O MOVIMENTO DE 31 DE MARÇO DE 1964 e quanta semelhança

O MOVIMENTO DE 31 DE MARÇO DE 1964 e quanta semelhança

“A paixão cega nossos olhos, e a luz que a experiência nos dá é a de uma lanterna na popa, que ilumina, apenas, as ondas que deixamos para trás.” Roberto Campos

A história do Movimento de 31 de março de 1964 ainda vai dar muito pano pra manga. Porquê? Por que seus protagonistas, muitos ainda estão vivos, e sequiosos de instaurar o paraíso na terra brasilis.

Foram derrotados? Sim, mas tudo por culpa dos Estados Unidos, dizem. Claro, tinha de ser, pois era a Guerra Fria a pleno vapor, não esqueçamos. E a URSS? Bom, essa não conta. Já morreu e está sepultada. Mas basta consultar-se CAMARADAS, obra de William Waack, competente jornalista, para termos, ao alcance dos nossos olhos, desde a fatura do famoso ouro de Moscou até as ordens mais secretas do PCUS para desencadeamento de uma revolução comunista no nosso país. Não é fanfarronice nem absurda a tese de onde chegaria a loucura daqueles que lideravam os movimentos ditos sociais da época.

O Brasil tinha presidente na época? Sim. Era João Goulart, fazendeiro gaúcho bon vivant, desde muito cedo na política. Era um trabalhista convicto, no melhor estilo de Getúlio Vargas, que almejava implantar uma reforma agrária, iniciando-a pela desapropriação dos latifúndios de beira de estrada. Era o Vice de Jânio e contrário a este. Daí busca-se as origens de 31 de março de 1964.

Ao assinar o decreto de desapropriação comentou-“ .. O Brasil de nossos dias não mais admite que se prolongue o doloroso processo de espoliação de mais de quatro séculos que reduziu e condenou milhões de brasileiros a condições subumanas de existência”. A primeiras desapropriações seriam anunciadas pelo Presidente da República no Congresso da ULTAB- União dos Lavradores e Trabalhadores Agrícolas do Brasil, de 15 a 17 de novembro de 1963 em Belo Horizonte-MG. Essa organização era dominada pelo PCB, que já havia acertado com Goulart o Plano de Reforma Agrária. Contudo, nos debates e apresentações , digladiaram-se duas teses- Julião, seguindo orientação sino-cubana , pregou a Reforma na lei ou na marra e derrotou a tese do PCB, que tinha orientação russa.

Em entrevista ao jornal argentino Che, durante o evento, declarou-“... Preconizamos uma reforma agrária radical, e as massas brasileiras, que adquirem cada vez maior consciência da dura realidade , levarão o País a nova convulsão social, a uma guerra civil e ao derramamento de sangue. Será a liquidação de um tipo de sociedade e a instalação de outro. Nós temos de nos envolver nesta luta com o fim de preparar as massas brasileiras para o advento de uma sociedade nova, na lei ou na marra.”

Presente ao evento, João Goulart, talvez sentindo o clima inflamado se pronunciou desta forma-“...Desejo alertar o país, aqui e agora, contra a minoria recalcitrante dos semeadores do ódio, dos profissionais do terrorismo que se exacerbam na explosão dos seus sentimentos. É indispensável a preservação da ordem legal, sem a qual nenhum direito poderá sobreviver. Eu quero alertar todos os brasileiros contra os agoureiros, os pregadores da ilegalidade, os destruidores sistemáticos, que pretendem levar o Brasil ao caos e á anarquia..”( o grifo é nosso). Todavia esse pronunciamento agradava o PCB que desejava neutralizar tanto Julião com Brizola, que também tinham pontos de vista semelhantes.

No entanto era a chamada política pendular de Jango, um homem bom, honesto, e que em visita ao presidente dos Estados Unidos e ao seu Congresso, discursa garantindo que o Brasil era uma nação independente mas não neutra e se opôs ao regime que Fidel Castro implantava em Cuba. Afirmou também que haveria um tratamento razoável ás empresas estrangeiras concessionárias que a esquerda desejava encampar. Buscava, com certeza, uma convivência pacífica com os norte-americanos. Tudo isso após Brizola desencadear no RS, com apoio do PCB e da UNE, a encampação da ITT e colocar outras na alça de mira.

Depois desse agrado ao americanos, tinha de compensar as esquerdas.

Jango prometia reformas de Base de forma pacífica, mas conseguiria segurar todos que a ele se opunham, desde a direita a esquerda? Conseguiria segurar seu cunhado Brizola e seu maior desafeto político, Carlos Lacerda? Conseguiria segurar as ligas camponesas de Julião? E o PCB, UNE, ULTAB, a CGT considerada o V Exército, o MASTER(criação de Brizola no RS), o POLOP, e outros segmentos infiltrados por profissionais do terrorismo e da agitação que desejavam incendiar o país, aqueles que havia se referido no Congresso da ULTAB?

O líder do Governo no Congresso Nacional, Almino Afonso, assim se referiu ante o Manifestos de Donas de Casa em São Paulo contra ás ações do governo-“ ..Os trabalhadores hão de parar cada porto, cada navio, fábrica por fábrica. Querem a guerra civil e teremos a revolução social. Querem sangue e nós aceitaremos o sangue...” Conseguiria Goulart, com sua reconhecida bondade e aversão a violência, segurar suas bases? Invés disso tentava apagar o fogo jogando mais gasolina com o fomento a indisciplina nas Forças Armadas, por exemplo.

Mas era Jango o responsável por todo esse estado de coisas?

Como Presidente de todos os brasileiros não deveria interferir para cessar aquele estado de cometimentos?

Que meios dispunha para tal? As Forças Armadas? Sim, mas estas estavam divididas: metade queria o cumprimento da Constituição e outra metade, acompanhando a conjuntura e o que se planejava para o país pelas entidades citadas acima, a deposição de Goulart. Este, acreditava que os que desejavam o cumprimento da Constituição o apoiavam- era o chamado dispositivo militar de Goulart, que ruiu literalmente nas primeiros movimentos do dia 31 de março, onde se abraçaram as duas correntes militares.

Que outros ingredientes explosivos influíam? Sim, sem dúvida existiam e muitos. Um deles era Luis Carlos Prestes, líder do PCB, que não escondia a intenção de todas as formas de luta possíveis para a tomada do poder: em janeiro de 1964 , logo após o Congresso da ULTAB, que saiu fortalecida a luta armada, vai a Moscou prestar contas dos trabalhos do partido nos últimos dois anos. Lá, no XXII Congresso do PCUS discute com Kruschev, Suslov, Brejnev, Andropov e Ponomariov a estratégia para a tomada do poder no Brasil- “.. uma vez a cavaleiro do aparelho do Estado, converter rapidamente, a exemplo de Cuba de Fidel ou do Egito de Nasser, a revolução nacional-democrática em socialista” , era o plano de Prestes. Não se contentava com o morticínio de 1935. O PCB manipulava todos os sindicatos e visualizava o poder através do método etapista , logo, logo.

A UNE, outro foco, era agraciada com envio de estudantes á Universidade de Amizade dos Povos Patrice Lumumba em Moscou, entidade do PCUS. A seleção ficaria a cargo do PCB. A UNE vinculara-se á UIE( União Internacional dos Estudantes), órgão do Komintern e com sede em Praga.

Por outro lado, o MEC, através da Divisão de Educação Extra-Escolar, promove uma campanha chamada de Assistência ao Estudante e substitui todos os livros tradicionais de História, reformulando tendenciosamente o assunto, colocando tudo sob o prisma marxista.

Tinha ainda, para não deixar de ser, Leonel Brizola e Carlos Lacerda. Dois políticos da melhor estirpe incendiária que desejavam ardentemente o poder, na lei ou a marra.

O nosso amigo Jango, onde se encontrava?

Jango mandava? Era conivente ou não sabia o que se passava? Incompetência ou ingenuidade? Confiava ou não tinha comando?

A estas alturas, já de volta ao regime presidencialista, Jango tenta atacar os principais problemas do país. Contava para isso com técnicos da esquerda moderada e, pasmem, os maiores entraves e obstáculos para implantação de suas reformas, vinham da esquerda radical e logo surgiram as greves políticas. Criava factóides, no melhor estilo de César Maia, como os generais e almirantes do povo.

Em fevereiro de 64, Jango não conseguia mais esconder suas intenções golpistas.

Do seu plano pode-se destacar a apresentação das reformas no comício de 13 de março, inúmeras propostas populares e a convocação do Congresso para aprovar as propostas , que, e em caso negativo, seria fechado e as mesmas implantadas e comandadas por uma Frente Única. A intenção era provocar um golpe amparado por forças populares e pelo dispositivo militar.

Ao regressar de Moscou, Prestes relata as conclusões das conversas havidas a Jango e “.. sente que não tinha dúvidas que o Presidente da República com seus fiéis generais, com os oficiais nacionalistas e comunistas, com o PCB, com as massas e, sob a liderança dele(Prestes), suportaria qualquer tentativa de golpe da direita...”

É, Jango era um bom homem, honesto, bem intencionado, avesso á violência, mas inteiramente cercado e, por certo, dominado por brasileiros apátridas e paus-mandados de Moscou, que desejavam um Brasil incendiado.

Numa grande enrascada estava o nosso Presidente.

Quanta semelhança ao que está acontecendo hoje no nosso país, os personagens, os incendiários dentro e fora do governo, semeadores do ódio e os profissionais do terrorismo, suas ações, omissões, Foro de São Paulo, PT/estudantes designados para Cuba, MST e as bravatas de Stédile/Rainha( 0nde anda?), MEC e os livros de história sob a ótica marxista, política pendular do governo federal, a luta ideológica dentro do partido governista contra a política de governo e a tentativa de lavagem cerebral das crianças, e até a culpa de todos ao males continua sendo dos americanos.

E para que não esqueçamos jamais de MÁRIO KOZEL FILHO, OTÁVIO GONÇALVES MOREIRA JUNIOR, SYLAS BISPO FECHE, CHARLES RODNEY CHANDLER, ALBERTO BOILESEN, MANOEL HENRIQUE DE OLIVEIRA, DAVID CUTHBERG, VALDER XAVIER DE LIMA, ALBERTO MENDES JUNIOR, EDWARD VON WESTERNHAGEN, FRANCISCO JACQUES MOREIRA DE ALVARENGA, ANTONIO NOGUEIRA DA SILVA, MARCIO LEITE TOLEDO, CARLOS ALBERTO MACIEL CARDOSO, SALATIEL TEIXEIRA ROLINS,VILSON SIMONAL e outros tantos feridos, injustiçados, anônimos...