Nivelação homem-animal: um processo de irracionalização do homem.
O homem, além de ser um agente social, é um animal que raciocina. Essa verdade é incontestável e torna o ser humano superior aos demais animais que não possuem uma capacidade intelectiva tão desenvolvida. Contudo, em determinadas situações, a mente humana passa por um processo de diminuição do raciocínio, chegando a haver uma nivelação entre homem e animal.
Essa equiparação entre homem, ser racional, e animal, ser irracional, é o resultado de um conjunto de fatores não favoráveis ao homem que, por causa disso, se zoomorfiza, isto é, torna-se um animal que não pensa. Esses fatores que prejudicam o homem podem ser: a seca, a fome, a miséria, a violência, a indiferença social, a falta de emprego e outros que estão relacionados à vivência social do ser humano.
O nivelamento homem-animal ocorre porque o ser pensante, submetido a uma situação inóspita, tem sua capacidade de racionar reduzida. Então, acontece isto: de tanto ser tratado como um bicho, o homem passa a agir como tal.
No livro Vidas Secas, de Graciliano Ramos, essa nivelação homem-animal é verificada na personagem Fabiano que chega a afirmar que é bicho, assim como a cachorra Baleia também o é. A relação de animalização, que envolve Fabiano, foi estimulada pelas circunstâncias do meio em que vivia. Isso também ocorre na vida real.
Em suma, todos que sobrevivem a um regime social de ampla desigualdade ou de condições impróprias para viver estão sujeitos ao nivelamento mental, isto é, podem deixar de ser racionais e passar a ser animais irracionais. Os fatores que propiciam essa redução do raciocínio humano devem ser combatidos. Afinal, esse processo de irracionalização só acontece ou só é mais comum com os miseráveis, ou seja, com os destituídos de riquezas.