Rolando Sobre Sonhos

Desde há vários anos que circulam pelas estradas dos países mais desenvolvidos veículos eléctricos. A diminuta aceitação destes automóveis junto do cidadão comum prende-se essencialmente com três condicionantes; uma, a autonomia, outra, a velocidade máxima alcançada, e por fim a eficiência do carregamento dos acumuladores.

Reconheço, e não me vou documentar para efectuar este exercício de raciocínio, que não percebo nada da matéria. Acontece no entanto que a prolongada e continuada existência deste género de veículos no mercado sugere de per si a eventual rentabilidade dos mesmos. Ora o busílis da questão reside aí: As limitações anteriormente enumeradas alvitram fraca rentabilidade ou, o que quanto a mim é o mais credível, falta de interesse dos monopólios da indústria automóvel e das petrolíferas em que se desenvolvam tecnologias que tornem estes automóveis mais atractivos. Suspeito portanto que o que acontece é que há ou tem havido pouco interesse na pesquisa científica para aprimorar o sistema de locomoção eléctrica automóvel.

Ainda no campo das dúvidas sugestivas questiono em um primeiro ponto a limitada autonomia e o exagerado tempo de recarga das baterias autónomas. Penso saber que no sistema clássico uma pequena bateria excita por impulso um motor de arranque que vai actuar sobre o sistema de carburação do motor e este, mercê dos movimentos impulsionadores alternados dos pistões e dos êmbolos provocados nas câmaras de explosão fazem girar uma cambota, e esta por sua vez, todo um conjunto de engrenagens que permitirão a locomoção e a potência do engenho. Fará igualmente e ainda girar uma ou mais ventoinhas do sistema de refrigeração e uma polé de alternador o qual fornecerá energia eléctrica para o consumo autónomo enquanto o veículo estiver em funcionamento. Estou convencido que este método simplista não forneceria energia suficiente para recarregar as baterias de um carro eléctrico mas acredito que o método poderá levar a estudos e a conclusões úteis.

Na produção das energias renováveis utiliza-se a eólica e se o princípio é válido nesse sector, sabendo nós que a refrigeração do motor a explosão é feita por meio de ventoinhas porque não debruçarem-se sobre a possibilidade de gerar por esta via alguma energia para em parte autonomizar o funcionamento do motor eléctrico? Haverá adaptações a fazer mas os desenhadores aceitariam de bom grado o desafio das alterações aerodinâmicas. Se um veículo eléctrico fosse pensado de forma a não depender da tensão das suas baterias para se deslocar, mas sim de diversificados pequenos geradores de energia, poder-se-ia obter uma maior autonomia, mais potência e um menor tempo de recarga das baterias de arranque. Os painéis solares geram eles também a já badalada energia. Porque não aproveitar os tejadilhos dos automóveis para esse fim?

É claro que sou um sonhador e estou a delirar. Pode ser que estes exemplos não sejam, entre outros a considerar, os mais acertados. Ou então pode também ser que os interesses são tantos que o melhor é pagar para que os investigadores não se ponham a pensar e o petróleo continue a subir e a poluição a aumentar, acabando por nos sufocar a todos nos guetos das casas-fortes dos interesses financeiros.

Moisés Salgado