Tendências que passam!

Tendências que passam!

Jamel Carlos Dias de Andrade *

resumo:O presente texto relata sobre um tema: envolvente, necessário, inevitável, antigo. Que sempre traz uma boa reflexão, sempre embasada nos bons costumes de uma moral sadia que sempre contribui para uma coletividade sociável. A Religião é tão presente na sociedade e quer ser uma contribuição na edificação de uma sociedade sempre mais humana e de paz.

Introdução

Logo de início é apresentada uma reflexão sobre um dos fatores que envolvem e que permeiam a atual conjuntura social de modo geral, é apresentado de forma bem sucinta as conseqüências que os fatores têm provocado, e que se torna elemento de estudo, e de uma reflexão.

Em seguida é feita uma leitura de uma sociedade que busca uma justificativa para a questão existencial, a sociedade – e isso é muito visível – a todo o momento quer uma resposta para o fator vida, com isso a religião aparece ora sendo como uma ajuda, ora como uma dependência, o que modifica é como a religião se é apresentada e como é encontrada por parte do individuo que a procura.

Terceiro momento destaca a figura do filosofo Karl Marx, sua critica que é ponto de contribuição para a compreensão de religião dizendo que religião é uma alienação, com isso nos ajuda a ter olhos críticos diante do que é apresentado, também favorece para esclarecimentos, ou seja, Marx não vê sentido para a existência da religião, sendo assim ela se torna desnecessária, e até impedimento para a emancipação do homem.

Por fim, a conclusão, que não que ser finita e muito menos esgotar outras possíveis reflexões acerca do mesmo tema. O objetivo do presente artigo é inculcar para uma reflexão de um tema tão antigo e sempre com novas indagações, quer ser o inicio de uma constante reflexão.

Conjuntura social: consumismo, relativismo, hedonismo – busca do sagrado.

Século XXI. Aqui se instaura um grande avanço técnico-científico: televisão digital, celulares hiper-modernos, internet com “banda gigantesca”, som digital com alto teor sonoro, mp3 e uma infinidade de aparelhos eletro-eletrônicos que abastecem cada dia mais o mercado de consumo. Consequentemente com o advento de tantas mercadorias os consumidores também aumentam; acompanhado do consumismo aparece o hedonismo, que é a busca do prazer individual e imediato, as pessoas tendem a se preocupar somente no prazer rápido e a qualquer custo; não obstante é possível constatar o relativismo, onde todo ponto de vista é válido, mesmo sendo absurdo.

Diante de tantos avanços e acontecimentos modernos que é apresentado ao ser humano é possível perceber que a modernidade “pega” muitos de surpresa. Tais fatores como: consumismo, hedonismo e relativismo permeiam a atual conjuntura social fazendo com que o comportamento em geral tambem tenha suas mudanças.

As mudanças provocadas pelos fatores outrora descritos fazem com que o individuo viva em um mundo massificado, de teorias ja prontas que lhe chegam como um produto ou uma mercadoria, e o homem das massas, nos diz Joseph Folliet: “é um homem despersonalisado”1. E o homem massificado por sua natureza tende a nao possuir sua propria personalidade, e assim conclui Folliet “adquiri uma individualidade personalisada”.

Os valores passam a ser outros, com o consumismo o ter é um pressuposto de quem é moderno e por consequencia o que possui qualidade de vida. O relativismo poem em xeque a moral, esta que é como nos diz Vasquez:

“um sistema de normas, princípios e valores, segundo o qual são regulamentadas as relações mútuas entre os indivíduos ou entre estes e a comunidade, de tal maneira que estas normas, dotadas de um caráter histórico e social, sejam acatadas livres e conscientemente, por uma convicção íntima, e não de uma maneira mecânica, externa ou impessoal”2.

Porém, o que nos transmite a mídia é notavelmente o contrario, as relações estão sempre menos presentes na sociedade, as normas, a moral estão acabando em “pizza”, e não há uma convicção própria inerente a cada ser, mas o exterior acaba sendo mais convincente. O mundo das aparências tem sido a norma vigente. Neste contexto urge refletir sobre as reais condições do ser humano diante do mundo moderno tendo como divisor de águas o iluminismo que é:

A saída ou a libertação do homem do estado de minoridade, que ele deve imputar a si mesmo se não fizer uso de seu próprio intelecto e sem ser guiado por outro. No entanto, a racionalidade, como critério único de verdade, é questionada se não passar pelo crivo da crítica. O próprio Kant pergunta: o que posso conhecer? O que devo fazer? O que me é permitido esperar? Kant (1724-1804)

Para tanto se torna necessário o homem se libertar do que lhe prende, ou seja, não ver nas coisas, tais como no consumismo algo que lhe seja necessário, mas, porém ter consigo o poder de refletir - criticar, adquirir para si um grau de maturidade mental, não permitir que as coisas lhe venham prontas e sejam aceitas como se não houvesse nenhuma contestação. Com isso as perguntas de Kant são muito atuais, o que me é necessário conhecer? Ou ainda o que devo fazer? E ainda mais o que devo esperar?

Ao passar pelo crivo da própria racionalidade, conquistada com muito esforço, o ser que está no mundo começa a trazer para o mundo reflexões e de ser para sim mesmo um ponto de reflexão, fazendo assim uma critica que lhe favoreça na compreensão melhor daquilo que lhe é apresentado, desta maneira as coisa lhe se tornam mais claras. Com a chegada do iluminismo o individuo passa a ser dotado a declarar para si mesmo as próprias normas, não deixando de analisar aquilo que está na sociedade e também não ficando alheio a real situação, mas, porém não acatar de forma mecânica e/ou obrigatória as leis exteriores que a sociedade lhe apresenta, mas privar por ter nos paramentos convencionados uma nova maneira de olhar a realidade não sendo mero expectador, mas um exímio protagonista de uma realidade que passa existir com a chegada de uma nova postura que o faz melhor viver, deixando de lado o prazer que até pode ser bom, mas se não compreendido se torna uma grande armadilha pra si mesmo. É a sociedade que faz o indivíduo se projetar no mundo, contudo com a própria critica o indivíduo trás para sim os valores que lhe faz melhor. Nesse sentido nos diz Durkheim:

"É a sociedade que nos lança fora de nós mesmos, que nos obriga a considerar outros interesses que não os nossos, que nos ensina a dominar as paixões, os instintos, e dar-lhes lei, ensinando-os o sacrifício, a privação, a subordinação dos nossos fins individuais a outros mais elevados. Todo o sistema de representação que mantém em nós a idéia e o sentimento da lei, da disciplina interna ou externa, é instituído pela sociedade"3

Contudo, diante da atual sociedade e dos fatores que a permeiam o ser humano deve agregar valores que o iluminismo oferece e ter presente que, por estar em sociedade deve observar e optar por algo que lhe enriqueça, não se apegando em mercadorias, que a todo o momento o mercado apresenta, mas trazer para si algo que lhe enriqueça como um ser que se apresenta no mundo fazendo escolhas que o faça ser melhor.

Não obstante, com a falta da maturidade a imaturidade mental ou minoridade traz consigo uma sombra que passa a ser companheira de muitos indivíduos que acabam por trazer à tona a idéia de uma religião-mercado, e assim favorece o retorno do sagrado, que na maioria das vezes é mal interpretado.

O indivíduo que outrora fora conquistado pelo mundo relativista e que não conseguiu encontrar ou conquistar o iluminismo passa a ser um número a mais de pessoas que não possuem claro o sentido da vida. Quando pensava encontrar na relativização das coisas uma liberdade, ao contrário acaba se perdendo nas próprias coisas ficando assim dependente e/ou presa ao exterior, sua vida passa ser uma dúvida, uma depressão, o que lhe sobra é a dúvida existencial e com isso se perde por não saber o rumo do seu próprio existir, fazendo com que a busca de um auxílio oriundo de um ser divino, possa ser a solução.

Assim, a religião-mercado passa a oferecer uma solução e se torna a esperança para o encontro do sentido existencial de viver. O divino que na maioria das vezes é procurado por tais pessoas é uma solução que passa a ser um meio como assim afirma Feuerbach “passa a ser um meio para se adquirir e conquistar aquilo que com as próprias forças não conquistou” (Tese3). Com isso fica clara a explicação de tantas correntes religiosas, ou aliás mercados-religiosos que oferecem um produto supra-abstrato prometendo ser a saída de todos os problemas e o encontro da felicidade. Esse fenômeno da religião-mercado se torna um objeto de estudo, pois está muito presente na sociedade, assim, a busca do sagrado se torna evidente decorrente na maioria das vezes de uma frustrada visita aos fatores: consumismo, relativismo e o hedonismo, sendo assim, é importante analisarmos, o que vem a ser religião? Quando e em que momento da vida ela é importante? Nesse sentido nos faz lembrar de Karl Marx, a religião é o ópio do povo? Mas, se fosse, o vulgo procuraria como procura?

Sociedade, Religião, dependência. Conclusão.

A sociedade é sempre uma expectadora no que tange a formação de um povo novo. A todo momento é formada uma ideologia, uma tendência sempre nova, tanto é que, junto com as estações vêm um novo estilo uma nova moda, bem como o capítulo anterior explicou. No que se refere à formação de um povo também é assim, costumes vão e vem a todo momento. A sociedade assiste a tudo como sendo uma nova realidade. São muitas as coisas que como o capitulo anterior salientou tentam entreter o ser humano, coisas que querem fazer parte da vida de cada individuo. Faz se pertinente recordar valores, reviver momentos que significam recordar a história, trazer para a sociedade atual momentos importantes da sociedade histórica. É preciso sempre um recordar, um lembrar de novo, assim escreve Durkheim:

"A sociedade se encontra, a cada nova geração, como que em face de uma tabula rasa, sobre a qual é preciso construir quase tudo de novo. É preciso que, pelos meios mais rápidos, ela agregue ao ser egoísta e a-social, que acaba de nascer, uma natureza de vida moral e social”. p.424

É preciso sempre instruir, formar, trazer para o universal o singular bem formado, sem pré-conceitos sem dependência. Usar meios que favorecem a construção de uma mentalidade que faz do ser humano um ser liberto, capaz, um ser abstrato no sentido de ser ele mesmo um fim e não um meio para outros fins, é preciso re-pensar, é bom fazer uma re-leitura. A tabula rasa que vive o vulgo muitas vezes se deve a dívida que o passado não pagou, e agora cabe ao hoje pagar o ontem e construir o presente.

No sentido de formar o ser egoísta e a-social e trazê-lo para a sociedade, a religião sempre está presente fazendo sua reflexão, sempre está direcionando o ser humano para uma peculiaridade em comum, mostrando um ser sobrenatural – um criador, administrador. A religião faz parte da natureza do re-construir, ela sempre recorda o início, ela quer ser uma colaboração na reformulação de uma nova geração, ela está aí na sociedade construído, fazendo parte do novo. A religião está em toda a sociedade, como afirma Durkheim, “a religião é fato eminentemente social”, o ser humano sempre está em busca de uma explicação, de uma justificativa do seu existir, até entre os céticos há uma busca do transcendente, procuram encontrá-lo e não o encontrando recomeçam uma nova reflexão. Desta forma aconteceu no passado e ainda se repete hoje.

Portanto, a religião é um fator que existe, existindo faz parte de muitos, o relevante é saber que muitos não praticam e por esse fim, não conseguem fazer uma boa reflexão para a libertação deste modo, ficam presos na dependência. Dependência é quando não constrói para a liberdade, mas ao contrário, edifica se alienando, sendo alienado o ser humano deixa de ser UM na sociedade para ser mais um na sociedade, passa a ser um mero intérprete, sendo intérprete tem que escolher o que interpretar, e sempre suas interpretação lhe chegará prontas, cabe-lhe fazer como pede o figurino. Faltando o iluminismo, acaba faltando a liberdade, e assim retoma o processo da construção do novo. Por fim, é preciso ver na religião pontos que norteiam o crescimento individual bem como coletivo.

JamelCarlos
Enviado por JamelCarlos em 27/09/2008
Reeditado em 28/09/2008
Código do texto: T1199098
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