A socialização do homem

Vivendo em um mundo desigual e habitado por desiguais, o homem passa pelo menos por uma das três formas de socialização – a adaptação, a acomodação e a assimilação – sendo que a forma mais conveniente somente poderá ser determinada quando considerado o contexto em que será desenvolvida.

A adaptação é o processo de mudança biológica que ocorre no indivíduo em conseqüência de mudanças geográficas. Deve ocorrer quando você muda de um lugar quente para um lugar frio ou vice-versa, implicando em adaptações no vestuário, nas atividades cotidianas, etc. Por exemplo, nos países de clima muito frio, as pessoas passam o inverno recolhidas dentro de casa enquanto que os animais ficam presos nos estábulos. Durante o verão são armazenadas as provisões necessárias para o inverno. A fragilidade do corpo não suportaria os rigores do inverno, congelando-se rapidamente. Uma pessoa que sai do Brasil tropical e vai para um país de clima assim, certamente passará por muitas adaptações biológicas para conseguir sobreviver ali. A mesma coisa aconteceria com outros que viesse de lá para cá. Os portugueses, por exemplo, no início da colonização brasileira, quando chegaram ao Brasil tiveram que mudar o hábito de tomar banho. Em função do clima frio da Europa, eles não tomavam banho. Isso, todavia, não poderia acontecer no Brasil, onde se transpira com abundância. Muitos portugueses se encantaram por brasileiras e abandonaram suas portuguesas, porque aquelas eram mais cheirosas do que estas, porque se banhavam diariamente.

De igual modo, uma pessoa que deixa o mundo não-cristão, espiritualmente simbolizado, dentre outras formas, pela figura do Egito (Ap. 11:8, At 7:39), em virtude de que o povo de Deus, o antigo Israel, peregrinou e sofreu bastante naquela terra (Ex 2:23; 3:7; Mq 6:4; At 7:34; Hb 11:24-25), donde foi libertado e tirado com grande salvamento (At 7:36; 13:17,. Hb 8:9, Judas 1:5) pela liderança de Moisés(At 7:35, 40, Hb 3:16), um dos tipos de Cristo (At 7:37) e emigra para o mundo cristão, espiritualmente figurado por Israel, a Nação formada por Deus a partir de Abraão (Gn 17:5; Rm 9:6-8; Gl 3:7, 29; Ef 2:11-16), também terá que passar por profundas adaptações para conseguir sobreviver.

O clima do “mundo do Egito” é quente, a vegetação é rude, a paisagem é inóspita (Is 14:17). Adão (Gn 3:17-19) e o filho pródigo (Lc 15: 11-17) fizeram a viagem contrária. Saíram do “mundo de Deus” e fora para o “mundo dos homens”. Davi falou sobre ele (Sl 23:4). Jesus também esteve lá (Mt 4:1-3; 27:33-34). O mundo de Deus é diferente. Adão viveu nele (Gn 1:15-16). O filho pródigo também (Lc 15:17). Satanás é o príncipe deste mundo (Is 14:12, 17; Ap 2:3; 12:9; Jo 14:30; 16:11). Davi diz que a terra de Deus é composta de pastos verdejantes e de águas que refrigeram (Sl 23:2-3). É um mundo de alegria e felicidade (Ap 21:4).

A adaptação é a mudança externa que se faz para evitar o conflito. O crente, às vezes necessita adotar um comportamento até mesmo contrário àquilo que ele acha de somenos importância, em função de outras pessoas, para que outros não se escandalizem e o reino de Deus não seja prejudicado (1 Co 6:12; 10:23; Rm 14:13; 20; 1 Co 8:13; 2 Co 6:3).

Já a assimilação é a mudança interna. O crente deve experimentá-la em sua profundidade. Ela equipara-se a um novo nascimento (Jo 3:3, 5). A pessoa que renuncia ao seu senhorio de Satanás deixa de pertencer a este mundo e ao seu padrão de vida (Jo 15:19; 17:14, 16). A sua Pátria está nos céus (Fp 3:20; Hb 11:14-16). É orientada para uma nova forma de viver (Rm 12:2); a não ficar ansioso pelas coisas típicas da Terra (Lc 12:29-30; 21:34; Jo 3:19). Deve ser uma nova criatura (2 Co 5:17; Gl 6:15). O crente não deve seguir mais as práticas do mundo (Jo 17:15; 1 Co 3:19; Ef 2:2; Tg 1:27; 4:4; 2 Pe 1:4; 2:20; 1 Jo 2:15).

Essa é a socialização que o homem deve experimentar para que seja agradável a Deus e aceito aos seus olhos (Rm 12:2b; 14:14-18; 2 Tm 2:15).

Izaias Resplandes é membro da Igreja Neo-Testamentária de Poxoréo, MT