PLEBISCITO (1993)

O plebiscito está aí porque o sistema republicano está sendo questionado. Mas não é novidade; pois Monteiro Lobato sempre fez isso e tinha, com certeza, seus motivos.

O plebiscito de 21 de abril próximo merecia um debate esclarecedor por parte da mídia. Entretanto, o que se vê, principalmente no horário eleitoral da TV, está mais para programa humorístico. E é uma pena, porque a sociedade brasileira e a comunidade eleitoral em especial devia ser levada mais a sério.

A maioria dos eleitores não sabe sequer o que vai votar, muito menos o que escolher. A confusão está generalizada e os políticos brasileiros - pelo menos a elite política, parecem interessados em instalar os eleitores numa verdadeira Torre de Babel.

A escolha, a princípio, é simples. Difícil saber, no entanto, qual é, realmente, melhor.

A nossa escolha básica será:

– Forma de governo: República ou Parlamentarismo.

– Sistema de governo: Presidencialismo ou Monarquia.

Com o nosso voto escolheremos uma República Presidencialista ou um Parlamentarismo Presidencialista ou Monárquico.

Na República Presidencialista o Presidente é escolhido periodicamente pelo Parlamento. O Presidente indica o 1º Ministro que deverá apresentar um programa de governo para ser aprovado pelo Parlamento e se transformar em lei.

No Parlamentarismo Monárquico, o rei será indicado definitivamente pelo Parlamento, entre os herdeiros oficiais do trono, e a família real terá a responsabilidade de restabelecer a moral entre os políticos e manter a moral brasileira elevada.

No Parlamento, tanto o Presidente quanto o Rei exercem função representativa. A responsabilidade do governo, propriamente dita, se concentrará nas mãos do 1º Ministro.

Se já é difícil escolher, mais difícil ainda é defender uma forma e um sistema de governo que satisfaçam plenamente as necessidades brasileiras.

Se o plebiscito está aí é porque o sistema republicano está sendo questionado. Mas isso não é novidade; porque Monteiro Lobato – figura brilhante na Literatura Brasileira, sempre fez isso e devia, como grande pensador que era, ter seus motivos.

A Monarquia Absoluta não existe mais em nenhuma parte do mundo e nem poderia ser diferente para se evitar tiranias. Mas existe tirania maior que um sistema corrupto que lesa sistematicamente o povo e o leva cada mais a uma pobreza maior? O que se gasta diretamente numa campanha presidencial a cada quatro anos, e o que se gasta depois - durante o mandato, nos cargos oferecidos aos cabos eleitorais que elegeram o presidente, para serem distribuídos aos cabos eleitorais que irão eleger os políticos abaixo do nível presidencial, oneram as folhas de pagamento do governo, gerando e aumentando cada vez mais o déficit público. O povo vai sendo enterrado vivo e nunca sabe quem é o coveiro. A Monarquia acabaria, no mínimo, com isso - o que já seria um bom motivo.

A família real deve zelar permanentemente pelo seu bom nome e a nobreza simboliza o que pode haver de melhor para um povo. O brasileiro, em geral, se inspira na realeza para personificar o que tem de melhor em seu meio: o rei do futebol, o rei da música popular, a rainha dos baixinhos e etc. É instintivo, é inconsciente, mas é fato comprovado. O rei não precisa fazer média, não precisa bajular, nem fazer demagogia. O rei não precisa se projetar politicamente; ele já está no topo. Só precisa, é claro, ter preparo. E isso inicia no berço. E é, mais que uma regalia, uma responsabilidade natural e intransferível para a vida toda.

O Brasil virou um mar de lama onde políticos astutos ficam sempre boiando, enquanto os demais brasileiros se afundam cada mais.

A maioria dos eleitores não participa efetivamente sequer da política local, a nível de município; não acompanha as sessões da Câmara Municipal, não se interessa pelas decisões dos vereadores quando votam projetos que por lá tramitam, mas reclama sempre estar mal representado. A verdade é que o povo, na sua grande maioria, não se interessa por política e, com isso, não está nunca preparado para escolher governantes e representantes para fiscalizar de forma eficaz o governo.

A escolha de um presidente é um exercício teórico, porque na prática nunca funciona. É o que a História registrou durante a nossa República. Assim sendo, por que não um rei? Afinal, ele foi afastado durante um século mas nunca perdeu a majestade.

Lourenço Oliveira
Enviado por Lourenço Oliveira em 27/02/2006
Reeditado em 02/03/2015
Código do texto: T116591
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2006. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.