A seletividade do mercado de trabalho

O processo histórico brasileiro sempre foi excludente e trouxe para os parâmetros da sociedade atual uma seletividade preconceituosa e ignorante, que influiu diretamente no desenvolvimento sócio-econômico do cidadão.

Nesse contexto de seletividade está inserido o mercado de trabalho, que é bastante concorrido e mais acessível aos qualificados profissionalmente. Mas o que tem o negro, a mulher e o idoso de comum na inserção desse mercado? Quais dificuldades enfrentadas por esses grupos na disputa pelo emprego?

O maior problema está nas diversas discriminações sofridas por cada grupo, mas que acarreta numa mesma consequência: o desemprego. O negro sofre a repressão racial originária do passado, ocupando cargos menos qualificados e de baixa remuneração, como nos setores de construção civil e serviços domésticos, que são completamente instáveis. A vulnerabilidade no trabalho - como a falta de carteira assinada e direitos sociais, o trabalho por conta própria, jornada extensa - causa grandes contrastes que são refletidos principalmente na taxa de desemprego. Só na cidade de Salvador essa taxa é quarenta e cinco por cento maior entre negros do que entre brancos, segundo dados da Dieese. Na distribuição do trabalho, dois negros equivalem ao trabalho de um branco.

A mulher é vítima de uma sociedade machista, que pregava o trabalho doméstico e submissão ao homem. Mas com as inovações tecnológicas, ela criou mais autonomia, diminuindo a fertilidade e elevando o nível de escolaridade. A partir de então ela adentrou no mercado trabalhista, mesmo assim ganhando menos que o homem e ocupando cargos miseráveis - setores de serviço como cabeleireiras, manicures, serviços de saúde e doméstico. Ela também foi excluída da participação no processo decisório de uma empresa, por exemplo - que pode significar fuga de idéias. Outra dificuldade vem acompanhado da falta de infra-estrutura, como creches e lavanderias, para a permanência no emprego.

Os idosos já sofrem prenconceitos pela sua idade e com competitividade do mercado comercial, algumas empresas vem dispensando pessoas mais velhas - tanto de idade como de tempo de serviço - para por em seus lugares jovens dinâmicos, como o intuito de alavancar o âmbito de trabalho. Mas essa medida faz com que a empresa perca o detalhismo do serviço e a identidade que o empregado oferece.

Essa má distribuição de renda vem do modelo de industrialização, da falta de investimentos sociais e também da inflação que nosso país sofre constantemente. O governo deveria criar projetos de alcance a esse público - como cotas para negros, mulheres e pessoas mais velhas em empresas - e investir principalmente na educação, para criar possibilidades da inserção dessas pessoas no mercado comercial e alavancar conseqüentemente o model sócio-econômico no país.