A PENA DE MORTE RESOLVERIA O PROBLEMA
DA VIOLÊNCIA NO BRASIL?
Diante da violência que eclode nos grandes centros urbanos, vozes inflamadas e donas de protestos nem sempre legítimos se levantam em diversos setores da comunidade. Não raro, é possível se ouvir que a cura - ainda que parcial - deste "mal" reside na decisão do país em reduzir a maioridade penal ou, muito pior, na introdução da pena de morte como forma brutal de repressão da criminalidade.
A julgar pelo diálogo ardente em cujas palavras há o poder da hipnose, o que esses "justiceiros de plantão" almejam é a autopromoção, estar estampados nas colunas sociais, promovendo o debate alheio, vazio, que vá de encontro com os anseios dos mais humildes, incapazes de compreender o real sentido de se retirar uma vida ou punir os mais jovens com uma pena tão letal quanto ao crime que praticaram. Não se está dizendo, em momento algum, que o menor não deva pagar pelos erros cometidos, mas trancafiado por dezenas de anos atrás das grades, sem receber a reeducação prometida, permitirá que ele um dia retorne à sociedade, diferente de quando entrou?
Antes de propalar "entulhos teóricos", a sociedade deve estudar cada caso com a isenção exigida, preencher as lacunas históricas desses filhotes do crime com os motivos que os levaram a abandonar o seio familiar para provar o "mel" nada aprazível da bandidagem. Acredita mesmo, você que está lendo este texto, que alguém estaria disposto a se afastar da luz para cair nas trevas, sem que isso lhe trouxesse algum benefício? Levar bala a troco de nada? A não ser que fosse louco, ou filho do Fernandinho Beira-Mar.
Age certo o Governo ao impedir tal desatino, porque a raiz do crime está dentro do lar, quando falta a comida no prato, quando a luz é cortada por falta de pagamento e todos são obrigados a fazer um "gato" para tomar banho quente. Claro que há exceções, sempre existe um ou outro que se apaixona pelo caminho tortuoso, mas é a minoria. Não podemos julgar uma população inteira por causa de alguns. Por mais indignada que esteja com os bárbaros assassinatos, por vezes, manchetes dos periódicos nacionais (leia-se João Hélio Fernandes Vieites, o garoto de 6 anos que foi morto no Rio, após ser arrastado por quase um quilômetro, preso ao cinto de segurança), a sociedade não deve se pautar apenas pela emoção; cabe à luz da razão, a condução dessa discussão.
E se a lei da maioridade penal for aprovada e o problema não resolvido? Logo aparecerão outros pedindo a redução para 14, 12, 10 anos... Daqui a alguns anos, até o feto poderá ser responsabilizado por sua inocência natural! O problema não está na idade, mas na elucidação dos problemas sociais, algo elementar na cultura brasileira e tratado com desdém pelas autoridades constituídas.
E quanto à pena de morte? Seria uma oportunidade única de se praticar a "justiça com as próprias mãos", tão almejada pela população?Talvez seja, mas com ela novos problemas surgirão... O que será das pessoas presas inocentemente? O Estado poderá libertá-las a tempo, antes de serem executadas de forma desumana, em nome de uma justiça tão cruel e injusta? Como este mesmo Estado indenizará as famílias dos inocentes mortos? Apenas com "dinheiro", o vil papel que corre o mundo, comprando tudo e todos? A vida como objeto de escambo?
Sabe-se que muitas pessoas não dão importância à liberdade, vão presas mais de três vezes e ainda insistem no erro. Mas isso seria motivo para que a pena de morte fosse utilizada em massa?
Os Estados Unidos, por exemplo, adotaram a pena de morte, nem assim acabaram com a violência. Foram 85 executados no ano passado e há mais de 142 aguardando sentença favorável no corredor da morte. E os números da violência, pelo menos nos principais Estados da Federação, estão em via ascendente, o que representa, em tese, a fragilidade da proposta levantada pelos moralistas de plantão, que defendem a Pena de Morte como o único instrumento capaz de devolver a paz aos seios das sociedades dominadas pelo banditismo.
Acabar com a violência é uma tarefa difícil, porque não depende da pena de morte e sim da conscientização de cada um... Ninguém é contra a extensão das penas - hoje limitadas a trinta anos de reclusão - àqueles que cometerem crimes graves, agora, tirar a vida de alguém, ainda que este tenha praticado um genocídio, não é função do Estado; se o fizer, estará sendo tão criminoso quanto ao réu a que condenou à morte...
Antes de diminuir a maioridade penal ou implantar a pena de morte, a sociedade deve passar por um exame de consciência, estudar os prós e os contras das respectivas propostas, distante da emoção, do desespero e do desabafo sensacionalista do mundo-cão, afinal, uma decisão arbitrária trará conseqüências ainda mais graves, a ponto das feridas sociais implodirem guerras de toda natureza, assim como já acontece em diversas partes do mundo...
DA VIOLÊNCIA NO BRASIL?
Diante da violência que eclode nos grandes centros urbanos, vozes inflamadas e donas de protestos nem sempre legítimos se levantam em diversos setores da comunidade. Não raro, é possível se ouvir que a cura - ainda que parcial - deste "mal" reside na decisão do país em reduzir a maioridade penal ou, muito pior, na introdução da pena de morte como forma brutal de repressão da criminalidade.
A julgar pelo diálogo ardente em cujas palavras há o poder da hipnose, o que esses "justiceiros de plantão" almejam é a autopromoção, estar estampados nas colunas sociais, promovendo o debate alheio, vazio, que vá de encontro com os anseios dos mais humildes, incapazes de compreender o real sentido de se retirar uma vida ou punir os mais jovens com uma pena tão letal quanto ao crime que praticaram. Não se está dizendo, em momento algum, que o menor não deva pagar pelos erros cometidos, mas trancafiado por dezenas de anos atrás das grades, sem receber a reeducação prometida, permitirá que ele um dia retorne à sociedade, diferente de quando entrou?
Antes de propalar "entulhos teóricos", a sociedade deve estudar cada caso com a isenção exigida, preencher as lacunas históricas desses filhotes do crime com os motivos que os levaram a abandonar o seio familiar para provar o "mel" nada aprazível da bandidagem. Acredita mesmo, você que está lendo este texto, que alguém estaria disposto a se afastar da luz para cair nas trevas, sem que isso lhe trouxesse algum benefício? Levar bala a troco de nada? A não ser que fosse louco, ou filho do Fernandinho Beira-Mar.
Age certo o Governo ao impedir tal desatino, porque a raiz do crime está dentro do lar, quando falta a comida no prato, quando a luz é cortada por falta de pagamento e todos são obrigados a fazer um "gato" para tomar banho quente. Claro que há exceções, sempre existe um ou outro que se apaixona pelo caminho tortuoso, mas é a minoria. Não podemos julgar uma população inteira por causa de alguns. Por mais indignada que esteja com os bárbaros assassinatos, por vezes, manchetes dos periódicos nacionais (leia-se João Hélio Fernandes Vieites, o garoto de 6 anos que foi morto no Rio, após ser arrastado por quase um quilômetro, preso ao cinto de segurança), a sociedade não deve se pautar apenas pela emoção; cabe à luz da razão, a condução dessa discussão.
E se a lei da maioridade penal for aprovada e o problema não resolvido? Logo aparecerão outros pedindo a redução para 14, 12, 10 anos... Daqui a alguns anos, até o feto poderá ser responsabilizado por sua inocência natural! O problema não está na idade, mas na elucidação dos problemas sociais, algo elementar na cultura brasileira e tratado com desdém pelas autoridades constituídas.
E quanto à pena de morte? Seria uma oportunidade única de se praticar a "justiça com as próprias mãos", tão almejada pela população?Talvez seja, mas com ela novos problemas surgirão... O que será das pessoas presas inocentemente? O Estado poderá libertá-las a tempo, antes de serem executadas de forma desumana, em nome de uma justiça tão cruel e injusta? Como este mesmo Estado indenizará as famílias dos inocentes mortos? Apenas com "dinheiro", o vil papel que corre o mundo, comprando tudo e todos? A vida como objeto de escambo?
Sabe-se que muitas pessoas não dão importância à liberdade, vão presas mais de três vezes e ainda insistem no erro. Mas isso seria motivo para que a pena de morte fosse utilizada em massa?
Os Estados Unidos, por exemplo, adotaram a pena de morte, nem assim acabaram com a violência. Foram 85 executados no ano passado e há mais de 142 aguardando sentença favorável no corredor da morte. E os números da violência, pelo menos nos principais Estados da Federação, estão em via ascendente, o que representa, em tese, a fragilidade da proposta levantada pelos moralistas de plantão, que defendem a Pena de Morte como o único instrumento capaz de devolver a paz aos seios das sociedades dominadas pelo banditismo.
Acabar com a violência é uma tarefa difícil, porque não depende da pena de morte e sim da conscientização de cada um... Ninguém é contra a extensão das penas - hoje limitadas a trinta anos de reclusão - àqueles que cometerem crimes graves, agora, tirar a vida de alguém, ainda que este tenha praticado um genocídio, não é função do Estado; se o fizer, estará sendo tão criminoso quanto ao réu a que condenou à morte...
Antes de diminuir a maioridade penal ou implantar a pena de morte, a sociedade deve passar por um exame de consciência, estudar os prós e os contras das respectivas propostas, distante da emoção, do desespero e do desabafo sensacionalista do mundo-cão, afinal, uma decisão arbitrária trará conseqüências ainda mais graves, a ponto das feridas sociais implodirem guerras de toda natureza, assim como já acontece em diversas partes do mundo...