CRUELDADE E SENSACIONALISMO

Já faz algum tempo que todos nós estamos percebendo uma modificação na atitude, na reação e na capacidade mórbida e cruel do se humano. Hoje mais do que nunca quase todos se perguntam, o que leva um ser humano a ser tão cruel? O que leva um ser humano a cometer tamanhas atrocidades? Sejam elas físicas ou psicológicas?

O que se percebe é que o ser humano está se tornando, ou melhor se mostrando ser um bicho, um animal feroz incontrolável, sem querer ofender os nossos queridos animais, que se entendem e mata apenas para se alimentar ou para se proteger. A ganância, a luxúria, o egoísmo, o ciúme, a gana de ser o melhor são o lema deste tipo de gente, que passa por cima de quem for, para alcançar seu objetivo, matar para eles é apenas uma maneira mais fácil de chegar ao topo, à destruição moral é visível a olho nu.

O homem está se tornando tão desprezível, que chega a doer quando constatamos esta realidade, é claro que não podemos e nem devemos generalizar, mas infelizmente a maioria age desta forma. Culpa-se muito a família, mas particularmente eu não acho que seja assim, é óbvio que existem os pais que colaboram bastante para que os filhos sigam caminhos que na maioria das vezes não tem volta. Mas não dá para atribuir a má conduta de uma pessoa à família, em quase todas o número de filhos não é pequeno, mas todos eles são criados no mesmo ambiente, é lhes dada a mesma educação, e cada um segue seu caminho o que é normal, o que é importante perceber e entender é que o ser humano quando nasce, nele já existe a semente da personalidade, da índole, a medida que ele vai crescendo, tudo isto vai desabrochando, é claro que uma criação consciente é indispensável, mas existe também o livre arbítrio e este é intransferível, cada um de nós escolhe o seu caminho seja ele pelo bem ou pelo mal, e dentro desta escolha vamos construindo a nossa vida.

A falta de escrúpulos e a adoração pelo bem material, acabou tirando do ser humano a sensibilidade, e o que prevalece é a falsa moral, incentivando a brutalidade, a violência e a animalidade dormente em todos nós. Estamos perplexos com os crimes bárbaros que estão sendo cometidos principalmente contra crianças, e em meio a tudo isto a reação também violenta da população, não deixa de nos assustar. É claro que uma grande comoção e uma atitude de solidariedade são extremamente necessários, as famílias em questão precisam, querem e aceitam todo o tipo de homenagens sinceras e pacíficas.

Mas não é bem isto que vem acontecendo, e até certo ponto é compreensível, visto que a impunidade prevalece em nosso país. O povo se rebela e torna-se furioso, desejando ardentemente fazer justiça com as próprias mãos, intimidando de qualquer forma possível os acusados e seus familiares. Mas mesmo com toda esta indignação é preciso entender que violência gera violência, e que toda esta reação está se tornando uma enorme bola de neve, e ela não tem nada que a impeça de rolar, a violência está viva em todos os lugares e em quase todas as situações, tanto físicas quanto psíquicas.

Mas o caminho não é este, precisamos direcionar a nossa indignação e desejo de justiça para outro lado e de outra forma, usar esta nossa força como um paliativo, como num momento de raiva que soltamos um grito e nos aliviamos, e pouco depois voltamos a sentir aquela mesma raiva, porque o grito não resolveu o problema, apenas nos aliviou momentaneamente. É preciso chegar a causa, pois o efeito já é sentido na pele por todos nós de uma forma ou de outra, direta ou indiretamente. E como não poderia ser diferente, isto também depende da política, ou melhor dos políticos, diretamente do poder Legislativo. As leis do nosso país foram elaboradas e aprovadas em 1940 e nada foi mudado até hoje. Talvez não seja interessante para os políticos renovar e modificar o Código penal, com certeza da forma como ele funciona os nossos queridos políticos devem ter alguma vantagem por isto não deve ser interessante uma modificação.

O que se percebe é uma falta de respeito tão grande com o ser humano que é inocente, que paga seus impostos e que procura viver da melhor forma possível, que nos causa náusea. Uma pessoa que rouba uma galinha fica detido por não sei quantos anos, não que ele não tenha culpa, claro que tem qualquer tipo de roubo não pode ser aceitável, mas o que nos deixa indignados é que este na maioria das vezes nem consegue defesa, mas o criminoso, o mais perigoso, tem todos os privilégios possíveis e uma quantidade de recursos que nós pobres mortais não conseguimos entender. Tudo isto só aumenta o sensacionalismo de vários seguimentos da imprensa e de boa parte dos populares, o povo pede justiça, mas a forma como a maioria age perante este pedido não condiz com o significado da palavra e sim com a possibilidade de expor sua imagem em um programa de televisão.

Ao contrário de tudo isto, o que acontece no país com relação as leis e a “justiça” é muito sério, em muitos casos o que vemos é o inverso, quem mata, quem rouba ou está solto, ou então pode até ser preso, mas na prisão sua passagem é bem curta. Ou então mesmo que ele permaneça preso, é muito fácil comandar e controlar gangues aqui do lado de fora, se é que podemos dizer que vivemos do lado de fora. Quantas vezes pessoas inocentes são presas por engano, e sofre muito até que consiga provar sua inocência, isto quando ele consegue.

É preciso uma mudança radical às leis existentes e vigentes no país, da forma como funcionam leva o povo a total incredibilidade perante o sistema, é difícil acreditar na justiça que na maioria das vezes não acontece. O criminoso por sua vez também age sem se preocupar com qualquer problema que ela possa vir a ter com as autoridades policiais, ele sabe que terá apoio nas leis que estão mais a seu favor do que contra, e mesmo que ele seja preso, também não haverá problema pois ele continuará a agir com toda certeza.

Já passou da hora desta mudança, a prisão perpétua, a certeza que a justiça seja realmente feita, que tantos e tantos recursos que só beneficiam os condenados diminuam, já é um bom começo e um ótimo caminho para que as autoridades responsáveis recuperem pelo menos um pouco do respeito que perderam perante a nação.