ESTRADAS DO MEU BRASIL

Desprezando todos os conselhos resolvi fazer uma viagem de carro até Boa Vista, no vizinho estado de Roraima. A estrada é apenas um espelho do descaso com as rodovias que grassa em todo território nacional. Conservação péssima, com buracos do lado de fora esperando vaga pra entrar, sinalização inexistente e surpresas de todo tipo.

De Manaus até Presidente Figueiredo ainda é possível transitar sem muitos percalços. Dali pra frente a estrada propriamente dita começa a desaparecer. Na reserva indígena carros em movimento lento procuram desviar buracos enquanto procuram restos de asfalto para se apoiarem. O pior de tudo, há trechos bons de alguns quilômetros que animam a acelerar. De repente, sem mais nenhum aviso, surgem crateras no meio da pista. Alguns buracos alagados dão a falsa impressão de serem rasos. Quem se iludir com isso terá a suspensão do carro quebrada, ao entrar acima de 30km por hora.

A BR 174 é uma rodovia internacional. Única comunicação por terra com o Caribe, deveria receber uma atenção melhor. Construída em sua maioria sem a base necessária para suportar as chuvas do inverno tropical, mesmo com o tráfego pífio não conseguem mantê-la em condições de boa trafegabilidade. É a velha história do pau que nasce torto.

O Amazonas tem um senador que foi nomeado Ministro dos Transportes pelo Governo do presidente Lula. O ministro, de tradições nordestinas e, portanto, mais acostumado com estradas, já cometeu muitos tropeços no que se refere à manutenção de portos e aeroportos. Havia uma expectativa que, pelo menos em um aspecto, o estado seria beneficiado por ter no ministério alguém que se supunha conhecer o Amazonas.

A BR 319 é um caso ainda mais calamitoso. Implantada na década de 70, está em piores condições hoje que na época da implantação. Nem com carros off road pode ser utilizada no todo. Pior de tudo são os ecoxiitas que simplesmente proíbem a manutenção dela. Como o governo do presidente Lula e, por extensão o ministério do senhor Alfredo Nascimento, são reféns de ONGs de duvidosa intenção, a coisa vai ficando para depois, na dependência de um despacho favorável por parte do STF. É possível que quando este despacho acontecer já haja argumentos novos para entravar a recuperação daquela rodovia.

As únicas rodovias transitáveis neste país são as que foram privatizadas, salvo raras exceções. Assim se consolida a fama de mau administrador que costuma acompanhar os governos. O governo que é pródigo na criação de impostos, na complicação da burocracia é inoperante para facilitar o dia a dia de sua população.

Dessa maneira, resta à população que viaja, enfrentar aeroportos congestionados, tarifas escorchantes e horários mutantes. Aqueles que, por aventura, se atreverem a enfrentar estradas é bom se prepararem com mais alguns pneus de reserva, ferramental completo de mecânico, cursos de manutenção de veículos, mochilas com água e comida extras.

Ah, sim. É aconselhável passarem por uma igreja antes e acertarem as contas com o Altíssimo. Pode acontecer de encontrá-Lo antes do previsto.

Luiz Lauschner – Escritor e empresário

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Luiz Lauschner
Enviado por Luiz Lauschner em 17/11/2008
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