Ilustres desconhecidos...

Ilustres desconhecidos...

Muito se fala do tempo, ou melhor, da falta dele, sempre estamos correndo, com pressa, sempre estamos atrasados, nunca temos tempo pra nada, nem para nós mesmos.

Quantas vezes você já disse uma dessas frases: “quando tiver um tempo vou aí na sua casa” ou “qualquer hora dessas a gente se fala melhor, com mais tempo”, garanto que foram muitas. Pois é, o que precisamos entender é que nós somos os únicos e verdadeiros donos do nosso tempo, ninguém vai nos abordar e dizer pra pararmos um pouco, pra tirarmos um tempo pra nós.

Essa mania, essa pressa, que toma conta de nossas vidas, nos impede de uma coisa imprescindível, viver. Os amigos leais, confidentes, verdadeiros, estão cada vez mais raros, as relações humanas estão sumindo, são poucos os que podem ainda estufar o peito e dizer com convicção: ”eu tenho muitos amigos”. O que temos tido muito ultimamente são colegas de trabalho, conhecidos de hoje e do passado, nada mais que isso. Conheço pessoas que moram num apartamento há anos e não conhecem o vizinho da frente, ou o do lado, moramos na mesma rua e não mantemos contato com nossos vizinhos, a frieza com que nos portamos diante dos outros nos remete à posição de auto-suficientes, queremos demonstrar com isso que não precisamos de amigos, que nossa família nos basta e todos sabem que isso não é verdade.

Ninguém vive sem amigos, todos sabem como é bom termos um círculo de amizades, compartilharmos experiências de vida, poder chegar na casa de um amigo e ser recebido com um sorriso nos lábios, acolhidos com um abraço caloroso, isso é extremamente necessário à nossa vida, é o combustível que nos move, é o escudo que nos protege nas adversidades, a amizade sincera é um santo remédio é o abrigo seguro, já dizia a canção e isso é a mais pura verdade.

Essa ridícula falta de tempo está nos tornando pinguins de geladeira, isolados, sozinhos, depressivos pela falta de palavras, perdidos pela falta de conselhos, adoecendo pela falta de carinhos, buscando nos medicamentos, algo que temos de forma natural e gratuita, que são as velhas e boas amizades. Encontramos com as pessoas, mas não paramos para conversar, cumprimentamos nossos vizinhos, mas não sabemos nada sobre eles, passamos pela vida indiferentes a isso tudo e perdemos nosso valioso tempo isolados, mergulhados no nosso solitário egoísmo.

Essa nossa síndrome de caracol, está distanciando as pessoas, tirando da amizade o grande e incomparável valor que tem, nos fazendo esquecer que não somos auto-suficientes, que não há nada no mundo que possa ser mais valioso que uma amizade, enfim transformando as pessoas que nos cercam em ilustres desconhecidos.

Pense nisso quando reencontrar um amigo, quando pensar em dar a mesma desculpa de sempre, da falta de tempo, da pressa sem necessidade e verá que mudar de atitude não vai fazê-lo perder seu valioso tempo, mas sim aprender a dominá-lo.

Adilson R. Peppes.

Adilson R Peppes
Enviado por Adilson R Peppes em 02/10/2008
Reeditado em 11/10/2020
Código do texto: T1208071
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