O PODER DA PALAVRA

A palavra tem um poder criador. Não há novidade nessa afirmação, mas é sempre bom lembrarmos disso para não empregarmos palavras com efeito inverso: o de destruir. Palavras são usadas em argumentações das mais diversas e em todos os níveis.

A palavra de um médico tem o poder de curar um doente ou de adoecer uma pessoa sadia, dependendo com for empregada. A palavra de um professor tem o poder de despertar a capacidade num aluno ou torná-lo inapto em uma ou oura matéria escolar.

A palavra de uma mãe ou de um pai é fundamental na formação e no estilo de vida que os filhos terão. Elas que vão nortear o comportamento do filho durante a quase totalidade da vida. Mesmo quando o filho tem revolta contra os pais, há momentos em que lembra o que lhe foi dito na infância.

Nesta Olimpíada estamos vendo o quanto valem as palavras de estímulo de um treinador, as orientações positivas dos técnicos e mesmo as palavras da torcida.

Quantas vezes, quando a dúvida nos assalta, num momento de decisão, ligamos a um amigo apenas para saber a opinião dele. Esta opinião nos orienta, nos faz tomar decisões cruciais. Em tese, a palavra apenas ilustra uma música, mas, quando a letra é boa pode tornar belo todo o conjunto.

João, na bíblia diz que “no princípio era o Verbo...” para dizer que tudo passou pelo planejamento a partir da palavra. A palavra é proferida após ser concebida pela mente e só depois é “materializada” para que possa ser ouvida pelos demais.

Nos últimos dias temos assistido alguns desastres serem provocados por palavras mal empregadas. Referimo-nos às negociações de Doha, que foram por água abaixo por falta de acordo e também por palavras mal proferidas e mal escolhidas pelo nosso chanceler Celso Amorin.

Numa oportunidade referia-se ele à palavras de um outro ministro, um crápula da história, chamado Joseph Goebbels, que cunhou a célebre frase: “Uma mentira repetida muitas vezes, se torna verdade”. Goebbels que, embora sendo um nazista extremado, era um competente manobrista das palavras. O chefe da propaganda nazista usava tão bem as palavras que ele próprio acreditava em suas mentiras. Pior, convenceu tão bem a sua esposa que esta preferiu matar os próprios filhos à vê-los crescer fora do regime nazista.

Em outra, fez uma pergunta: “Quantos 11 de setembro ainda serão necessários...” Se com isso quis pôr a culpa nos americanos de terem sofrido com a destruição das torres gêmeas, talvez tivesse razão. A vida de uma nação é, em suma, o resultado de suas ações. Talvez a humilhação imposta com a destruição das torres tenha sido conseqüência da maneira como os americanos tratam o resto do mundo. Mesmo assim, há outros argumentos para lembrar aos nossos vizinhos ricos que eles devem pôr a mão no bolso.

O presidente Lula, mesmo sendo um falastrão que muitas vezes comete gafes sérias, sempre conseguiu receber o perdão quando mete os pés pelas mãos. Afinal, não estudou diplomacia. Porém um diplomata de carreira, representante de um país que tem interesses imensuráveis no resultado da negociação, deveria ter mais cuidado.

Quem fala muito e ofende sem necessidade corre o risco de não ser levado a sério. Quando um vendedor, um político ou um chanceler perde a credibilidade na maior ferramenta de trabalho que possui, corre o risco de falar para ninguém. Quando a palavra perde seu poder de criação, há um descrédito geral e aquele que a profere deve fazer as malas e recolher-se.

Luiz Lauschner- Escritor e empresário

www.luizlauschner.prosaeverso.net

Luiz Lauschner
Enviado por Luiz Lauschner em 10/08/2008
Código do texto: T1121519
Classificação de conteúdo: seguro