O MUNDO TEM FOME

A crise alimentar mundial está atingindo proporções nunca antes imaginadas.

Há oitocentos milhões de pessoas desnutridas no mundo. Onze mil crianças morrem de fome a cada dia. De cada sete pessoas uma padece de fome. Um terço das crianças dos países em desenvolvimento tem atraso no crescimento físico e intelectual. Um bilhão e tresentos milhões de pessoas não dispõem de água potável. 40% das mulheres dos países em desenvolvimento são anêmicas.

Em mais de 40 países ao redor do globo terrestre estão acontecendo revoltas de famintos. A imprensa, sob pressão do poder econômico empresarial, tem se mostrado silenciosa e míope a respeito deste fato.

A prioridade dos países ricos tem sido alimentar veículos e as máquinas que lhes garantem conforto. Há uma preocupação muito grande com o fim das reservas de petróleo.

A história nos mostra que desde a descoberta do petróleo ele tem sido a principal motivação das guerras e uma das principais causas do aquecimento global que vem causando tsunamis, furacões, tempestades e tantas outras catástrofes climáticas. O petróleo causou enorme desigualdade entre os países e permitiu o armamento desenfredado de inconseqüentes candidatos a ditadores.

A Organização Mundial do Comércio, o Fundo Monetário Internacional, o Banco Mundial e os países ricos adotaram um sistema de industrialização da agricultura que se rege pela liberação, pela especulação e pela competição. Querem mais dinheiro a qualquer preço. Sua proposta unificada é de mais produção, mais transgênicos, mais fertilizantes e mais mercado consumidor que possa pagar.

Segundo a Organização para Alimentação e Agricultura (FAO), a dívida externa dos países menos avançados istá impossibilitando a importação de alimentos e ou o desenvolvimento agrícola de que necessitam para alimentar sua população. O endividamento com bancos particulares, Banco Mundial e FMI obriga estas nações a incrementar exportações para pagar juros da dívida externa. Cerca de 40% do valor arrecadado com estas exportações são utilizados exclusivamente para o pagamento dos juros. Apesar disso, infelizmente, a dívida continúa crescendo.

Antes da Segunda Guerra Mundial a África, Ásia, América do Norte e América Latina eram os grandes exportadores de alimentos. Hoje a situação é bem diferente. Mais de 100 países são dependentes e importadores de alimentos provindos da América do Norte. Esses países relegaram a agricultura a um plano secundário e se voltaram para a produção industrial. A situação climática tem criado problemas insuperáveis para a América do Norte que hoje já não consegue atender a estes países importadores, uma vez que desde 1988 sua produção vem caindo a tal ponto que não consegue atender ao consumo interno. O principal fenômeno é a seca e conseqüente carência de água que vem atingindo todo o planeta.

Com a agricultura industrializada o mundo terá alimentos e mesa farta, mas os pobres morrerão de fome por não terem dinheiro para compla-los.

Os paises ricos não abrem mão dos subsídios agrícolas.Isto ficou bem claro na última negociação de Doha. Agindo assim eles garantem seu alto índice de consumo e desperdício enquanto grande parte da população mundial luta pela simples sobrevivência.

O desequilíbrio de renda chegou a tal ponto que hoje no mundo 1.125 bilionários individuais possuem mais riquezas do que o conjunto de países onde vivem 59% da população mundial.

No Brasil contabilizamos 5 mil famílias detendo 46% da riqueza nacional.

Precisamos urgentemente retornar aos ensinamentos dos nossos ancestrais para produção de alimentos orgânicos, preservação do solo e seu enriquecimento com nutrientes naturais. O caminho é a agricultura familiar. No Brasil 70% dos alimentos que chegam à nossa mesa provem da agricultura familiar, mais ou menos assim distribuidas: 67% do feijão, 60% da produção de suinos, 70% de frangos, 56% de laticínios, 89% de mandioca, 75% de cebola e 70% de alface.

Nossos pequenos agricultores serão a salvação para que os brasileiros não passem fome, mas é preciso privilegiar os mercados locais e regionais como, também, criar mecanismos de forma a inibir e até coibir a especulação com alimentos impedindo a formação de oligopólios.

Nicéas Romeo Zanchett -artista plástico

http://www.artmajeur.com/niceasromeozanchett

Romeo
Enviado por Romeo em 17/08/2008
Reeditado em 17/08/2008
Código do texto: T1132006