Cortesia mal-interpretada

Prólogo:

Vocês que vão ler e recomendar este texto, sejam homens, mulheres, e até irreverentes adolescentes, preparem-se. Quer precisem ou não, serão sacudidos, ficarão agitados da mesma forma e é possível que em um breve porvir saberão valorizar meu grito de alerta.

Em se tratando de comportamento humano, a cortesia pode referir-se à qualidade de uma pessoa que é cortês. Pode significar uma maneira delicada e civilizada de agir, cumprimentar ou mesmo um gesto de doação ou favor para outra pessoa. Gastón Courtois disse que a cortesia "é filha do respeito ao próximo e irmã da caridade".

Por que ou para quem estou escrevendo este texto?

Escrevo-o para todas as pessoas que fazem mal-interpretações, extensivas, de atos, palavras ou ações benfazejas. O homem sério, de boa-fé e de excelsa índole caiu na tolice ou foi tolo o bastante para elogiar uma pessoa de mente parva e por isso foi visto e execrado como sendo um galanteador barato, fútil, enxerido, inconveniente, mau caráter, pérfido e sem-vergonha capaz de “cantar” mulher alheia, que seja bem ou mal-amada.

Este texto também será muito bom, talvez excelente, para as pessoas que precisam ser orientadas, sacudidas e convencidas de que ainda existem seres humanos desprovidos de maldades, intenções escusas, não canhestras; virtuosas criaturas providas de sensatez; confiantes nas vantagens proporcionadas pelas demonstrações de urbanidade e alvissareiras cortesias quando bem interpretadas e aceitas de bom grado.

Ó mulher párvoa, que não basta ou queira apenas ser inculta e rude o suficiente para não compreender a candura e nobreza das atitudes de um homem que revela amabilidade, finura nos modos; a virtude secreta das relações sociais; as alegrias que de boa vontade queira proporcionar, elevando a auto-estima, em forma de compensação, mas sem querer jamais deixar pensar sequer haver suspeita de maldade ou segundas intenções.

Por acaso existe uma preocupação mórbida com a própria aparência? Por desejo de ser admirada? Considera-se a todo-poderosa? Acha-se tão irresistível e excessivamente pretensiosa a ponto de entender que todos os elogios, principalmente dos homens, devem ser interpretados como uma conversa envolvente, talvez atraente, para convencer ou seduzir seu espírito mesquinho, sofrido e melancólico?

Não faça isso! As mulheres lhe acharão um monstro de falsa rutilância e exibido em demasia. Os homens se afastarão com receio de pisarem na cauda da víbora feia, capaz apenas de esguichar veneno fétido e mortal para afastar os humanos de boa-fé não apenas de você, mas principalmente dos que lhe rodeiam.

Mal-interpretando ou considerando acintosas as cortesias, deferências e boas ações dirigidas a sua pessoa findará sozinha. Será consumida a fogo lento, sulfúrea chama causticante da solidão medonha, pelo próprio erro e maledicência alimentada pelo desamor a si mesma.

Para a minha doce e acrisolada Santa, leitora assídua e batalhadora mulher que se supera com a devida cautela, amável ser feminil que asperge essência de rosas exóticas quando fala, digo e repito ao ouvido delicado, se necessário for, as palavras verdadeiramente sinceras, com respeito, convincentes. Ela saberá me ouvir e compreender.

Ao superar barreiras gigantes e invisíveis, preconceitos mesquinhos, impostos pela sociedade injusta, vencer medos próprios e frustrações obliterantes, ela demonstra capacidade criativa e genialidade desconhecida e não percebida pelos que estão em sua volta.

Se vejo a Santa semideusa igual a gente é por sentir seus anseios antes dos meus. É por ela ter tido a sublime capacidade de se comunicar sem emitir palavras, pois seu espírito grandioso fala por seus olhos pontuais, que são tão serenos quanto uma noite enluarada ou uma alvorada banhada pelos raios do sol da esperança.

Sou grato pela oportunidade que ela me dá para resgatar um débito antigo que tenho comigo mesmo. Fazia tempo que eu não me sentia tão querido, útil e necessário. Espero, apenas, não a enfastiar tão cedo com meus devaneios considerados insulsos, difusos e sem graça. No mais é só deixar rolar e vê aonde iremos chegar. Quem sabe o Portal da Glória se abrirá para nos receber felizes e de mãos dadas?

Possui essa mulher sensual um espírito arguto e seletivo. Por essa sobre-humana menina-mulher nunca serei ou quem quer que seja jamais será mal-interpretado. Não é em vão que ao pensar nessa gênese do bem escrevo feliz:

De suas mãos e de forma espontânea senti o suave afago em meu rosto sério. De seus lábios bebi o doce e suave néctar em forma de fogo encorajador da esperança mútua e fraterna.

De nossos corpos emanaram os fluidos energizantes e perfumados, marcados por entusiasmos, que se misturaram na cumplicidade sólida, complacente, que nenhuma heresia, disparate, absurdo, despropósito ou maldade será capaz de macular ou por em dúvida sua benquista existência.

Nada, e tampouco ninguém, haverá de separar espíritos sonhadores e que se reencontraram para a sublime consecução de seus desígnios.

O fato é que existem distorções aos bel-prazeres dos esconsos mal-amados, vaidosos, descrentes de suas reais potencialidades; sofridas criaturas que já perderam ou estão perdendo rapidamente o brilho, viço, encanto e competência em se enxergar como gente.

A grande verdade é: no mundo massificado de hoje, onde impera a “lei da vantagem”, a sobreelevação das vaidades pejorativas e perniciosas às boas relações humanas, em que um homem não pode ser educado a ponto de fazer sequer um elogio a quem quer que seja, principalmente a uma mulher, sem ter essa cortesia mal-interpretada.

São consideradas parvoíces, apenas pelos perfeitos parvos, todas e quaisquer manifestações de urbanidades e manifestas cortesias. Para esses broncos e párvoas NÃO EXISTE mais espaço para galanteio (Fineza de espírito) desprovido, sem pretensão, de maldade.

Quando um homem escreve parágrafos, (Texto – Resposta a uma cisão) como os abaixo transcritos, ele tem um propósito edificante que só poderá ser mal-interpretado, assim como sua cortesia e fino trato, pelos ultrajantes e ignorantes que maculam brios alheios de forma graciosa, sem pejo do ridículo:

“Afirmo que é necessário aprender a amar, porquanto o amor também se aprende. Vivemos em um mundo sofrido, desnaturado, onde as provações são cada vez mais difíceis de serem suportadas pelos que não têm a realização do sentimento que se liberta do egoísmo, que se transmuda em compaixão, em solidariedade, em amor sem medo da culpa, em compreensão”.

“Todos sabemos que: "o amor é um tesouro que mais se multiplica à medida que se reparte" (Citação), entretanto, digladiam-se os familiares, as famílias, os esposos, os amantes, os amigos, os patrões com os seus empregados, e até os que se desconhecem na busca irreprimida das realizações pessoais, alicerçadas na parvoíce, na cupidez provocada pelos objetivos irrealizados ou fracassos desmedidos, obliterantes, infames, interpessoais”.

“As relações afetivas são complexas, difíceis de se harmonizarem quando o amor que se deve oferecer ao próximo, sabemos, é conseqüência natural do amor que se reserva a si mesmo, sem cuja presença muito difícil será a realização plena do objetivo da afetividade”.

Finalmente, para meus fiéis e notáveis leitores, fica o meu mais plangente apelo para que tentem compreender minhas palavras, talvez, neste momento, aureoladas pela decepção e descrença em uma meia dúzia de pessoas, mas de extrema necessidade porque viso alertar a todos sobre a melhor forma de manter crescente o pacifismo, respeito mútuo e urbanidade pela não interpretação errada de uma cortesia.

Esqueçam as frustrações e rudezas que todos nós, vez por outra, somos acometidos quando nos ofendem com força igual. Sorriam sempre e não se preocupem com as interpretações dos seus sorrisos.

Cumprimentem a todos com alegria e espontaneidade, continuem sendo corteses, gentis e amáveis; graciosos e refinados nos modos, nas ações e no falar. Isso será bom. Fará crescer. Apressará a perfeição do espírito elevando-o às esferas mais radiantes, cálidas e desprovidas do mal.

Não esqueçam jamais: muitas vezes, uma simples saudação, alegre e espontânea faz alegrar um espírito sofrido, eleva a auto-estima de alguém e é capaz de mudar radicalmente uma opinião a seu respeito.