O BRASIL e a EGRÉGORA TEMPLÁRIA

O BRASIL e a EGRÉGORA TEMPLÁRIA

Flavio MPinto

1. Os Templários

Templários era uma ordem religiosa-militar criada em 1118. Neste ano, nove monges , dentre eles Godofredo de Saint Omer e Hugh Paynes, remanescentes da primeira Cruzada em 1097 contra o domínio turco-muçulmano em Jerusalém, anunciaram a intenção de fundar uma ordem de monges guerreiros. Eles ficariam encarregados da segurança dos peregrinos nos territórios cristãos no Oriente.

Seu lema era "Non nobis, Domine, non nobis, sed Nomini Tuo ad Gloriam"( Não para nós, Senhor, não para nós, mas para Glória do teu nome)( Salmo de David).

Fizeram votos de castidade, pobreza pessoal e obediência. Inicialmente chamados de Pobres Cavaleiros de Cristo, se instalaram em Jerusalém numa parte do palácio que foi cedida por Balduíno, um local que outrora fora o Templo de Salomão ao lado da Mesquita de Al-aqsa. Ficaram conhecidos como Cavaleiros do Templo ou Cavaleiros Templários. Usavam uma túnica branca com uma cruz vermelha no peito. Possuíam rígida hierarquia onde seus membros só eram promovidos em combate e seus conhecimentos transmitidos em cerimônias secretas aos iniciados.

Segundo especulações, sua fundação teria sido articulada por Bernardo de Claraval (São Bernardo) para buscar a Arca da Aliança e as Tábuas das Leis Divinas no Templo de Salomão( Wikipedia). O Santo Graal seria apenas uma metáfora para se referir a esses tesouros.

Seus integrantes recebiam treinamento militar e viviam de doações de reinados e nobres chegando a tornar-se uma força militar respeitosa com uma reserva monetária admirável. Ao iniciar a viagem para a Terra Santa, o peregrino trocava seu dinheiro/bens por uma carta de crédito nominal que lhe era restituída em qualquer posto templário. Assim, seus bens estavam seguros da ação de saqueadores. Daí uma das especulações sobre sua fortuna.

A diversificação das atividades templárias angariou uma aura de magia e mistério indo até seu tesouro "escondido", fruto dos depósitos recebidos, cujos locais eram transmitidos somente intra-muros nas suas propriedades aos integrantes a medida que fossem promovidos. A pureza e a espada eram as apreciadas garantias dadas pelos Templários aos que acolhiam em depósito.

Em 1291, ante a perda definitiva de Jerusalém para os muçulmanos, as três Ordens religiosas-militares saem da cidade. Os Cavaleiros Teutônicos regressam á Alemanha, os Hospitalários vão para a Ilha de Chipre depois para Malta, e os Templários instalam-se em Paris, mas com suas sedes se espalhando por toda França, Portugal, Espanha, Itália e Alemanha. Estas era mais de 9.000 na Europa e mais de 700 castelos só na França. Pelo seu poderio e fidelidade somente ao Papa, constituíam um Estado dentro de outros. Para garantirem a sua independência, os Templários fizeram questão em possuir portos privados. Mônaco, Saint-Raphaêl, Majorque, Collioure, Martigues, Mèze, na bacia de Thau e Saint-Tropez. Perto da Mancha, Saint-Valéry-en-Caux e Barfleur, bem como Saint-Valéry-sur-Somme. Na Bretanha, o porto templário da Ile-aux-Moines. Geralmente, embarcavam aí os peregrinos que se dirigiam a Santiago de Compostela. Mantinham também pontos noutros portos importantes como Toulon, Marselha, Hyères, Nice, Antibes, Villefranche, Beaulieu e Menton.

No séc. XIV, o rei da França, Felipe, o Belo, devia muito dinheiro e propriedades aos templários e aos judeus. Então, anteviu a possibilidade de destruí-los.

Em 1291, já procedera do mesmo modo com os banqueiros lombardos e, em 1306, com os mutuários judeus. Quanto aos templários, como deviam responder somente ao papa, teria de ter um papa sob seu manto para tal intento. E, de ambas as vezes, a ação fora a rapina, o confisco dos bens, a anulação das dívidas reais.

Se disse também, que tal ódio aos templários se devia pela negativa a que seu segundo filho pudesse "entrar no Templo".

E assim, o arcebispo de Avignon, Beltrão de Got, numa troca de favores com o rei, chegou ao papado como Clemente V e iniciou junto com Nogaret, guarda-selos do rei, o equivalente a ministro da Justiça, uma implacável perseguição áqueles seus credores.

No dia 12 para 13 de outubro de 1307, as propriedade dos Templários na França foram invadidas por soldados do rei e seus integrantes levados a julgamento com toda sorte crimes forjados por Nogaret. Esse processo inquisitório durou anos e culminou com milhares de templários mortos e a morte na fogueira de seu Grão-mestre Jacques de Molay em 18 de março de 1314.

As derradeiras palavras de Jacques de Molay foram:

"- Nekan, Adonai!Chol-Begoal! Papa Clemente...cavaleiro de Nogaret...Rei Felipe: intimo-os a comparecer perante o tribunal de deus em um ano para receberem o justo castigo. Malditos!malditos! todos malditos até a décima terceira geração de suas raças." O que se sabe é que o Papa morreu 33 dias depois e o rei sete meses após. Nogaret também morreu no mesmo ano de 1314.

A Ordem foi extinta e suas propriedades e bens distribuídos por toda Europa, inspirando a criação da Franco-maçonaria e a Companhia de Jesus.

2. O Ordem de Cristo

Os braços perseguidores do rei francês tentaram alcançá-la em terras portuguesas esbarrando na intransigência de D.Diniz, soberano luso, escorado no julgamento dos templários da península ibérica em Salamanca, que os declarava inocentes.

D.Diniz diplomaticamente criara outra Ordem, a de Cristo, e passara os Templários portugueses e seus bens para ela, não indo contra a ordem papal- a bula Vox in Excelso de 1310, que os extinguia e passava seus bens aos Hospitalários. A Ordem dos Templários, por conseguinte, acabou por se transferir para Portugal em 1307.

Após a morte de Clemente a nova Ordem é confirmada em 1319 pelo Papa João XXII com a bula Ad esquibus cultus angeatur divinus, atendendo ao soberano português e recebendo o nome de Ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo ou como ficou conhecida-Ordem de Cristo, instalando-se no castelo de Tomar, guardião dos segredos que Felipe II não conseguiu destruir. Iniciava uma nova era para os templários, agora imersos em novo projeto e missão desfraldando a bandeira lusa: "desbravar mares nunca navegados". Portugal torna-se um novo lar para os templários de toda Europa.

Os conhecimentos dos templários foram extremamente úteis á Coroa portuguesa.

Conquista de terras, administração de povoados, extração de minérios, construção de castelos, catedrais, moinhos, alojamentos e oficinas e fiscalização do cumprimento das leis, além de aprimorarem o conhecimento em medicina, astronomia e matemática, permitiu-lhes ser úteis particularmente na navegação e descoberta de novos mares.

Constam mapas do Brasil datados de 1389 e provavelmente em 1250 os Templários estivessem estado aqui nas suas explorações.

Com o Infante D. Henrique, terceiro filho de D. João I, governador de Algarves, como grão-mestre da Ordem, em 1416, a organização encontrou o apoio necessário para realizar um antigo e ousado projeto: circunavegar a África e chegar à Índias, ligando o Ocidente ao Oriente sem a intermediação dos muçulmanos, que então controlavam os caminhos por terra. O projeto de Marco Polo de chegar ás Índias e a chegada de Colombo á América foram dessa iniciativa.

Com estaleiros, tecnologia e experiência náutica os templários, agora na nova Ordem, se estabeleceram em Lisboa dando início aos seus projetos de circunavegação.

Os projetos da Ordem de Cristo recebem o aval do Papa Martinho V e passam a ter caráter de cruzada. Portugal, no entanto, nesse período, era uma nação pobre apesar de sua reconhecida capacidade e habilidade marítima e a chegada dos templários e o aval do Papa lhe deram uma nova importância.

A partir do porto de Lagos os segredos de Tomar galgaram o mundo náutico.

Não havia mapeamento do Hemisfério Sul, apenas o mapa estelar norte era existia, a navegação para o Sul era desconhecida e temida. Acreditavam que os mares do Sul eram repletos de figuras monstruosas.

Os segredos de Tomar eram difundidos pela Escola de Sagres, uma lenda criada por poetas portugueses para romancear as navegações lusas.

O castelo de Tomar era o ponto de partida dos empreendimentos e sede da Ordem em Portugal. Dali, também, D.Henrique cuidava da administração da Ordem e da carreira dos pilotos e navegadores. Estes, de todo mundo , vinham para lá , Tomar e Lagos, aprender os segredos da condução das embarcações. Era o cabo Canaveral do séc XV.

Portugal tornou-se uma potência marítima com a Ordem de Cristo a tiracolo. D. Henrique não viveu o bastante para ver a realização dos seus sonhos: o projeto expansionista para o Sul e Oeste. A essa altura a Igreja já emitira 11 bulas privilegiando a Ordem nas rotas de navegação, comércio de especiarias, administração de terras, isenção de impostos eclesiásticos e até autorização para organizar a Igreja nas terras dos "infiéis". A medida que os caminhos para as Índias iam se consolidando, a Coroa ia absorvendo encargos da Ordem. A Corte consolidava as descobertas administradas pelos navegadores de Cristo.

A projeção portuguesa no mundo despertara cobiça. Seus portos e escolas de navegação começaram a ser freqüentadas por um número cada vez maior de estrangeiros interessados nos segredos de Tomar. Como por exemplo, as tábuas de conversão de azimute.

Saíram expedições ao Cabo Não, Gran Canária, Porto Santos, Açores, Gojador, Cabo Branco, Costa dos Negros, Cabo da Boa Esperança, Índia e as embarcações que chegaram ao Brasil.

Após a descoberta de ouro na Guiné, a Espanha, país vizinho, foi o que mais se engajou na competição marítima com os portugueses. Os reis Fernando de Leon e Isabel de Castela vencem os lusos numa guerra de fronteiras e passam a se interessar pelas terras de além mar.

A descoberta da América por Cristóvão Colombo ensejou reclamação de D João II e originou o Tratado de Tordesilhas obrigando os dois países a negociarem as terras descobertas apartir daí.

3. A Ordem de Cristo no Brasil

A descoberta do Brasil não se iniciara com a expedição de Pedro Álvares Cabral especificamente. Fazia parte de um programa mais amplo da Corte portuguesa sob a batuta da Ordem de Cristo. Esta, como devia obrigação somente ao Papa, adiantava-se ao Estado português, em especial na navegação marítima. Descobriam, organizavam, administravam e depois repassavam á Corte as terras descobertas.

Dia 8 de março de 1500, cais da torre de Belém, porto de Lisboa. O rei D. Manoel I toma a bandeira da Ordem de Cristo e entrega a Pedro Álvares Cabral, capitão de uma esquadra de 13 navios que zarparia para as Índias. A bandeira seria içada na nau capitânea da esquadra. Cabral, cavaleiro da Ordem de Cristo, tinha duas missões: criar uma feitoria nas Índias e tomar posse de uma terra já conhecida da Ordem nos mares do Sul, o Brasil. Ele ( Cabral) não era piloto e sua presença se devia ao fato de somente a Ordem possuir autorização para ocupar as terras dos "infiéis".

Dia 26de abril de 1500, a esquadra aporta onde hoje é Porto Seguro-BA, e ergue a bandeira da Ordem de Cristo numa solene missa-a primeira missa rezada na terra descoberta e agora de posse lusa.

" Ao domingo de Páscoa pela manhã, determinou o Capitão ir ouvir missa e sermão naquele ilhéu. E mandou a todos os capitães que se arranjassem nos batéis e fossem com ele. E assim foi feito. Mandou armar um pavilhão naquele ilhéu, e dentro levantar um altar mui bem arranjado. E ali com todos nós outros fez dizer missa, a qual disse o padre frei Henrique, em voz entoada, e oficiada com aquela mesma voz pelos outros padres e sacerdotes que todos assistiram, a qual missa, segundo meu parecer, foi ouvida por todos com muito prazer e devoção.

Ali estava com o Capitão a bandeira de Cristo, com que saíra de Belém, a qual esteve sempre bem alta, da parte do Evangelho." Da Carta de Pero Vaz de Caminha.

O Brasil começava a entrar na rota da Ordem de Cristo. E sob o manto e bênção papal a administração da nova terra começava.

A partir de 1540 começam a chegar os jesuítas da Companhia de Jesus com o primeiro governador geral- Tomé de Souza para iniciar seu processo de catequese, conversão das almas dos "infiéis" e auxiliar a organizar e desenvolver a colônia.

A influência da Ordem de Cristo no Brasil é imperceptível, o que não ocorre com os jesuítas, importantes instrumentos na organização administrativa. Recebiam terras e imóveis da Coroa além da isenção fiscal(dizimo) que estavam submetidos. Geraram muita inveja por sua fortuna.

Em Portugal a Ordem continua atuante até ser desmobilizada por D.Maria I.

Brasil colônia subordinado domínio português, apenas tinha visível a influência dos cavaleiros de Cristo na bandeira do reino de Portugal. Esta ostentava a cruz de Cristo junto com as armas portuguesas. Vigorou de 1500 a 1521- a Bandeira Real portuguesa e de 1600 a 1700. Pairava sob a bandeira da Ordem de Cristo o progresso português, visto que era ostentada junto com a bandeira do reino nas valentes naus descobridoras do além mar.

No Brasil independente, o símbolo da Ordem de Cristo retorna triunfante na Bandeira Imperial sustentando o brasão de armas do Império( 1822-1899), na bandeira criada por Debret inspirada por José Bonifácio de Andrada e Silva.

Decreto de 18 de setembro de 1822:

"Hei por bem, e com parecer do meu Conselho de Estado, Determinar o seguinte: Será de ora em diante o Escudo das Armas deste Reino do Brasil, em campo verde, uma Esfera Armilar de ouro atravessada por uma Cruz da Ordem de Cristo, sendo circulada a mesma Esfera de dezenove Estrelas de prata em uma orla azul: a firmada a Coroa Real diamantina sobre o Escudo, cujos lados serão abraçados por dois ramos das plantas de Café e Tabaco, e ligados na parte inferior pelo laço da Nação.

A Bandeira Nacional será composta de um paralelogramo verde, e nele inscrito um quadrilátero romboidal cor de ouro, ficando no centro deste o Escudo das Armas do Brasil". A bandeira foi usada por pouco tempo, entre 18 de setembro até 1º de dezembro de 1822. Com uma modificação, apenas alterou-se a Coroa Real e vigorou até 1889.

Do Hino a Bandeira, de Olavo Bilac

Sobre a imensa Nação Brasileira,

Nos momentos de festa ou de dor,

Paira sempre, sagrada bandeira,

Pavilhão da Justiça e do Amor!

O Brasil Império foi o período em que o Brasil afirmou-se no concerto das nações como nação de paz, ordeira, organizada respeitadora das fronteiras acordadas, a despeito das disputas políticas e guerras internas. Após emancipar-se de Portugal em definitivo constituiu-se nação independente e soberana.

Um presidente sul americano afirmou, quando da Proclamação da República "... foi-se a última democracia da América".

Uma outra marca da Ordem de Cristo foi a medalhistica da Ordem de Cristo criada por D.Pedro I.

Era a característica definitiva da Egrégora templária que carregava a administração ordeira representada pelo lado militar e a crença em Ser Supremo através do viés religioso insubstituível dos jesuítas presentes desde a primeira missa.

Egrégora é o resultado de todo pensamento criativo, tanto no plano exotérico quanto no esotérico da consciência coletiva ou pessoal, e, todo grupo em comunhão sintonizada é capaz de produzir uma harmoniosa vibração energética de conformidade com a hierarquia esotérica ou celestial estabelecida pelo inconsciente coletivo espiritualmente evoluído de cada grupo. RAIMUNDO SILVA PEREIRA em EGRÉGORA - ARQUÉTIPOS E ARCONTES.