O BURRO

Passava ano, entrava ano e lá estava o burro na praça principal ou passeando pelas ruas da cidade. O burro gostava mesmo quando alguém resolvia parar para lhe dar atenção, é isso mesmo leitor, não era um burro comum, gostava de atenção. Ele gostava de ser admirado e de tudo fazia para chamar a atenção de quem passava por perto e se perguntava:

“Como pode um burro em plena praça, no centro da cidade?”

Mas, o burro continuava ali e ninguém conseguia tirá-lo, os comentários cresceram e o burro passou a ser noticiário, gostava de ser fotografado, fazia poses e emitia ruídos. Em todos os acontecimentos importantes lá estava ele, o burro, em datas comemorativas, nas festas da Igreja Matriz ou nos protestos sindicais. É isso aí, o burro gostava de política e fazia de tudo para aparecer, assim emitia seus ruídos em meio a população, desfilava e como se fosse um monumento, deixava ser observado e admirado por todos.

A preferência do burro era mesmo fazer protestos nas galerias de uma Câmara Municipal. É leitor, isso mesmo, não estou falando de um bicho, mas de um homem, que caracterizado de burro, cabeça e rabo se dispôs a protestar em plena praça principal de uma cidade, ou melhor, da minha cidade. Seus protestos políticos aconteceram durante anos. O homem saía pelas ruas caracterizado de burro a ouvir as queixas dos cidadãos e acabava expondo suas idéias políticas revolucionárias.

O burro que não é burro, com a sua teimosia e persistência, ficou famoso, as pessoas resolveram ouvi-lo, perceberam que o burro sabia o que estava falando e gostaram das suas idéias. Sempre muito simpático o burro sorria e atraia a atenção de todos e foi assim que ele conquistou a população.

O burro costumava repetir:

“Eles acham que eu sou burro, então resolvi assumir essa identidade, serei um burro.”

E lá seguia o burro nos seus protestos diários, solitários pelas ruas da cidade.

O burro que não é burro, mas de tão teimoso se fez ouvir e pasmem, leitores, foi eleito e vai assumir o seu primeiro mandato parlamentar.

É, esse burro não tem nada de burro, um excelente marketing que inventou, protestou e o povo aprovou!

O burro que não é burro ficou entre os mais votados da cidade!

Que sacada do burro, que de burro não tem nada, só a teimosia!

Parabéns ao burro!

Salette Granato

06/10/08

SALETTE GRANATO
Enviado por SALETTE GRANATO em 08/10/2008
Reeditado em 17/11/2008
Código do texto: T1217834
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