Carta a Diego Hipólito

Meu caro Diego,

Não nos diga nada. Está escrito em seu rosto todas as palavras e as entendemos bem. Neste momento, seu rosto é a lousa onde o destino escreveu duas palavras : Dor e Decepção !

Foi tudo tão rápido. Tão inesperado. Porém, o que aconteceu naquele momento, só diz agora respeito a você, a você e a mais ninguém.

Era o seu momento , você sabia disso, mas ele não veio. Porque? Ë a única pergunta que todos escrevemos na tua lousa, sem piedade alguma.

E você tentará uma resposta. Capricho do destino? Fatalidade? Limitações de ordem muscular? Alguma dor que limitou teus movimentos? Um movimento mal executado simplesmente? Qualquer que seja a resposta, ela precisará ser dada de você para você , para você e para mais ninguém.

Faça-o sem pressa e sem alarde. Você tem todo o tempo a seu favor. Contra você existe apenas sua dor, que não é pequena, nem rasa. A dor, contudo, que tem o dom de nos destruir, tem também o de nos reconstruir das cinzas que a derrota nos impõe.

Deixe o tempo sarar tuas feridas. Ele o fará. Porque o sol sempre volta com suas verdades e você precisará estar de pé para recebê-lo.

Não precisa pedir desculpas. Nem as merecemos, mas já que as deu, as aceitamos, porque mais do ninguém nós precisaremos tê-lo de volta, inteiro, grandioso, para que inspire os jovens a descobrir seus talentos e vocações para o esporte e nós que militamos na vida, de suas vitórias e progressos para que inspirado no seu triunfo, encontremos forças para acreditar em nossos valores e em nossa raça.

Não Diego, sua missão não acabou. Ela apenas escreveu com tintas dolorosas mais capitulo de sua jornada. Porque nenhuma estória de nenhum ser humano, será linear e contínua, e é nos desvãos entre a vitória e a derrota é que está a essência e a grandeza da vida.

Temos mais do que você, de aprender isso e isso também sua derrota nos ensinou.

Nada é vão, nada é por acaso. A fúria com que lançamos contra o fracasso de nossas expectativas é de nossa responsabilidade. Só nossa e nós temos que achar remédio para ela, com a hombridade de reconhecer que nossos heróis, em quem projetamos irresponsavelmente os nossos sonhos, são humanos e falíveis. Feito de músculos, sangue, emoção, ansiedades, fé e também lágrimas.

Vá Diego, volte o mais rápido que puder. Vá brilhar, porque a vida continuará cinza e quem tem a luz, como você , deve fazê-la brilhar no pobre universo de nossas vidas.

Toma aí um abraço e siga em frente!

Celio Govedice
Enviado por Celio Govedice em 19/08/2008
Reeditado em 07/09/2008
Código do texto: T1135075
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