Diversidade X Identidade no âmbito Escolar

A diversidade e a formação da identidade dos sujeitos são temáticas em voga na sociedade contemporânea. Têm sido debatidos de maneira constantes por muitos educadores que se preocupam em encontrar estratégias pedagógicas eficientes para o trabalho educativo no cotidiano da sala de aula.

O primeiro passo a ser dado, está relacionado ao respeito aos agentes sociais, como indivíduos iguais em dignidade e direitos. Mas, para tanto, se faz necessário questionar os instrumentos e/ou mecanismos, sociais e políticos, a propriedade como concentração de poder que efetivamente hierarquizam as pessoas “diferentes” em dominantes e dominados, superiores e inferiores.

Sendo assim, reconhece-se também que a identidade do ser humano não nasce com o sujeito, portanto, não é nata ou simplesmente pré-determinada; dessa maneira o educador torna-se mais reflexivo e mais crítico sobre a maneira de contribuir para a formação da identidade do alunado. Parafraseando Taylor, o respeito e a dignidade com que todo o ser humano deve ser reconhecido, leva em consideração as diversas formas de diferenciação que realmente existem entre os indivíduos e os grupos. Deve-se também centrar a atenção, para que haja igualdade de oportunidades e acesso aos recursos, com ênfase maior evidentemente, para os que se encontram em desvantagens, ou seja, para os que possuem maiores necessidades.

As sociedades contemporâneas são heterogêneas, compostas por inúmeras etnias, muitas delas em constantes conflitos, classes e identidades culturais diversificados. Essa “massa” humana globalizada é obrigada pelas circunstâncias, a viver perenemente em contato, especificamente no âmbito escolar, estabelecendo assim, o multiculturalismo. Portanto, oportunizar aos alunos o reconhecimento do multiculturalismo é fazê-los compreender a priori, que existem sim, as diferenças nos indivíduos e nos grupos, mas que os direitos constitucionais, direitos correlatos, deveres, compromissos, responsabilidades, são para todos sem distinção de cor, raça, religião etc. Fazê-los assimilar através de experiências teóricas e práticas que a convivência em uma sociedade democrática depende da aceitação da idéia de um todo social heterogêneo é uma realidade; assim, como também as relações interpessoais, social, política, econômica e cultural mais harmoniosa, ética e fraterna entre os povos de todas as cores, culturas, e sociedades são fatores imprescindíveis para a formação de uma identidade e do respeito à diversidade.

Segundo Hall, muitas das características presentes na cultura Jamaicana, encontram correspondência com a maneira de classificação racial existente no Brasil, que opera nas mentes a partir da associação da tonalidade da pele com a posição ocupada na estrutura sócio-econômica da sociedade. Isso torna na visão dele, indissolúveis as categorias, cor, raça e classe social na hora em que se identifica um brasileiro como preto, branco, moreno, negro etc.

A classificação do sujeito em relação à cor, raça e posição econômica e social está enraizada em contextos históricos. E, para que exista o respeito à diversidade na escola surge à necessidade básica de aceitação por parte da comunidade escolar dos agentes que interagem na unidade. Agentes esses que possuem visões de mundo e culturas diferentes. Mas para que isso se efetive, a negociação é um meio que precisa se fazer presente permanentemente, como também as concessões e a participação de todos os segmentos, nos interesses e valores contemplados no espaço público da escola.

Dentro desse contexto, interpretar quem somos enquanto coletividade e indivíduos, para obtermos o reconhecimento do qual todo o ser humano depende, é muito importante.. Na ótica de Habermas “ninguém pode edificar a sua própria identidade independente das identificações que os outros fazem dele”. Portanto, o reconhecimento pelos outros é uma necessidade humana.

Logo, promover trabalhos educativos voltados para a diversidade e identidade no âmbito escolar é uma iniciativa emergente. Identidade aqui evidenciada e relacionada ao pensamento de Hall, como um processo e não um fenômeno fixo. Processo que produz o sujeito pós-moderno conceitualizado como não tendo uma identidade permanente.