20 de NOVEMBRO, DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA : E AMANHÃ ? PREOCUPAÇÃO VERDADEIRA OU DEMAGÓGICA ?

Desde a criação do feriado para comemoração do DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA, no Rio de Janeiro , tenho me perguntado porque as pessoas da minha cor se sentem tão lisonjeadas com este evento.

Confesso, não querendo ser estraga prazer, que, como alagoana, dentro dos meus parcos conhecimentos , nunca encontrei as razões que justifiquem este quase “ presente de grego”.

Negros, brancos, amarelos e todos de todas as tonalidades têm o direito de descansar, admito, mas , perdoem – me aqueles que recebem o fato como uma homenagem à raça, parece-me muito mais demagogia do que verdadeiramente um reconhecimento a ZUMBI DOS PALMARES e a nós, os negros.

É muito bonito parar parte da cidade, no dia 20 de novembro... É muito bom muita gente descansar , passear com seus familiares, mas AMANHÃ o que dirão sobre a tão decantada , HOJE , “CONSCIÊNCIA NEGRA” ? E os outros 364 dias do ano, onde fica a CONSCIÊNCIA a favor dos negros ?

O que gostaríamos de ver, hoje, 20 de novembro, era os adultos de todas as cores com um emprego decente para fazer face as despesas com suas famílias, os jovens com boas escolas e bons professores, crianças com esperança de um futuro melhor, bem assistidos no campo da saúde, educação, com boa alimentação etc.

Nós merecemos muito mais, quando menos, um tratamento digno a vida inteira.

Após estas palavras de desencanto, dirigidas, não baseadas na minha vida, mas de todas as outras pessoas que não tiveram as mesmas oportunidades que tenho, graças aos esforços que nunca medi para conquistar um mundo melhor, deixo um pouco da vida de ZUMBI DOS PALMARES, pedindo desculpas pelo desabafo, não sei se justificável para muitos leitores, mas por um amor infinito aos meus semelhantes, meus irmãos brasileiros de todas as raças, cores e religiões.

ZUMBI

ZUMBI era o chefe do quilombo dos Palmares, na fase final deste. Também era conhecido como ZAMBI, que significava Sertanismo de Contrato: Ação de bandeirantes e sertanistas contratados pelo governo – geral do Brasil, para submeter tribos indígenas hostis à colonização ou para destruir o quilombo de Palmares.

Era sobrinho do rei Ganga-Zumba, a quem sucedeu. Durante o reinado do tio, era “general das armas” dos quilombolas, e quando Ganga – Zumba foi derrotado pelas forças do governador de Pernambuco, em 1678, aceitou a paz.

ZUMBI e outros chefes não se renderam . Reagrupou seus homens entre os quais estava a “melhor gente”, a mais confiável do quilombo, e passou a desenvolver uma luta de guerrilhas, protelando um combate decisivo em condições de inferioridade.

Quando o bandeirante Domingos Jorge Velho chegou aos Palmares, em 1692, foi derrotado por ZUMBI.

Para melhor entendimento do que acabamos de citar, Domingos Jorge Velho era um bandeirante brasileiro, ativo no ciclo da caça ao índio, e, depois no do gado, no Quilombo de Palmares, de Pernambuco e Piauí, quilombos, sertanismos de contrato, morto em 1703.

Um ano depois, refeitos da derrota, paulistas, alagoanos e pernambucanos cercaram o quilombo. Zumbi e seus comandados romperam o cerco de madrugada, tomando um caminho que contornava um precipício. Surpreendidos no final da fuga e atacados, cerca de duzentos negros rolaram pelo abismo e durante séculos acreditou-se que o próprio ZUMBI estivesse entre eles.

Na verdade, ZUMBI conseguiu escapar e continuou a arregimentar combatentes para a resistência, mas acabou sendo traído.

Seu esconderijo foi descoberto e o guerreiro morreu lutando em 20 de novembro de 1695, juntamente com cerca de vinte quilombolas que o seguiam.

Ainda como ilustração, registramos que há uma lenda que afirma que ZUMBI teria tido um gesto teatral, preferindo matar-se a entregar-se ao cativeiro, mas isso não corresponde à verdadeira figura histórica do resistente negro.

Obs.: Há mais de três décadas, o escritor JOÃO FELICIO DOS SANTOS, autor de várias obras literárias, escreveu um livro intitulado “GANGA – ZUMBA”, que pouco tempo depois foi transformado no roteiro de um filme, com o mesmo nome, que alcançou grande sucesso de público e de crítica, sendo o próprio

autor , João Felício dos Santos, o intérprete de um “vigário” que fazia parte do enredo.

Pesquisa: Enciclopédia UNIVERSO – Volumes 4, 10 e 12.

João Felício dos Santos era também jornalista, trovador e sonetista, nascido no dia 14 de março de 1911 e falecido na década de 90.

É de sua autoria as Trovas abaixo:

Em certas lágrimas mora

a perfídia requintada

do carro de bois que chora

machucando o chão da estrada.

Ninguém pense que faz falta

aos outros! Não é verdade.

O próprio tempo ressalta

a nossa inutilidade !

Um grande abraço para todos da amiga de sempre,

Maria Nascimento Santos Carvalho

Maria Nascimento
Enviado por Maria Nascimento em 21/11/2008
Reeditado em 21/11/2008
Código do texto: T1294962