MEU DIÁRIO

Nunca escrevi algo que pudesse ser incluído em um diário.Hoje,pela primeira vez, estou colocando as minhas angústias de forma explícita,como convém a um diário.É terça - feira, 7 de Outubro de 2008, dois dias após as eleições municipais. Estou em vitória de Santo Antão, minha cidade,conhecida internacionalmente pela sua cachaça, pelo carnaval, que já foi muito melhor do que o atual, e nas letras, Osman Lins.Mas, infelizmente não são esses elementos interessantes e pitorescos que Vitória tem a mostrar, a política é a vergonha do momento.

Parece que o tempo não passou: ainda temos coronel que não é coronel, político que não é político, e outras coisas mais , igualmente falsas.Ontem a noite vivenciamos um dos piores momento da nossa história. Olha que participamos de guerra, de flagelos.... Vamos ao ponto, um grupo perdedor do pleito eleitoral, incitou uma multidão - segunda a polícia- a ir ao fórum local cobrar justiça, pois o grupo político, desses fiés e insensatos seguidores,alegava, sem nenhuma prova evidente, que haveriam 26 urnas que , ainda, não teriam os seus votos contados.Como a diferença entre o ganhador e o perdedor foi de apenas 232 votos, a possibilidade do quadro reverter-se, a favor do grupo perdedor, era muito grande.E à frente do fórum, ficou a multidão, pedia justiça, os votos que , para eles, não foram computados. Todos eufóricos, como se estivessem defendo uma pátria ofendida, como fizeram os nossos antepassados, trezentos anos atrás. Eram gritos: queremos justiça ; insultos às autoridades que tentavam inutilmente explicar que houvera uma mal- entendido . Aquelas 26 urnas, por terem um número pequeno de eleitores,foram agregadas a outras maiores.Nada adiantou, a multidão não se convencia, e começou as agressões, pedras sendo jogadas ao prédio ,que a principio, representa o que aquela gente tanto precisa: justiça.Houve confronto com a polícia, algumas pessoas machucadas. Após horas de batalha, a situação se normalizou.Os elementos que levaram a público a notícia falsa, foram presos, e os revoltosos voltaram para casa ,alguns frustrados,insistiam ainda naquele absurdo.

É a tarde do dia 7, neste momento, dois helicópteros da polícia, - com mais cinco das forças armadas, que por coincidência faziam exercícios, treinamentos, aqui em Vitória-, sobrevoam a cidade a fim de identificar qualquer manifestação suspeita. Um deles está acima da minha casa;olhei pela janela do meu quarto, não deu para ver a máquina, vi pássaros voando rápidos, assustados, assim como eu. Um clima melancólico caiu sobre mim. Uma guerra, não diria. Chego a conclusão de que é a incompetência dos políticos medíocres, interesseiros. São eles que fazem uma espécie de guerra falsa.Porém, tão assustadora quanto as guerras verdadeiras.

Soleno Rodrigues
Enviado por Soleno Rodrigues em 07/10/2008
Reeditado em 19/09/2012
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