culturalmente milhares de jovens que não terão a chance de desfrutar da verdadeira cidadania. Infelizmente os frutos podres da Progressão Continuada ou Promoção Automática já estão por aí desempregados e sem a mínima competência para serem absorvidos pelo mercado de trabalho. A secretária compareceu à mídia para culpar os professores do fracasso educacional que começou com a Lei de Diretrizes e Bases 9394/96. Novas teorias, e pensadores, que julgam de longe, e desconhecem a realidade da escola pública da periferia de São Paulo fizeram sucessos e se enriqueceram com suas obras literárias reescritas a partir de outros pensadores. Assim, os professores foram desrespeitados e subjugados, não houve debate algum, mas imposição. Houve doutrinamento, e agora, uma nova cartilha que faz-nos ter saudades do Caminho Suave (cartilha imposta pela ditadura militar), pois os alunos aprendiam e eram alfabetizados, apesar da ditadura. Se na década de 1960 a 1985 os estudantes tinham que sair para as ruas juntamente com os seus professores, mesmo correndo o risco de serem presos, torturados e mortos, hoje, precisamos ainda mais dos nossos alunos para substituírem aqueles professores que têm medo da luta e que nunca estiveram num Regime Militar. É duro saber que ma Era da liberdade muitos intelectuais se acovardam na hora da luta. Nossa esperança de luta são os nossos alunos, porque, o Estado Mínimo Neoliberal minimizou a consciência de muitos professores. A greve terminou, mas permaneceremos em Estado de Greve até voltar com força total em agosto se o governo e a secretária Maria Helena não revogar a lei 1041 e o decreto 53037 que sofreu algumas alterações sem perder a essência. Os professores decidiram voltar por não fazer sentido ficar em greve no período de recesso escolar e por causa do recuo de muitos que foram educados pela cultura do medo, por isso a greve enfraqueceu. Por culpa de muitos covardes, muitos também morreram na história da humanidade e por culpa de um único covarde Tiradentes foi enforcado e Jesus foi crucificado e sangrou até a morte sobre um madeiro. Infelizmente tem muitos covardes e medrosos na educação. Vivemos na Era da Consciência Mínima num Estado Mínimo. Lutar sim, retroceder jamais!