Amor e suas Demandas

Amor e suas Demandas

Os discípulos caminhavam um tanto vagamente ao longo de uma trilha próxima ao Mar da Galiléia, ombros caídos, abatidos, todos eles pensando em como suas brilhantes esperanças haviam sido tão completamente destruídas. Jesus tinha sido crucificado; Ele se fora. O que fariam agora, que pudesse Ter algum significado ?

Finalmente , Pedro sugeriu um retorno à sua antiga vocação: “vamos pescar”. Eles gastaram toda a noite no lago, lançando suas redes e puxando-as vazias. Pela manhã, um estranho gritou da praia : “Lancem a rede do lado direito do barco, e encontrarão alguma coisa. “Quando eles fizeram isto, os peixes pareciam correr para dentro da rede, como se fossem atraídos por um ímã. Quando se dirigiam para a praia com sua abundante pesca, João reconheceu o estranho como Jesus. Em seu excitamento, Pedro pulou do barco e foi andando em direção ao Mestre.

Este discípulo havia negado seu Senhor por três vezes ; ele o abandonou na hora de Sua maior necessidade. Pedro se sentia como um fracassado, como alguém que havia perdido para sempre sua oportunidade de testemunhar por Aquele que significava tudo para ele.

Mas durante os poucos minutos que se seguiram ao redor de uma fogueira que Jesus acendera, este discípulo seria tranqüilizado, restaurado e recomissionado como um Apóstolo de Jesus Cristo. O diálogo entre Jesus e Pedro esclarece as quatro demandas do amor divino e mostra como este amor restaura o relacionamento daqueles que se haviam afastado.

O Amor de Deus restaura as pessoas

Se você já se sentiu como fracassado, como se Deus o houvesse abandonado. Se você já sentiu que desperdiçou as suas oportunidades de testemunhar por Cristo, o sente que comprometeu seu testemunho por Ele para sempre, então as palavras de Jesus para Pedro são apropriadas para você. O amor de Deus restaura as pessoas; ele nos comissiona para o serviço . Veja como:

O AMOR DEMANDA UMA RESPOSTA PESSOAL

Depois dos discípulos terminarem de o desjejum que o Mestre prepara para eles, Jesus dirigiu-se a Pedro e perguntou: “ Simão, filho de João, amas-me? ( João 21:15).

Jesus não perguntou ao seu discípulo se ele amava a causa, ou se ele amava a mensagem, ou se amava a Igreja. Ele perguntou “Amas-me?” Um relacionamento pessoal precisa ser reafirmado. Aquele que entregou Sua vida em amor pela humanidade deseja ser amado; Ele deseja ser amado pelas pessoas.

Há um lugar especial no coração de Deus somente para você.

Pedro respondeu ao Mestre: “ Sim, Senhor, Tu sabes que te amo.” Acredito que o coração de Cristo bateu um pouco mais depressa quando Ele ouviu isto. Acredito que esta expressão de devoção emocionou o Mestre. A Sra. White escreveu em O Desejado de todas as Nações: “ Nosso Redentor tem sede de reconhecimento. Tem fome da simpatia e do amor daqueles que comprou com Seu próprio sangue “. (p. 191)

Se você não tem respondido ao amor divino, há um espaço vazio no coração de Deus. Há nele um lugar que só você pode ocupar como Seu filho. Cada pessoa interessa infinitamente ao nosso Senhor. Esta é base de toda a conquista de almas. É por isso que Seu amor demanda uma resposta pessoal.

Se morre algum filho num acidente trágico, a mãe ou pai não podem ser consolados com o fato de outros filhos permanecerem vivos. O chefe de uma grande família, por exemplo, nunca pensaria, “Bem, o Beto se foi, mas está tudo bem; ainda me sobraram oito filhos. “Não, a ausência de Beto deixa um vazio irreparável.

Há um lugar especial no coração de Deus somente para você. Ninguém mais pode substituir a personalidade única, a milagrosa combinação de gens e cromossomos, que é você.

Por isso Jesus perguntou a Pedro “Amas-me?” Ele esperou uma resposta individual. E Ele ainda está esperando. Somos motivados a buscar os individualmente.

O AMOR DEMANDA UM COMPROMISSO VERDADEIRO.

Depois de Pedro reafirmar seu amor, o Mestre lhe disse: “Pastoreia as minhas ovelhas.” O amor divino é ativo, e não passivo; ele é dinâmico, e não estático, por isso ele procura obter uma resposta ativa. A mensagem é: “Se você me ama, faça alguma coisa a respeito, expresse esse amor.”

O amor nos compele a agir.

O amor genuíno é mais que um sentimento afetuoso, mais que uma boa idéia; ele envolve compromisso. O amor nos compele a agir. O amor é o marido levantar às três da madrugada para trocar o bebê, para que sua esposa possa dormir um pouco mais. Amor é ir trabalhar na manhã seguinte e não dizer nada a respeito.

O amor nos impele a buscar um mundo perdido e agonizante, um mundo de filhos de Deus em desesperada necessidade. Somos compelidos a anunciar as novas do que o amor divino realizou na cruz.

Quando Jesus disse : “Pastoreia as minhas ovelhas”, isto era ao mesmo tempo uma ordem e um conforto. O Mestre pediu uma resposta ao amor. E Ele também garantiu a Pedro que ele era digno de ministrar outra vez, de apascentar as ovelhas. Quando o amor divino nos chama para testemunhar, é uma ordem e um conforto.

O AMOR DEMANDA CONTÍNUO CRESCIMENTO

O amor divino sempre leva ao crescimento. Quanto mais você ama a Cristo, mais você é capacitado e motivado para servi-lo. E quanto mais você serve a Cristo, mais aumenta o seu amor por Ele.

No diálogo entre Jesus e Pedro, encontramos duas palavras gregas que são traduzidas “amor”. Alguns especialistas acham que existe um significado especial no modo como estas palavras são usadas.

A primeira pergunta de Jesus a Pedro empregou a palavra “ágape”. Ele perguntou : “Você me ágape ?” Isto é : Você me ama com o mesmo amor divino e desprendido que eu tenho por você?

Pedro respondeu : “Sim, Senhor. Eu o “phileo”. Isto é : “Sim , eu tenho um forte amor fraternal , uma emoção humana pelo Senhor.”

Jesus fez a mesma pergunta outra vez: “Você me “agape” ?

E Pedro respondeu novamente : Sim, Senhor, eu o “phileo”, como se estivesse dizendo “Eu O amo com toda a afeição que humanamente eu possuo”.

Jesus fez a pergunta uma terceira vez, mas agora empregando a palavra “phileo”: “Simão, filho de João, você me “phileo”? Isto é : Você me ama com este laço humano de afeição ?”

E Pedro respondeu, pela terceira vez, “Sim, Senhor, eu o “phileo”. Ele estava dizendo ao Mestre, na verdade, que ele lhe dava todo o seu amor, contaminado pelas fraquezas humanas como ele era.

O QUE É AMOR ?

PHILEO  AMOR FRATERNAL

EROS  AMOR FÍSICO

ÁGAPE  AMOR DIVINO, DESINTERES-

SADO, CELESTE.

Jesus disse: Apascenta as minhas ovelhas.”

Então Jesus disse : “Pastoreia as minhas ovelhas”. Aqui nós vemos a recomendação final de Jesus ao Seu apóstolo. Eu imagino Cristo dizendo, através de tudo isto: “Então siga em frente e trabalhe por mim. Eu sei que você me ama com o mesmo amor puro, divino que eu tenho por você ; sei que seu amor é humano, e vem através do egoísmo humano, mas Eu peço que você cuide do meu rebanho. Se você participar comigo em minha missão, se você entregar sua vida à conquista de almas, então você conquistará este puro, divino amor.”

O amor divino nos pede para começarmos onde nós estamos. Deus nos ajuda a crescer precisamente porque Ele nos aceita exatamente onde estamos. Então Ele nos empurra para o caminho que fará com que o nosso amor amadureça e se amplie.

Não importa quão graves tenham sido as nossas faltas, não importa quão fraco possa parecer agora o nosso amor por cristo, Ele pede para nos envolvermos. Deus quer que o nosso amor se expanda. Quanto mais nós o servimos, mais nós amaremos. E quanto mais amamos, mais desejaremos servir.

O AMOR DEMANDA O SUPREMO SACRIFÍCIO

Ao final da conversa entre Pedro e Cristo, vemos os dois caminhando juntos na praia. Enquanto as ondas giravam sob seus pés, Jesus disse a Pedro : “Pastoreia as minhas ovelhas. Em verdade, em verdade te digo que , quando eras moço, tu te cingias a ti mesmo e andavas por onde querias; quando, porém, fores velho, estenderás as tuas mãos e outro te cingirá e te levará para onde não queres.”

( S. João 21:17,18).

Com estas palavras Cristo referia-se ao martírio que Seu discípulo um dia experimentaria. Suas mãos seriam atadas a uma cruz. Em Sua revelação Cristo ofereceu a Pedro uma escolha. Ele lhe ofereceu a maior alegria de sua vida, ganhar pessoas para Cristo. No dia do Pentecostes ele pode ver milhares vindo para a fé. Ele pode realizar milagres no nome de Jesus e glorificá-lo diante de muitos outros milhares. Pedro poderia ter o prazer de compartilhar com Cristo em Sua grande missão.

MAS ESTE PRIVILÉGIO DEMANDAVA UM SACRIFÍCIO, O SACRIFÍCIO SUPREMO.

A Pedro seria pedido que desse a sua vida; não apenas seu dinheiro, não apenas uma parte de suas atividades, mas sua vida, Jesus queria que Pedro fizesse um compromisso com os olhos abertos. E Ele quer o mesmo para cada um de nós. Mais do que dar o nosso tempo e os nossos talentos, Jesus quer que entreguemos a nossa vida. O AMOR DIVINO, QUE NADA RETÉM REQUER UMA TOTAL ENTREGA EM TROCA.

Numa nublada manhã em 1955, João Napoli, um pescador italiano, dirigia seu barco para a Baía de São Francisco. Ele estava voltando de uma viagem de três semanas e levava a bordo cerca de 1.500 quilos de peixe. Então, subitamente, em meio da névoa ele viu um homem boiando na água, batendo os braços desesperadamente. João dirigiu seu barco para junto dele e puxou o homem. Então ele viu outro homem, uma mulher e uma criança flutuando em um salva-vidas. Ele continuou pescando pessoas na Baía até que umas quarenta estavam sentadas, frias e molhadas no convés de seu barco. O que ocorrera era que o navio-hospital “Netherlands”, que por causa da neblina havia encalhado, havia jogado os passageiros nas ondas. Mais e mais sobreviventes apareciam, e João continuou a resgatá-los, até que não havia mais lugar.

Ele resolveu jogar no mar uma parte dos seus peixes para acomodar mais pessoas. Mas ainda não havia lugar suficiente. Afinal, João Napoli jogou no mar toda a sua tonelada e meia de peixe e acomodou 50 sobreviventes no barco, e mais umas 17 segurando nas amuradas enquanto ele se dirigia para o porto.

O amor divino nos pede para começarmos onde estamos.

Durante os anos que se seguiram, quando João andava pela baía com seu barco de pesca, ele encontrava pessoas que diziam : “Aquele é João Napoli, que jogou fora o peixe e salvou minha vida”. As crianças falavam às mães e aos pais : “Olhe, aquele é João Napoli que resgatou as pessoas do navio-hospital.” Penso que ele nunca se arrependeu de sacrificar aquelas três semanas de duro labor no mar.

Um dia, num lugar onde as ruas são calçadas de ouro, nós encontraremos pessoas que se aproximarão e dirão : “Obrigado por você Ter deixado a sua televisão e Ter vindo bater à minha porta para contar-me sobre Jesus.” “Obrigado por cancelar o seu lazer para dar-me um estudo bíblico.” “OBRIGADO POR CONTAR-ME SOBRE JESUS.”

Nada do que tivemos feito parecerá um sacrifício naquela hora. Nosso investimento de tempo e esforços, o investimento da nossa vida, parecerá exageradamente recompensado.

VAMOS NOS DEDICAR HOJE ÀS COISAS QUE REALMENTE TÊM VALOR.

Vamos jogar fora alguns peixes e resgatar pessoas. Que prazer é transformar o amor em ação, transformar intenções em dedicação. Vamos responder a este amor divino que nada retém, e nos entregar ao serviço. Vamos cumprir nossa missão como embaixadores de Jesus Cristo.

AUTOR. Ramiro Thamay Yamane Japan 03.08.2008