DIREITA OU ESQUERDA? ME ENGANA QUE EU GOSTO!

Qual é a melhor: a direita ou a esquerda; a situação ou a oposição... Você saberia discernir?

Hoje, no Brasil existem dezenas de partidos políticos, uns se intitulando de direita, outros de esquerda, que foram gerando outros que se dizem de centro, outros de centro-direita, além dos de centro-esquerda e assim por diante, numa profusão sem fim... Uns se dizem defensores do trabalho, outros enfatizam as questões sociais, outros se mostram adeptos do progresso, outros defendem o caráter cristão, outros são partidários da renovação social, outros se dizem amigos e defensores dos pobres, havendo ainda os que cultivam os superados ideais do comunismo, além dos que se intitulam os amigos do planeta. Existem atualmente neste país, tantos partidos quanto se possa combinar as letras do alfabeto.

Antigamente as coisas eram mais definidas politicamente falando: direita era direita e esquerda era esquerda e não havia meio termo, portanto não existia e nem se admitia que pudesse haver pontes que possibilitassem pactos entre os diferentes e definidos territórios partidários. Contudo, com o tempo as coisas foram mudando, os extremos perdendo as forças e os que tinham tendências de ficar em cima do muro, passaram a ter sua posição permitida e até mesmo oficializada, quebrando-se o mito de que ficar em cima do muro seja um ato covarde, próprio dos que não têm caráter e capacidade de decidir.

O surgimento dos partidos que se dizem de centro foi como uma ponte construída entre a esquerda e a direita, permitindo que uma pudesse ter acesso à outra. Uma vez criada essa ponte, que de início era fechada e controlada, mantendo um mínimo de intercâmbio, adeptos dos dois lados passaram a espichar seus olhos compridos sobre o território inimigo, aos poucos foram dando tchauzinhos, sorrisos, e assim descobriram que as coisas do antagonista não eram tão más quanto pensavam. Desta forma, foram se aproximando, fazendo amizade e aos poucos encontraram o diálogo; passaram a se doutrinar reciprocamente, cortar as aparas um do outro, a abrir mão de seus próprios radicalismos e defeitos que os destituíam de tantas oportunidades, chegando mesmo a ponto de rirem dos atos extremados, mais tarde. Essa inusitada amizade, que no passado parecia impossível, foi criando raízes e, de repente o muro alto e supostamente intransponível que os separavam foi sendo ocupado de tal forma que mal havia lugares para se sentar sobre ele, ficando, assim, cada vez mais despovoado os territórios de origem. Em cima do muro, de onde se pode enxergar os dois lados e traçar um melhor parâmetro de idéias, foram travando largos entendimentos; descobriram logo que entre eles havia uma coisa em comum: ambos queriam o poder. Perceberam que se os caminhos eram diferentes, o objetivo, no entanto, era o mesmo: ter o poder nas mãos. E assim perceberam que não eram tão diferentes e que não mais justificava a milenar inimizade. Daí pensaram: se nós igualmente queremos o poder, por que não nos aliarmos? E assim os arquiinimigos esquerdistas e direitistas depois de muito se enamorem, se acasalaram definitivamente, e hoje andam abraçados e felizes, cada qual com sua cota de influência no poder e detentores de grande parcela dos bens que o mesmo proporciona. Os princípios e as filosofias se mesclaram, se desvirtuaram, aliás se tornaram secundários, e hoje é possível todo tipo de união e casamento, desde que haja um acerto justo na divisão das cotas do poder. E assim, os extremistas passaram não só a se tolerarem, mas a se gostarem mesmo, todos com as mãos em seus cobiçados e seculares alvos: o poder.

Mas, e o povo, onde entra?

- Bem, na verdade não entra, mas aí já é uma outra questão!