PONTO E CONTRAPONTO

Precisando de um cadeado, o rapaz entrou num camelódromo, parou em frente ao balcão de uma lojinha e foi atendido por uma moça de 18, 19 anos.

- Pois não?!

- Eu quero um cadeado. Você tem?

- Tenho.

- Desse tamanho mais ou menos. Falou e fez um sinal com a mão: polegar e indicador afastados um do outro mais ou menos 4 centímetros.

A moça curvou-se por detrás do balcão e em seguida passou-lhe um cadeado. É muito pequeno - pensou ele.

- Você tem um maior?

- Não... - respondeu titubeante a moça.

- Você tem mais cadeado ai dentro?

- Tenho.

- Posso dar uma olhada?

- Pode.

Deu a volta ao balcão, curvou-se e deparou-se com um tabuleiro contendo por perto de uma vintena deles, colocados em ordem crescente de tamanhos. Pegou o que lhe servia, “maior” do que aquele que a moça lhe havia mostrado, e perguntou o preço. - É tanto - respondeu ela. Pagou-a. Antes de sair, perguntou:

- Você estuda, moça?

- Não... eu terminei.

- Terminou o quê?

- O terceiro ano.

- Do Ensino Médio?

- É.

O rapaz agradeceu, despediu-se e saiu.

Alguns meses depois, parou em frente a um determinado guichê de transporte coletivo urbano para “carregar” um cartão eletrônico. Defrontou-se agora com outra moça, também, de 18, 19 anos.

- Põe 35 reais, por favor ? - pediu, entregando-lhe o cartão e o dinheiro.

A moça operou a máquina, e o rapaz censurou-se por não se haver lembrado de perguntar antes com quanto era que o cartão tinha de crédito. Arriscou:

- Moça, dá p’ra saber quanto “tinha” antes, no cartão?

- Não!!! Só o total!!!

- Tá . . . então você vê o total p’ra mim? por favor?

Aborrecida, operou novamente a máquina:

- Trinta e cinco e setenta e cinco!

- Muito obrigado, moça. E lembrou-se daquela outra, a do cadeado. Ao pisar a calçada, meneou a cabeça, suspirou e quase se ouviu falando: Português e matemática . . . caramba!

izidro.jim@hotmail.com