"Política, Verdades, Mentiras e Corrupção" - ( Parte LI )

Corruptos Ativos

O grande problema dos corruptos é que acima de tudo, eles são presunçosos, incautos e não desaceleram nunca.

Não conseguem viver com o suficiente do que ganham honestamente.

Agem na calada da noite ou nos bastidores a qualquer hora do dia e, pelo excesso de confiança na impunidade terminam escancarando, dando-se a conhecer aos delatores de plantão.

Querem mais e mais, e com isso acabam deixando rastros. Não é difícil descobri-los é só uma questão de tempo.

Eles trilham por caminhos onde muitos outros desonestos já trilharam. Suas pegadas são inconfundíveis. Simplesmente, têm em comum o rastro do dinheiro.

Embora todos tenham uma característica própria, nunca agem sozinhos.

Precisam e acabam ostentando mais do que deveriam. Ficam reféns dos que os cercam e dos que os bajulam.

Arriscam-se, achando que o próximo ganho vai ser melhor do que o anterior.

Acabam deixando aborrecidas as esposas ou as amantes por descobrirem-se traídas, e com isso colocam em risco muitos de seus segredos.

As Secretárias, os grampos telefônicos e as denúncias anônimas deixam-nos vulneráveis.

Enquanto impunes, são impecáveis nos seus propósitos. Facínoras sim, mas acima de tudo verdadeiras águias que colocam toda a sua imaginação a serviço do crime.

Mestres em armar esquemas. Verdadeiros artistas a serviço das falcatruas. Gentis e convincentes dão nó em pingo d’água e fazem coisas que até o diabo duvida.

Corajosos e intrépidos nas suas atitudes, se acham acima do bem e do mal. Tentam comprar a tudo e a todos, articulando e tentando expandir assim o seu território de ação.

E finalmente quando descobertos conseguem adiar, indefinidamente, seus julgamentos, constituindo advogados hipócritas, transformados em inocentes úteis, por uma boa bolada do dinheiro sujo. Estes advogados conseguem destrinchar e impetrar um punhado de recursos que os colocam em liberdade.

“Salve os Hábeas-Corpus e reverencie-se a chamada presunção da inocência”.

Quando estávamos prestes a concluir este artigo, eis que nos defrontamos com as manchetes dos jornais que estampavam as seguintes notícias:

INSS – Fiscal é libertado e raspa cofre de banco. Um dos Auditores assim que se viu em liberdade, tratou de retirar tudo que estava em um de seus cofres no Banco do Brasil.

Eis o restante da manchete: A Justiça mandou soltar seis Auditores Fiscais da Previdência Social, envolvidos em fraudes, que envolve um rombo de R$ Três bilhões nos cofres da Previdência.

Na decisão que libertou os seis fiscais, um Juiz relator do Hábeas-Corpus alegou que, “Não fazia sentido manter os servidores presos enquanto os empresários que supostamente os corromperam não foram detidos nem processados. Livres e ilesos, estão no gozo de benesses de parcela considerável dos eventuais produtos dos crimes cometidos pelos auditores fiscais, usufruindo, quiçá, finais de semana em suas casas de campo ou praia, seus carros, suas lanchas etc...” Escreveu o Juiz em seu relato.

Meu Deus! Quanta sandice!

Se formos por essa linha de raciocínio, a Analogia, a Jurisprudência e o Bom Costume, consagrados no Direito ficariam extremamente envergonhados por essa Salomônica decisão. Senão vejamos: Partindo desse princípio, todo bandido que cometesse algum tipo de crime, também deveria aguardar em liberdade, considerando que o eventual mentor da trama estaria em liberdade, gozando das benesses parecidas ou iguais àquelas descritas, acima, pelo Exmo. Juiz relator. Na realidade, alguém só deveria ficar trancafiado quando o chefe da quadrilha estivesse também enquadrado.

Ficaria mais uma vez consagrada a famosa “Presunção da Inocência”.

O Código Penal teria que ser reescrito e o mundo do crime estaria em festa.